http://imgs.sapo.pt/gfx/91550.gifAlexandre Nilo Fonseca preside à Comissão B2C da Associação do Comércio Electrónico em Portugal. Este sub-grupo existe desde 1999 e concentra os seus esforços em iniciativas que dinamizem a área de business to consumer. No ano passado organizou a I Edição da Semana do Comércio Electrónico que este ano se repete e coordenou o desenvolvimento de um Programa de Acreditação para sites de comércio electrónico lançado recentemente e que se espera contribua para aumentar a confiança dos consumidores nas plataformas de comércio online.
Para este ano o responsável tem expectativas elevadas em relação ao crescimento das vendas online. Para tal contribuem os resultados do Barómetro Natal 2003 realizado pela associação e que aponta para um aumento das vendas via Internet na ordem dos 85 por cento durante o período, assim como outros indicadores positivos.
TeK: A ACEP conta este ano, mais uma vez, levar a cabo iniciativas que impulsionem a primeira compra online. Acredita que os portugueses estão mais receptivos para as compras on-line face ao ano passado?
Alexandre Nilo Fonseca: Sim, sem dúvida. Estudos recentes apontam para que uma pessoa que utilize regularmente a Internet para pesquisar e ver o email, possa demorar cerca de 1 a 2 anos para fazer a sua primeira compra online. Em Portugal, nos últimos 3 anos, o número de clientes de serviços de acesso à Internet terá duplicado. A nossa expectativa é que aqueles que começaram a navegar há mais tempo tenham agora atingido um estágio de maturidade em relação à Internet que lhes desperte a curiosidade para fazerem a sua primeira compra online.
Por outro lado, parecem existir outros sinais que nos fazem acreditar que existem consumidores online em Portugal cada vez mais experientes. O aumento que se tem verificado na aquisição de serviços relacionados com marcações de férias ou compra de bilhetes é um sinal claro de confiança no comércio electrónico português.
TeK: O resultado do barómetro Natal 2003 foi muito positivo em termos de aumento do volume de negócios no período. No ano anterior verificou-se fenómeno idêntico (com a duplicação das vendas). Que sinais encontra na oferta disponível no mercado que faça prever uma continuidade dos resultados positivos obtidos nestes períodos?
ANF: Os sites de comércio electrónico em Portugal têm evoluído muito nos últimos anos e podem hoje oferecer uma experiência de compra muito mais atractiva e segura. Refira-se ainda que através do Programa de Acreditação, estamos a fortalecer o mercado, promovendo a competitividade e a produtividade das empresas aderentes. O selo de acreditação ACEP ajudará os consumidores a encontrar empresas online de confiança e seguras, que se distinguem por terem assumido voluntariamente elevados níveis de compromisso ético e de responsabilidade.
TeK: Do plano de trabalho da associação fazem parte um conjunto de iniciativas dinamizadoras no âmbito da segunda edição da Semana do Comércio Electrónico. É possível adiantar alguns pormenores?
ANF: A II edição da Semana do Comércio Electrónico promovida pela ACEP contará este ano com dois tipos de iniciativas distintas. Por um lado, vamos promover a experimentação da compra online. Estamos neste momento, a preparar um conjunto de promoções e campanhas com as nossas lojas associadas que irão vigorar nessa semana. A grande novidade deste ano é que queremos levar o comércio electrónico para as ruas e permitir aos consumidores que experimentem fazer compras online em espaços públicos e cibercafés.
Por outro lado, queremos promover a análise e o debate sobre o Comércio Electrónico em Portugal, desenvolvendo um conjunto de iniciativas de discussão e análise com estabelecimentos de ensino superior em todo o País, assim como, organizar um jantar-debate para discutir o tema "O sucesso online num ambiente global".
TeK:A redução do espaço de tempo entre "sondagens" ao mercado prevista para este ano terá em vista o apuramento de que tipo de dados?
ANF: Essencialmente, pretendemos começar a divulgar trimestralmente dados relevantes sobre a evolução do comércio electrónico em Portugal, nomeadamente as vendas, o número de consumidores, os tipos de produtos e serviços mais comprados e outras variáveis relevantes mais específicas de cada período em análise.
TeK: Em quase três anos de existência que evolução e que tendências são registadas pela comissão que dirige, ao nível do comércio electrónico para empresas e consumidores?
ANF: Em 2001, quando foi criada esta comissão, dizia que a chave do sucesso do Comércio Electrónico em Portugal passava pela confiança e segurança transmitida aos consumidores. Portanto, se tivesse que eleger o momento mais relevante deste últimos 3 anos, escolheria certamente o passado dia 2 de Março quando anunciámos os primeiros sites com Selo de Acreditação ACEP. Tinha sido concretizado o mais importante e estratégico objectivo por nós traçado aquando da constituição da comissão.
Complementarmente, penso que a criação da primeira Semana do Comércio Electrónico em Portugal foi um momento de referência e de dinamismo na relação entre os consumidores e as lojas online portuguesas. Estou convencido que em 2004 iremos dar um grande salto quantitativo, através da criação de condições que permitam uma maior aproximação entre lojistas e consumidores e ainda o meio académico.
TeK: Acredita que as iniciativas governamentais (como o Portal de Compras do Governo) são dinamizadoras e credibilizadoras do uso da Internet pelos consumidores, enquanto plataforma de comércio?
ANF:Teremos que esperar para ver os resultados, mas tenho pessoalmente as maiores expectativas em relação aos projectos em curso. Tenho defendido que Portugal deve investir fortemente no governo electrónico e em particularmente nas compras públicas electrónicas. E também os consumidores têm muito a ganhar com isto. Se o Estado começar a comprar electronicamente muitas empresas que ainda não vendem online irão investir para poderem vender electronicamente para o Estado. Ora estas empresas podem aproveitar este investimento para passarem a venderem electronicamente os seus produtos e serviços também aos consumidores finais. Os consumidores só terão a ganham com estas iniciativas.
Cristina Alexandra Ferreira
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