Especialista da Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos e membro de várias empresas de capital de risco em Pittsburgh, incluindo a Pittsburg Equity Partners, Robert M. Unitech, passou por Lisboa recentemente para participar num workshop internacional organizado pela UTEN Portugal, com o tema Como financiar uma start-up?



O TeK aproveitou a ocasião e falou com o responsável, que é também um investidor ativo de várias start-ups nos Estados Unidos, sobre o que faz o sucesso de uma ideia.



Quisemos saber como olha o especialista para as novas ideias e que aspetos chamam a atenção de um investidor experiente, perante uma nova proposta, ou o que faz de um projeto uma aposta sólida e com menores riscos.

[caption]Robert Unitech[/caption]
TeK: Portugal está em crise. Tem neste momento uma elevada taxa de desemprego e muitas pessoas estão descontentes com os atuais empregos. Que conselho pode dar a quem está a ponderar aproveitar o momento para criar o seu próprio negócio?
Robert Unitech:
Se é verdade que o momento económico não é o melhor - não é em Portugal como não é nos Estados Unidos - lançar um negócio é sempre uma tarefa difícil, seja onde for. É por isso que as minhas recomendações são sempre as mesmas.
É preciso ter a certeza que se está perante uma oportunidade e não apenas uma simples ideia e o primeiro passo é perceber quem podem ser os seus clientes. Há que delinear um plano orientado ao mercado. Os investidores gostam de sentir que o empreendedor conhece o mercado e sabe como endereçar as suas necessidades.

Outro aspeto relevante é definir uma visão que reflita a forma como vê a evolução do projeto, uma informação formatada para partilhar com potenciais investidores, parceiros, empregados ou mesmo com clientes. É importante que o empreendedor seja bom a expressar essa visão.



TeK: Conhece o mercado português a ponto de poder deixar alguma recomendação de áreas que lhe pareçam mais interessantes para investir em novos negócios?

Robert Unitech:
As minhas viagens a Portugal não têm tido como missão estudar o mercado a esse nível e por isso não posso fazer sugestões. No entanto posso dizer que nos Estados Unidos os business angels e o venture capital investe em pessoas, não em tecnologia ou geografias. Um empreendedor com um argumento bem fundamentado sobre como pretende resolver um problema de um determinado mercado terá certamente a nossa atenção enquanto investidores.



TeK: É essa a característica mais importante num empreendedor, na sua opinião?

Robert Unitech:
Empreendedores empenhados, orientados ao mercado e apaixonados por uma ideia que permita endereçar as necessidades do mercado de uma forma que outros ainda não fizeram é aquilo que eu e os meus colegas procuramos.



TeK: Que outros aspetos podem indicar que um negócio vai dar certo?


Robert Unitech:
Procuramos verificar outros aspetos que podem ser importantes como a propriedade intelectual ou a localização são aspetos que dão a um investidor boas pistas relativamente ao sucesso de um projeto com um mercado bem identificado. Também avaliamos se ao nível das equipas se as valências necessárias existem e se há alguém com a capacidade necessária para verbalizar a visão que é preciso transmitir.



TeK: Estando há muito envolvido em novos negócios e novos projetos como vê o crescimento meteórico de novos serviços online como o Facebook ou de outras empresas tecnológicas que recentemente passaram a ser cotadas?

Robert Unitech:
A forma como estas empresas entraram no mercado de capitais mostra-me que os IPOs mudaram, mas as start-ups não. De facto há muito poucos facebooks no mundo, mas há milhares de projetos bem planeados todos os anos a acontecerem nos Estados Unidos e certamente em Portugal. Também eles terão as suas histórias de sucesso se o ambiente for favorável a esse tipo de iniciativas e o aparecimento de novas empresas for encorajado.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico




Cristina A. Ferreira