Por José Carlos Pereira (*)
Aproveito o estudo do Wall Street Jornal, que refere que a quantidade excessiva de software ‘legacy’ nas empresas representa um problema “invisível” de 1.52 mil milhões de dólares.
Por detrás de milhões de linhas de código e milhares de aplicações, estão correções rápidas, “work arounds”, código obsoleto, lógica pouco eficiente, que sobrecarregam os sistemas atuais. Este fenómeno, conhecido como dívida técnica ou technical debt, reflete-se nos sacrifícios realizados no desempenho futuro para satisfazer e endereçar determinadas exigências e prazos do presente. Por exemplo, a manutenção adiada de uma aplicação em prol de outros projetos ou prioridades, resulta, inevitavelmente, em custos elevados a longo prazo, quando esta já não pode ser evitada ou quando a aplicação se revela ineficiente para as novas exigências do negócio ou dos utilizadores. Em casos extremos, a estratégia futura terá mesmo de passar por abandonar o software e começar de novo, desenvolvendo uma nova aplicação de raiz, com o objetivo de evitar, pelo menos num primeiro instante, o acumular contínuo desta dívida técnica.
A divida técnica é “invisível”, mas um problema comum!
Uma grande quantidade de sistemas e de aplicações críticas para o negócio estão a ser mantidas em modo “suporte de vida” porque o custo/esforço de mudança é elevado, para não falar do risco. No entanto, tentar manter sistemas obsoletos resulta, frequentemente, em tempos de inatividade e na necessidade contínua de correções morosas, que consomem recursos e continuam a aumentar a dívida técnica. Para além disso, tecnologias obsoletas carecem de conhecimento técnico específico, cada vez mais raro (por se tratar de tecnologias descontinuadas) e de custo elevadíssimo. A perda de conhecimento é outra das grandes fatias da “divida técnica” que não pode ser descurada.
Ao carregar esta “dívida” às costas, dificilmente as organizações poderão modernizar-se, ser ágeis e adaptáveis a novas realidades de mercado. E já sabemos que uma organização que não se consiga adaptar rapidamente a novas realidades e necessidades, corre o risco de ser facilmente ultrapassada pela concorrência.
A tensão e gap entre IT e negócio aumenta. Já todos sentimos esse gap nas nossas organizações, certo? Aquele sistema que me faz “perder tempo”, aquela informação ou dado que não consigo obter de forma fácil ou imediata, enfim… os exemplos são mais do que muitos.
É neste cenário que o desenvolvimento de software, utilizando tecnologias low-code, se assume como um novo paradigma e uma solução fiável para combater, ou mesmo eliminar, a divida técnica.
Adotar ferramentas modernas de programação, baseadas em low-code, que permitem desenvolver software critico de uma forma ágil e rápida. Simplificar o dia-a-dia dos programadores, onde a inteligência artificial generativa combinada com as ferramentas low-code é já um enorme facilitador. Reduzir custos de desenvolvimento, mas também de manutenção das aplicações. E, acima de tudo, acrescentar agilidade ao negócio, revolucionar processos, reduzir o time-to-market ou melhorar a experiência do utilizador, são alguns dos grandes benefícios da adoção de uma estratégia de substituição de legacy e modernização aplicacional suportada em tecnologias low-code.
As organizações que não incorporarem soluções e tecnologias low-code no seu landscape aplicacional, com uma dívida técnica acumulada crescente, irão perder competitividade que, progressivamente, apenas adensará o problema. Ao usarmos as tecnologias low-code, onde a criação de aplicações, com base num paradigma visual e ‘drag and drop’, acelera o processo de desenvolvimento e manutenção aplicacional, é possível desenvolver aplicações muito mais rápido do que com os métodos tradicionais de programação. Estas tecnologias oferecem componentes reutilizáveis e automatizam tarefas rotineiras, o que minimiza erros e reduz a probabilidade de introduzir ou aumentar a dívida técnica.
O low-code não é uma solução milagrosa para eliminar a 100% a dívida técnica, porém, como o código gerado através destas plataformas é mais padronizado e documentado, a manutenção contínua e a correção de problemas é bastante mais facilitada. A pressão para entregar cada vez mais rápido e reduzir o time-to-market é cada vez maior e a eficiência natural do low-code permite que as equipas criem aplicações mais rapidamente e com maior qualidade.
Em suma, a crescente prevalência da dívida técnica nas empresas, como destacado pelo Wall Street Journal, impõe desafios significativos que afetam diretamente o desempenho futuro e a competitividade das organizações. A implementação de soluções low-code emerge como uma estratégia promissora para mitigar parte da dívida técnica, acelerar o desenvolvimento, reduzir erros e facilitar a manutenção contínua.
(*) Low-Code Solutions Director na Noesis
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