Por Carlos Santos (*)

A transição global para a economia digital significa que as operações de governos, infraestruturas críticas, empresas e indivíduos estão agora integradas num sistema de recursos interligados. Desde o comércio e a banca até à prestação de serviços críticos e à gestão de redes de transporte internacional e energia, tudo está online, e muitos dos seus recursos subjacentes, como as cadeias de abastecimento, são interdependentes. As disrupções digitais podem ter implicações a longo prazo, afetando a vida e o bem-estar de praticamente todos.

O cibercrime representa um risco significativo para este novo mundo digital, afetando desde indivíduos e empresas até à infraestrutura crítica e aos governos. No Global Risks Report de 2024, o World Economic Forum identificou a desinformação/propaganda impulsionada por IA e a insegurança cibernética como alguns dos principais riscos que a comunidade global enfrenta. O fórum também salientou que o cibercrime é agora a terceira maior economia do mundo, depois dos Estados Unidos e da China. Mas o seu potencial impacto vai muito além das perdas financeiras. Além dos danos diretos, o cibercrime cria uma enorme barreira à confiança digital, inferioriza os benefícios do ciberespaço, aumenta a desigualdade global e dificulta os esforços internacionais de ciber-estabilidade.

Um Desafio Global Requer uma Resposta Global

Apesar da gravidade do desafio do cibercrime, os esforços para combater as atividades dos cibercriminosos até à data têm sido em grande parte descoordenados e fragmentados. Embora existam certamente organizações e fornecedores empenhados em combater os cibercriminosos, os esforços isolados têm dificuldade em fazer mossa nos esforços concertados dos cibercriminosos altamente organizados de hoje. Para enfrentar este desafio, o World Economic Forum criou o Centro de Cibersegurança, em janeiro de 2018, uma coligação entre organizações públicas e privadas que trabalham para construir um ciberespaço global seguro.

No entanto, desde a sua fundação, a necessidade de uma resposta coordenada ao cibercrime tornou-se ainda mais urgente. Em resposta, o Centro de Cibersegurança criou a comunidade Parceria contra o Cibercrime. E a sua primeira iniciativa, anunciada em janeiro de 2023, e liderada pelos parceiros Fortinet, Microsoft, PayPal e Santander, foi construir o Atlas do Cibercrime, uma plataforma de pesquisa colaborativa projetada para reunir informações sobre o ecossistema de cibercriminosos e os principais atores de ameaças que operam atualmente. Agora lançada, esta poderosa ferramenta de pesquisa open-source está a criar novas perspetivas sobre o ecossistema de cibercrime e permitirá acelerar a interrupção do cibercrime.

O Atlas do Cibercrime representa uma mudança significativa de paradigma na forma como abordamos coletivamente o desafio do cibercrime. Esta plataforma colaborativa permite que empresas globais, agências de aplicação da lei nacionais e internacionais, investigadores de cibercrime e pesquisadores de inteligência de ameaças partilhem proativamente conhecimento e recolham dados sobre as atividades dos cibercriminosos, o ecossistema de cibercrime e os principais atores de ameaças. Além disso, mapeia a atividade criminal em todo o mundo e utiliza pesquisa de código aberto para ajudar as organizações a compreender e interromper o ecossistema de cibercrime.

Paralelamente com esta iniciativa global, destacar, a menos de um mês das eleições legislativas, o Exercício de Cibersegurança dedicado às Eleições pelo Centro Nacional de Cibersegurança, e as ações do Dia da Internet Mais Segura, desenvolvida entre a Microsoft e a Guarda Nacional Republicana para aumentar a consciencialização dos mais jovens para os perigos online. Estas iniciativas, entre tantas outras, são apenas alguns exemplos do que tem vindo a ser feito a nível nacional e que impulsiona o combate ao crime digital.

(*) System Engineer, Portugal, Fortinet