Por Francisco Jaime Quesado (*)
Estamos quase a começar um novo ano. E entre outros são muitos os desafios que a área digital tem pela frente neste novo tempo que irá começar. Desde que o digital passou a estar presente no nosso dia a dia, a economia passou a ser confrontada com uma agenda de valor cada vez mais competitiva e global e a sociedade com a necessidade de fazer um compromisso permanente entre o acesso a uma informação sempre disponível e a preservação dum espaço privado sempre importante. A partir de 2024, que desafios temos pela frente no admirável mundo digital?
A construção duma agenda digital é um desafio complexo e transversal a todos os actores e exige um capital de compromisso colaborativo entre todos. Com o digital a nossa sociedade mudou muito e o grau de liberdade de participação das pessoas ganhou uma dimensão nunca antes possível – a informação passou a estar disponível a todo o momento e a ser a base de novas plataformas de inteligência estratégica, dinamizadoras de novas redes de colaboração e de novas soluções para os novos problemas que surgiram. O digital veio acelerar a capacidade e ritmo de execução num contexto de competência cada vez mais exigente.
Apesar do enorme progresso registado com o digital, os sinais empíricos evidenciam uma leitura menos positiva do comportamento de muitas sociedades em termos dos requisitos que a inovação e a criatividade implicam. A consolidação duma sociedade digital moderna implica, antes de mais, saber responder às seguintes questões:
- Qual o caminho a dar às TIC enquanto instrumentos centrais duma política activa de intervenção pública como matriz transversal da renovação da nossa sociedade ?
- Qual a forma possível de fazer das empresas (e em particular das PME) os actores relevantes na criação e valor e garantia de padrões de qualidade e vida social adequados, num cenário de crescente deslocalização económica?
- Qual o papel efectivo da educação como quadro referencial essencial da adequação dos actores sociais aos novos desafios da sociedade do conhecimento? Os atores do conhecimento de que tanto se precisa são educados ou formados?
- Qual o papel do I&D enquanto área capaz de fazer o compromisso necessário entre a urgência da ciência e a inevitabilidade da sua mais do que necessária aplicabilidade prática para efeitos de indução duma cultura estruturada de inovação?
- Qual o sentido efetivo das políticas de empregabilidade e inclusão social enquanto instrumentos de promoção dum objectivo global de coesão social? O que fazer de todos os que pelo desemprego se sentem cada vez mais marginalizados pelo sistema?
Pretende-se desta forma criar as condições para a qualificação em rede dos diferentes atores que dinamizam esta sociedade digital, proporcionando uma verdadeira “agenda de modernidade”, participativa e apostada no novo paradigma da competitividade, essencial para a criação duma oportunidade nacional na economia global. O digital ganha desta forma um estatuto central na mudança do paradigma de desenvolvimento da sociedade, materializado no compromisso entre coesão social e competitividade.
Conforme referia um conhecido pensador na revista inglesa – WIRED – este é o tempo para a informação se assumir duma vez por todas como a base de uma nova inteligência estratégica que mobilize a sociedade para um novo contrato colectivo de confiança, em que a autonomia individual se assuma como a base de uma nova diferença. O novo ano digital poderá e deverá dar um contributo essencial para essa agenda.
(*) Economista e Gestor – Especialista em Inovação e Competitividade
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