Por Sérgio Nunes (*)

O mercado de data centers está em franca expansão, sendo possível verificar um movimento substancial em direção aos mercados secundários e emergentes, com inquilinos essencialmente de data centers hiperscale e edge. E desta forma, Portugal acaba de entrar na rota dos grandes investidores deste segmento.

Este mercado tem se desenvolvido significativamente nos últimos anos devido à crescente procura por serviços digitais, à expansão do e-commerce, à necessidade de armazenamento de dados por parte das organizações, proteção de dados e segurança cibernética. Devemos também referenciar que a crescente utilização da Internet e a mudança para o 5G provocaram um aumento  da procura por dados e  serviços de data center no nosso país.

Existem quase 900 megawatts em construção na Europa. O crescimento nos mercados secundários foi um dos marcos do ano passado, devido ao aumento de interesse em mercados como Madrid, Lisboa e Milão, entre outros. Por outro lado, Amesterdão, Frankfurt e Dublin tornaram-se cidades em que os data centers começaram a ser regulamentados de forma mais clara, com o objetivo de reduzir a pressão sobre as redes elétricas locais e incentivar o desenvolvimento de novas plataformas mais sustentáveis.

A verdade é que Portugal tem vantagens muito evidentes neste mercado. O nosso país é servido por cabos de dados marítimos que despertam o interesse dos grandes operadores de data centers. Tem, também, uma excelente conectividade com existência de fibra ótica, um nível de segurança elevado, uma excelente cobertura de telecomunicações, uma localização estratégica entre África, América e Europa, baixo nível de catástrofes naturais e disponibilidade energética.

Isto tem feito com que as empresas deste setor recorram a consultoras imobiliárias especializadas para que estas apresentem soluções de ativos industriais (terrenos, ou antigas instalações - greenfields e brownfields), para reestruturação ou reabilitação, de forma a instalar as suas novas plataformas.

É por estes fatores que vemos nascer projetos como Data Center SINES 4.0. A 26 de Abril 2022, a empresa responsável começou a construção da primeira fase do SINES 4.0, um campus de data center Hiperscale de 495megawatts, localizado em Sines, Portugal, um projeto com uma dimensão de investimento de 3,5 mil milhões de euros.

O edifício será um dos maiores campus de data center na Europa, 100% verde e quando estiver concluído, em 2027, terá 9 edifícios (o primeiro edifício com 15megawatts e os restantes 8 edifícios com 60 megawatts cada). O projeto está muito bem conectado, aproveita a posição geográfica estratégica de Sines, com a ajuda de novos cabos submarinos: EllaLink (ligando Portugal à Madeira e América do Sul, Equiano 2Africa (ligando todo o continente africano à Europa através de Portugal) e o Medusa (ligando o Mediterrâneo). O objetivo deste data center é satisfazer a procura crescente das grandes empresas internacionais de fornecimento de serviços tecnológicos para streaming, redes sociais, comércio eletrónico, jogos, educação online, videoconferência e outras aplicações de processamento e armazenamento de dados para empresas.

Com a chegada de projetos de grande escala a Portugal, o mercado ficará mais desenvolvido e competitivo, o que representa uma oportunidade significativa para o país em termos de avanços tecnológicos, um maior acesso e controlo de dados. Além disso, a ampliação do mercado irá trazer benefícios socioeconómicos substanciais, como a criação de novos empregos diretos e indiretos.

(*) Head of Industrial, Logistics & Land na Cushman & Wakefield Portugal

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