Por Sara Loja (*)
Celebra-se a 28 de abril o Dia Internacional das Raparigas nas TIC, em mais de 150 países em todo o mundo. O grande objetivo é encorajar as jovens a prosseguir estudos e carreiras no setor tecnológico, alertando e abrindo caminho para a criação de mais oportunidades.
Apesar de achar que há todas as condições para receber mais mulheres nas TIC, porque é que isso não acontece mais? Na realidade, existem já bons sinais do empenho das empresas em atrair jovens licenciadas para as áreas tecnológicas, e prova disso é o progresso lento mas estável das percentagens da diversidade de género nas grandes tecnológicas. Numa área onde a média ronda os 12%, na Volkswagen Digital Solutions, por exemplo, representamos já 25% da força de trabalho.
Há também cada vez mais mulheres em posições de liderança, contudo, algo que ainda não se vê muito são mulheres em posições de liderança nos departamentos especificamente tech.
Já muito tem sido falado sobre o tema, nomeadamente sobre o papel da sociedade. As escolas, por exemplo, que têm um desempenho fundamental na formação de jovens, são pouco presentes quando falamos em tecnologias. E isso seria determinante para as mulheres em especial, porque ao atingirem uma maior maturidade mais cedo, decidem o seu caminho também mais cedo com base no que lhes é ensinado e no que vêm aplicado no dia a dia.
Estas áreas deveriam ser lecionadas ao longo do ensino básico, onde os jovens pudessem perceber o mundo das TIC e as suas áreas de aplicação, na sociedade e no comércio, mais cedo. Seria mais fácil também sensibilizar para a importância da segurança dos seus dados nas aplicações e jogos e atividades quotidianas.
Sabemos, porém, que uma alteração desta dimensão no ensino não será célere ou simples, e mesmo que comecemos já a mudar o modelo de educação, não conseguiremos dar resposta às necessidades que sentimos diariamente para a falta de talento feminino no presente, pelo que importa que cada mulher nas suas funções, e dentro da sua rede de atuação e influência, lidere para alterar a dinâmica vigente.
Como CISO (Chief Information Security Officer) da Volkswagen Digital Solutions tento mudar este paradigma e abrir caminho para as raparigas que escolham seguir este percurso, como exemplo de percurso profissional de mulher líder nas tecnológicas.
E afinal porque é que é tão fundamental ter mais talento feminino no setor das TIC?
Porque as mulheres têm um pensamento muito lógico e criativo, e é puxando pela criatividade dos outros que acabam por surgir soluções inovadoras tão importantes neste setor.
Porque toda a educação que tivemos foi para sermos boas profissionais o que acaba por nos tornar mais corporativas, menos autoritárias e mais colaborantes, mais acolhedoras e com características muito próprias de saber trabalhar em equipa.
Porque ter mulheres em cargos de direção nas empresas ajuda a criar boas culturas, ou a alterar culturas já existentes.
O conselho que dou às raparigas e mulheres com vocação ou carreira nas TIC é acima de tudo confiarem e traçarem o seu caminho na área de interesse, não só através do ensino formal, como também envolvendo-se em iniciativas e ofertas educativas da sociedade civil e das empresas, e conhecer as comunidades que já existem, como por exemplo Portuguese Women in Tech (PWIT).
Às organizações, com vista a criar oportunidades que permitam suavizar a discrepância de números entre homens e mulheres nas áreas tech, cabe criar programas de incentivo e consciencialização sobre oportunidades de carreira nas tecnologias, bem como campanhas de informação sobre as áreas de aplicação direcionadas ao ensino básico e secundário, e também fazer pressão e criar movimentos junto das entidades competentes para a falta de profissionais na área com especial foco nas mulheres.
(*) Chief Information Security Officer (CISO) na Volkswagen Digital Solutions
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