Por Francisco Jaime Quesado (*)
Faz treze anos que morreu Diogo Vasconcelos. Diogo Vasconcelos foi sobretudo um exemplo. E os exemplos mais do que nunca importam em Portugal neste tempo de crise. Diogo Vasconcelos soube como ninguém dar o seu melhor pelo projecto de um Portugal Inovador e Ambicioso e a honra dos que como eu fizeram parte do seu círculo de amigos mais próximos vai ficar para sempre na memória das coisas que vale sempre a pena recordar. Diogo Vasconcelos era uma pessoa com uma inteligência rara, uma visão única do futuro, que dedicou toda uma vida de conhecimento e sabedoria a interpretar a realidade dum país que amava e que sabia que não se conseguia encontrar com o futuro.
Diogo Vasconcelos era um homem da Inovação. A falta de ambição e de um sentido de futuro, sem respeito pelos fatores tempo e qualidade não era para Diogo Vasconcelos tolerável nos novos tempos globais. Segundo as suas sábias palavras, precisamos de novas ideias, de novas soluções, de projectar na sociedade o exercício da responsabilidade individual de forma aberta e participada. O Diogo era um homem onde a vontade de fazer coisas novas e diferentes corria à velocidade do tempo. Diogo Vasconcelos soube melhor do que ningém interpretar o sentido do tempo e a importância de se ser diferente num mundo onde tudo é cada vez mais igual.
Diogo Vasconcelos era um homem da sociedade do conhecimento. A ausência da prática de uma cultura de cooperação tem-se revelado mortífera para a sobrevivência das organizações e também aqui Diogo Vasconcelos foi sempre muito claro. Na Sociedade do Conhecimento sobrevive quem consegue ter escala e participar, com valor, nas grandes redes de decisão. Num país pequeno, as empresas, as universidades, os centros de competência políticos têm que protagonizar uma lógica de cooperação positiva para evitar o desaparecimento. Por isso, importa potenciar e verdadeiramente reforçar uma capacidade positiva, com dimensão estratégica capaz de se consolidar a médio prazo.
Diogo Vasconcelos defendia que cabia às empresas o papel central na criação de riqueza e promoção duma cultura sustentada de geração de valor, numa lógica de articulação permanente com Universidades, Centros I&D e outros actores relevantes. São por isso as empresas essenciais na tarefa de endogeneização de activos de capital empreendedor com efeito social estruturante e a “leitura” da sua prática operativa deverá constituir um exercício de profunda exigência em termos de análise. Tendo sido as empresas um dos actores fortemente envolvidos nas dinâmicas de financiamento comunitário ao longo destes últimos trinta anos ressaltam indícios de défice de “capital empresarial” em muitos dos protagonistas envolvidos. Torna-se por isso imperativo apostar numa agenda de mudança.
Diogo Vasconcelos foi a voz mais genial e inovadora de uma geração. Uma geração que não se resigna à passividade e que sempre pactuou pela ambição da diferença. Conheci o Diogo em plena vida universitária e partilhámos durante todos estes anos experiências e cumplicidades únicas. A vida do Diogo foi uma vida rápida mas com sentido. Todos nós nos podemos orgulhar de ter feito parte dela. Tenho muito orgulho em ter sido amigo do Diogo e de ter no seu exemplo um referencial único que faz neste tempo de crise e de incerteza dar algum sentido à vida.
(*) Economista e Gestor – Especialista em Inovação e Competitividade
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