A Toshiba foi uma das últimas grandes fabricantes de portáteis a chegar ao mercado dos mini-noteboks. A empresa desconfiou da pertinência desta tendência durante algum tempo, mas ao longo do último ano admite ter mudado de opinião e ter hoje uma ideia muito mais clara sobre aquilo que é o segmento e o que esperam dele os consumidores. Um ideia que apurou enquanto acompanhou as vendas do seu primeiro modelo, o NB100 e que confirmou num estudo realizado em Fevereiro último pela GKF.

Hoje Thomas Teckentrup, director-geral da divisão de marketing e desenvolvimento de negócio da Toshiba EMEA, admite que o segmento se relevou uma interessante oportunidade de negócio que não vem canibalizar outras mas ocupar um espaço próprio, dando resposta a necessidades individuais de cada utilizador, ou não estivesse este leque de produtos a revelar-se uma opção para quem pretende um segundo ou terceiro PC e quer canalizar para aqui algumas funções muito específicas e na maior parte dos casos de natureza pessoal.

Sem sair do tom lacónico que habitualmente dá resposta às perguntas sobre o futuro, habitual em qualquer gestor de uma área onde, como nos portáteis, o segredo sobre o que se vai fazer a seguir pode ser importante, o responsável deixou no ar que este ano a Toshiba pode ainda apresentar outras novidades nesta área.

[caption]Thomas Teckentrup[/caption]

TeK: A Toshiba levou algum tempo para lançar o seu primeiro mini-portátil mas rapidamente passou a uma segunda versão. Podemos dizer que estão finalmente convencidos do valor deste mercado? Essa será uma opinião diferente daquela que mostravam há cerca de um ano atrás...
Thomas Teckentrup:
As coisas mudaram muito ao longo do último ano e o segmento dos mini-portáteis, enquanto categoria autónoma de produto, revelou-se uma interessante oportunidade de negócio e uma oportunidade que não vem apenas substituir algo, mas adicionar alguma coisa nova ao negócio que já existia. Admito que comercialmente é uma grande oportunidade para nós mas é-o também para os consumidores.
Há um ano atrás havia muita confusão no mercado em torno desta nova categoria e da própria definição de mini-portátil. Hoje está mais claro para nós o que significa este mercado e o que esperam dele os clientes.

TeK: O director-geral da Toshiba na Alemanha referiu numa apresentação que os mini-portáteis já não são apenas uma tendência, mas de facto o que as pessoas querem comprar. Acredita que de alguma forma este sucesso também está relacionado com a crise e uma menor disponibilidade de dinheiro por parte dos consumidores?
T.T.:
É um facto que o consumidor hoje tem menor disponibilidade de verbas e isso significa que há uma gestão mais rigorosa do dinheiro disponível, mas quando transpomos isso para o mundo dos PCs é importante perceber que embora há apenas três anos atrás fosse impossível imaginar o quão importante o portátil se iria tornar na vida das pessoas, hoje este equipamento é para muitos utilizadores algo indispensável. Faz parte de um grupo de ferramentas que se tornaram indispensáveis no nosso dia. Faz parte do estilo de vida de muitos consumidores. Para este tipo de pessoas não investir numa máquina que responde às suas necessidades já não é uma opção e penso que o sucesso deste segmento está mais relacionado com essa capacidade de dar ao utilizador o que ele precisa.

TeK: Pode fornecer-nos alguns dados sobre as vendas na Europa do vosso primeiro mini-portátil, o NB100?

T.T.:
Posso apenas referir os dados já disponibilizados ao mercado e oficialmente comunicados pelos principais analistas. Os números da IDC mostram que no quarto trimestre do ano passado conseguimos uma quota de mercado de quatro por cento neste segmento na região EMEA.

TeK: Devemos esperar mais notícias da Toshiba nesta área ao longo deste ano?
T.T.:
Estamos agora a apresentar o NB200, que considero ser um importante marco para o nosso posicionamento neste segmento e penso que o mais adequado por agora é vermos como corre a introdução deste produto no mercado. De qualquer forma estamos no segundo trimestre do ano e é claro que ao longo do tempo deverão surgir novos desenvolvimentos. Também é verdade que estamos entusiasmados com este novo segmento, mas só vamos falar do futuro mais tarde.

TeK: Na sua perspectiva, que factores são mais determinantes na diferenciação da oferta da Toshiba para este segmento, face à concorrência?


T.T.:
Quer o NB100, quer o NB200 reflectem a nossa política básica de qualidade. Funciona como uma espécie de ingrediente número 1 dos nossos produtos e neste segmento não há excepções. Aliás, seria quase impossível convencermos os nossos engenheiros, cá ou no Japão, a alterar esta lógica subjacente ao design de todos os nossos produtos. A qualidade é algo que está sempre nos nossos produtos. Mesmo quando não é perceptível à primeira vista é algo que o cliente reconhece quando começa a utilizar o produto e que nos diferencia de muita da oferta da concorrência.
Neste NB200 acredito que outro factor diferenciador importante é o design, onde apostámos muito por acreditáramos que quanto mais pessoal se torna o produto, mais relevância ganha este aspecto. Foi aliás também isso que nos mostrou o estudo da GfK: quanto mais pessoal é o equipamento mais o consumidor gosta de fazer reflectir aí a sua personalidade e os seus gostos. Procuramos responder a isso com os novos modelos e acho que nos equipamentos Premium, onde se incluem a versão em castanho e a aposta em texturas, conseguimos de facto apresentar uma proposta única.

TeK: Recentemente a Toshiba anunciou medidas que visam adaptar melhor a estrutura da empresa a um decréscimo do ritmo mundial de vendas de portáteis. É expectável que nos próximos meses venham também a fazer ajustes no roadmap de lançamento de novos produtos, nomeadamente na gama alta?

T.T.:
Não. As medidas que refere não têm qualquer relação directa com os planos de lançamento de novos produtos. Planeamos as actualizações ao nosso portfólio com base naquilo que os clientes querem, ou que prevemos venham a querer. Estes são processos longos e que exigem algum tempo para se desenvolver. Os produtos que estamos a lançar este ano - como os mini-notebooks - também não foram desenhados para responder a qualquer constrangimento económico que possa verificar-se nesta altura. O seu desenvolvimento é um processo de longo prazo e que responde a requisitos planeados ao longo do tempo, reflexo de interesses e necessidades dos utilizadores.




Cristina A. Ferreira