Por André Carvalho (*)

Vivemos num mundo com grande inovação tecnológica, mas muitas vezes pouco adaptada às reais necessidades das pessoas. Isto causa o paradoxo de mais sofisticação significar mais inadaptação. E continuamos a ter várias franjas da população excluídas desta evolução tecnológica. Precisamos de desenhar produtos e serviços intuitivos e fáceis de usar. Para isso acontecer é preciso falar de usabilidade, explicar o que é, como se aborda, como se avalia.

O evento que habitualmente fazemos no Dia Mundial da Usabilidade tem como objetivo assinalar este dia em Portugal, acompanhando as várias celebrações pelo mundo, e tornar este tema mais conhecido e presente na nossa sociedade, em particular junto das empresas, que criam os produtos e serviços que todos usamos. Juntar os profissionais da área num momento de partilha de conhecimento e reflexão sobre o impacto da usabilidade nos negócios e nas organizações, os seus desafios e estado da arte atual assume uma importância primordial.

Nenhum sistema deve ser concebido sem entender em profundidade os futuros utilizadores e sem os adequados testes de usabilidade. Um teste de usabilidade consiste em colocar pessoas do público-alvo para qual o produto ou serviço foi concebido a usar, em condições muito próximas das reais, o sistema, observando a facilidade com que conseguem fazer uma utilização adequada desse produto ou serviço.

Neste momento, há uma maior perceção do problema e há, felizmente, muito mais iniciativas. Mas ainda estamos longe de estarmos bem. No privado, há grandes assimetrias, mas alguns setores já são sofisticados. No público, finalmente começa a haver evolução e estratégia necessárias.

É ainda preciso haver maior formação nestas áreas, seja em termos de profissionais de UX, seja em termos de conceitos básicos para outros profissionais, como os de tecnologias de informação, marketing, gestão e outros. Atualmente, os executivos não têm conceitos que os possam orientar.

Os custos para o país da falta de usabilidade são elevados e incidem, sobretudo, numa menor adoção de serviços inovadores, que permitiriam tornar alguns processos mais eficazes, menor inclusão digital e um grande desperdício de investimentos em tecnologia.

(*) co-CEO do Grupo Tangível