http://imgs.sapo.pt/gfx/177326.gif Portugal não está a perder a tendência do resto dos países europeus na sofisticação dos serviços da administração pública online, indicam as conclusões do terceiro estudo de benchmarking dos serviços de eGovernment realizado pela Cap Gemini Ernst & Young para a Comissão Europeia. João Batalha, responsável comercial da área de Administração Pública da consultora, detalhou ao TeK algumas das linhas principais das tendências portuguesas nesta análise europeia.




TeK: No estudo sobre eGovernment nota-se uma melhoria global na sofisticação
dos serviços na Europa. Portugal acompanha esta evolução?

João Batalha:
Os resultados apresentados permitem-nos avaliar a evolução da sofisticação dos serviços públicos on-line na Europa, no período compreendido entre Outubro de 2001 e Outubro de 2002. Neste período o grau de sofisticação dos serviços alvo deste estudo cresceu, em média na Europa, 15%. Portugal também cresceu embora apresenta uma taxa de crescimento de 7%. Esta performance de Portugal fica a deve-se sobretudo ao facto de em Outubro de 2001 Portugal apresentar já um elevado grau de sofisticação nos serviços que mais cresceram na Europa durante o período analisado e também a alguns factores conjunturais que limitaram os investimentos nesta área.


TeK: Apesar de estarmos colocados perto da média Europeia, na primeira medição
realizada pela Cap Gemini Portugal estava melhor posicionado. A que se deveu
na sua opinião esta "perda de terreno"?

J.B. :
Não creio que se possa falar em perda de terreno. O que está em causa não é Portugal estar melhor ou pior que outros países mas é o nosso grau de sofisticação. Durante o ano em análise conseguimos fazer crescer este grau de sofisticação em 7%, o que, não sendo brilhante, não deixa de ser interessante.

Penso que neste período, e no que respeita a alguns dos serviços analisados, estivemos mais concentrados no desenvolvimento do Back-office e menos preocupados com o Front-office, o que, no meu entender, é muito positivo.



TeK: Continua a assistir-se a uma diferença significativa, nos países
analisados e em Portugal, em relação à disponibilização de serviços para as
empresas, que são mais sofisticados, e para o cidadão. Porque pensa que isso
acontece?

J.B. :
Penso que este facto poderá ser explicado por um conjunto de factores de diferentes naturezas. Por um lado podemos pensar que há uma prioridade dos governos na disponibilização de serviços on-line para as empresas por forma a criar melhores condições para atrair os investidores. Por outro lado, os serviços destinados às empresas são normalmente prestados por entidades centralizadas o que facilita muito o processo de disponibilização destes serviços on-line.



TeK: Em relação a Portugal a classificação dos serviços de G2B não teve qualquer alteração no espaço de um ano. Porquê?

J.B. :
Na minha opinião, isto dever-se ao facto de em Outubro de 2001, altura em que foi realizada a primeira medição deste estudo, Portugal já apresentar um elevado nível de desenvolvimento nos principais serviços prestados às empresas (impostos, contribuições para a segurança social, etc.). Os serviços que integram este conjunto e que apresentam um menor grau de sofisticação, têm estado a desenvolver projectos de Back-office (que não são avaliados pelo estudo uma vez que este tem uma orientação pura de Front-office) e portanto a prepara-se para, num futuro próximo, poderem ser disponibilizados on-line com elevados graus de sofisticação.

Assim, penso que numa próxima medição poderemos esperar um salto significativo na sofisticação dos serviços orientados para as empresas em Portugal.



TeK: Está em preparação um portal governamental para reunir os serviços ao
cidadão. Quais as áreas onde acha que é preciso trabalhar mais?

J.B. :
Penso que há um longo caminho a percorrer em diferentes áreas, sendo que é preciso apostar na disponibilização e no desenvolvimento de serviços on-line destinados aos cidadãos. Neste quadro, o Portal do Cidadão parece-me ser um projecto muito positivo.


TeK: Pensa que este portal poderá ser um passo em frente nos serviços de
eGovernment que pode ajudar Portugal a evoluir nesta área, ou esta é mais uma
questão de reorganização de processos no back-office e não tanto uma questão
de apresentação de serviços?

J.B. :
Acho que todas as iniciativas nesta área são bem vindas, desde que devidamente enquadradas tanto em termos estratégicos como em termos das opções tecnológicas que as suportam.

O Portal do Cidadão irá ser a porta de entrada para um vasto conjunto de serviços prestados pela Administração Pública portuguesa e, como ponto privilegiado de acesso a estes serviços, representará, com certeza, um passo em frente no eGovernment em Portugal.

A reorganização de processos no back-office que a implementação deste Portal irá implicar é muito positiva uma vez que isso significa que nos estamos a preparar para poder atingir os graus mais altos de sofisticação.


Fátima Caçador