As reservas já estão abertas e já há quem tenha adquirido os modelos mais caros, mas o Surface Pro 3 só fica disponível para compra na próxima semana, 28 de agosto.



O tablet-PC vem com a promessa de maior poder de processamento, mais robustez para lidar com tarefas exigentes de computação e acima de tudo, vem com um tamanho maior e com um apoio mais flexível. O Surface tem crescido porque a Microsoft tem aprendido com os erros que tem cometido.



Antes da chegada da nova jóia da coroa ao nível do hardware, o TeK conversou com a responsável máxima da Microsoft Portugal pela divisão Windows e pela divisão Surface. Nesta e nas restantes páginas, os leitores podem ficar a conhecer melhor como tem sido o desempenho do Surface em Portugal, o que traz de melhor a versão Pro 3 e qual o espaço que a Microsoft tem reservado para este equipamento que uns adoram e outros criticam.

[caption]Rita Santos[/caption]

TeK: A pergunta pode parecer básica, mas ajudará a definir a conversa: o que é afinal o Surface? Se tivessem que o colocar apenas numa categoria de produto, qual seria?


Rita Santos: O Surface é um tablet que substitui o PC. Ou seja, é um tablet com todas as características de um tablet, mas na realidade está construído como se fosse um PC. Portanto quando se utiliza um Surface Pro 3, não é preciso levar mais nada. Porque ele tem a potência, do ponto de vista do processamento, tanto ao nível de armazenamento de disco, que vai até 512GB, e a nível de memória RAM que vai até 8GB.



E um computador com estas características é brutal para todos os efeitos e ainda assim consegues fazer isto com uma espessura mínima, com um formato de tablet, com um teclado destacável e portanto com toda a funcionalidade de um tablet. É um tablet maior e isso é aquilo que permite também ser um tablet que é um PC, que funciona full time, porque de facto o tamanho do ecrã muda dramaticamente a experiência de utilização. Eu pela primeira vez estou a utilizador o Surface Pro 3 como a minha máquina de trabalho.



E é um computador que mesmo enquanto empregado de uma empresa, é pode se pode ligar ao domínio da empresa, é um computador que é gerido.. é um PC, é um PC para todos os efeitos. Portanto para responder à pergunta, o Surface Pro 3 é um PC.


TeK: A Microsoft EUA teima em fazer uma comparação direta entre o Surface Pro 3 e o Macbook Air – fê-lo no anúncio mundial e fê-lo em vídeos publicitários. Porque estão a insistir tanto com o computador da Apple?


Rita Santos: Nós em Portugal acabámos por não optar por essa comunicação, mas não por contradição. Eu acredito que o Macbook Air é de facto um concorrente importante, em Portugal talvez não com o mesmo peso que tem nos EUA. Há audiências específicas que têm uma preferência, onde se nota uma tendência de consumo – estou a pensar nos estudantes por exemplo, que são mais facilmente seduzidos pelas marcas e que têm fascínio também pela nossa concorrência.



E por isso a Microsoft optou por uma abordagem quase que racional, ou seja, head to head, comparando uma coisa com a outra. Mas atenção que isto é um tablet que também é um PC e portanto é touch, é destacável – o teclado do ecrã – e ao mesmo tempo tem todas as características que um PC também tem. Na realidade esta é feita com o Macbook Air, mas poderia ser feita com qualquer dispositivo da concorrência.



O que não faria sentido era fazê-la por exemplo com um iPad, porque fazer uma comparação do Surface Pro 3 com o iPad nem é estar a comparar duas coisas comparáveis, seria injusto para o iPad.


TeK: Mas nos EUA também fizeram promoções agressivas em que visavam o Macbook Air...


Rita Santos: Também não estamos a fazer isso cá. É um pouco mais cultural aqui a escolha. A Microsoft atua no mundo todo de forma diferente e é um facto que quando vai-se à Internet e vai-se à procura de conteúdos, aqueles que aparecem são muitas vezes os conteúdos dos EUA, mas se formos olhar para várias regiões do globo as abordagens são diferentes: também se faz na China, também se faz na Índia.



Estamos a falar de uma diversidade muito grande e depois às vezes tendemos a pensar nos EUA como aquela zona de referência – não só por termos os conteúdos acessíveis, mas porque é de onde a Microsoft é. “O que se faz nos EUA na verdade é o que toda a gente gostava de fazer e não faz”, mas isto não é bem assim, porque há opções estratégicas que têm a ver com situações específicas de concorrência e com a situação específica cultural e da forma como culturalmente cada país interpreta os seus produtos – estamos num mundo global, mas com nuances.



O Macbook Air é um exemplo, mas provavelmente em Portugal não tem a expressão que tem nos EUA.


TeK: Diferentes localizações traduzem-se em diferentes apostas. No lançamento dos primeiros Surface em Portugal tiveram campanhas de marketing muito marcantes. É de esperar o mesmo para o lançamento do Surface Pro 3?


Rita Santos: As grandes campanhas que tivemos com o lançamento dos primeiros Surface foram essencialmente em parceria com os retalhistas onde o equipamento era vendido e depois tivemos uma campanha muito importante de educação, com um preço especial para este segmento. Isto tem a ver com a intenção da Microsoft e com uma prioridade estratégica para a empresa de equipar os alunos e os professores e as escolas com dispositivos Microsoft, que são totalmente desenhados para a produtividade – aquilo que a nossa concorrência não é.



Nós temos essa origem, a Microsoft pensa produtividade. Há uma expressão do nosso novo CEO que eu gosto muito e que é do more, ou seja, conseguimos com a tecnologia e com o poder da tecnologia fazer coisas que sem ela não podemos. E isto pode parecer um pouco básico, mas é brutal o poder de uma ferramenta que aumenta dramaticamente a nossa produtividade, a maneira como nós comunicamos, a maneira como nos apresentamos e produzimos conteúdos, como consumimos conteúdos. E isso é transformador. E é portanto com essa consciência de transformação que a Microsoft aposta especificamente na educação.

Fique a saber na próxima página se o Surface é um equipamento demasiado caro para um mercado como Portugal

TeK: E a nível empresarial, como têm tentado mostrar às organizações – as entidades que mais necessitam de produtividade – que o Surface é uma alternativa viável em comparação com outros equipamentos e outros sistemas?


Rita Santos: Eu sou responsável pelo Windows e pelo Surface – mas essencialmente sou a pessoa responsável pelo Windows. E o que a Microsoft procura é encontrar veículos para o seu sistema operativo – e o Surface é mais um desses veículos, um excelente veículo posso dizer.



A própria forma como o Windows 8 vive os dois ambientes – um com o interface de novas aplicações e outro com ambiente desktop – e a forma como eles se cruzam é também vivido naquilo que é o Surface enquanto produto físico. Mas a Microsoft vê o seu sistema operativo num conjunto alargado de dispositivos, que vão desde ecrãs pequenos até ecrãs gigantescos, e que acredito que serão altamente utilizados.



Portanto para o universo empresarial aquilo que faz mais sentido para nós é aquilo que fizer mais sentido para o cliente. Ou seja, é o cenário de negócio e o cenário de utilização perante determinado desafio que deve prevalecer na escolha do equipamento. O Surface Pro 3 nesse aspeto é mais uma alternativa.


TeK: Há muitas unidades dos Surface nas empresas e nas escolas? Como tem sido a receção geral ao equipamento?


Rita Santos: Os consumidores têm procurado muitíssimo. Portugal aliás, entre os vários países do mundo, foi dos que teve uma maior venda proporcional de Surface. Acho que o nosso sucesso enquanto país neste produto em particular teve muito a ver com uma muito boa execução no nosso retalho e na forma como conseguímos demonstrar as propriedades e os benefícios do Surface principalmente nos pontos de venda.



Tivemos também uma muito boa adesão na educação, ou seja, a credibilidade que a Microsoft tem nesse ambiente, a proposta de valor de produtividade e depois um bom preço para as instituições. Estes foram os três factores de sucesso também para que as escolas, não só os alunos, mas também os professores, as salas de informática ou mesmo salas de ensino de outro tipo de disciplinas passassem a utilizar os meios digitais – este é outro dos temas mais quentes da tecnologia neste momento. Diria que a receção do Surface no ambiente da educação foi muito forte.



No caso das empresas, estas demoram mais tempo a decidir, não só em relação ao Surface mas também relativamente a outros formatos de tablets de outros fabricantes. Eu diria que temos muitas empresas a testar este tipo de equipamentos, portanto temos uma boa penetração, as empresas começam a conhecer estes dispositivos. Temos acima de tudo provas de conceito e temos acima de tudo testes que nós acreditamos que a prazo se vão transformar também numa maior penetração, mas que acontece de uma forma naturalmente mais lenta.


TeK: Quais as metas que têm traçadas para o novo Surface ao nível de vendas?


Rita Santos: O Surface Pro 3 é um dispositivo premium. Eu não diria que seja para uma elite, porque quem gosta de tecnologia gosta do Surface. Há uma coisa interessante até: dentro das nossas pré-vendas em Portugal, dos artigos que mais venderam foram os modelos com maior potência e portanto os modelos mais caros.



Há aqui um fenómeno que é típico: os fãs – quem gosta da Microsoft, quem gosta do Surface e está à espera – gostam do melhor e vai à procura do melhor.



Mas quando eu falo de um produto que é premium, estou a falar de quem gosta de tecnologia e de quem vê também no Surface um bom dispositivo de produtividade. Porque na realidade um Surface que custa 900 euros pode substituir um PC mais um tablet e os dois somados custam muito mais...


TeK: …uma outra questão que tínhamos para fazer estava justamente relacionada com o preço do Surface Pro 3. Não é um equipamento caro para o tipo de mercado que é Portugal? A versão mais básica custa mais de 700 euros...


Rita Santos: Mas a resposta está dada. O Surface tem benefícios enquanto produto económico, uma vez que dispensa a utilização de outros equipamentos, além de ser também produtivo.



Uma coisa que fazemos muitas vezes com as empresas é vermos qual é que é o retorno do investimento. Ou seja, se estou a equipar uma força de vendas com um dispositivo que tem muito mais riqueza, que em vez de apresentar um catálogo em papel apresenta um catálogo em vídeo com o tablet e se com isso aumento as minhas vendas, é um investimento que fica justificado. Se essa força de vendas, com este equipamento, deixar de ter portáteis e tablets e passar a ter só um dispositivo que ainda por cima tem todas essas vantagens, então é um bom retorno de investimento.



Eu nunca vejo as coisas como sendo caras ou baratas, elas são o que são. Depois têm que ser usadas no melhor contexto. Como é evidente o nosso mercado tem estado inundado com muitos dispositivos de baixo preço. E eu acredito que isso seja uma tendência que vai mudar, no sentido de que as pessoas vão perceber que há dispositivos para tudo. O próprio Windows vai ter dispositivos mais baratos e vai ocupar uma parte do mercado que até agora não tinha, mas nunca vão ser dispositivos tão baratos que às vezes tornam-se em equipamentos que não servem para nada. Eu acho que as pessoas são inteligentes e que mesmo esse mercado tenderá a desvanecer.


TeK: Justifica-se dar o salto do primeiro ou do segundo Surface para o modelo que aí vem?


Rita Santos: Ontem comparámos um Surface Pro 2 com o Surface Pro 3 e vimos quão maior é o ecrã, quão mais leve e mais fino é o novo tablet. O Surface Pro 2 até está com um ótimo preço porque está precisamente em fim de vida e isto é típico nos ciclos que os produtos têm. Ou seja, quando estão a escoar os últimos stocks o próprio mercado encarrega-se de os promover para ter espaço para receber os novos modelos. Acontece em todas as marcas e em todos os produtos.



O Surface 2 pode ser uma escolha inteligente para quem queira aproveitar estas baixas de preço, mas quem vai comprar um Surface tem realmente de pensar muito bem, porque o Surface Pro 3 é realmente melhor.


TeK: De que forma é que o Surface pode evoluir?


Rita Santos: Eu acompanhei as primeiras versões do Surface e acho que todos nós quando o utilizávamos pensávamos: “Como é que pode ser melhor, como é que o apoio do tablet pode assumir qualquer posição.. não há razão para ter aqui só uma, depois passou a ter duas”.. e os engenheiros explicam o quão difícil isto é.



A espessura, o poder de processamento, a capacidade de ter um teclado realmente eficiente, muito semelhante aos teclados de um PC normal e que depois tem esta ideia de funcionar como capa e como elemento protetor.



Mas o que eu possa dizer sobre isso é especulação. Acredito que ainda há melhorias que podem acontecer, do ponto de vista da autonomia, da espessura, da leveza e da diversidade. Existem elementos pequenos como as cores - nos EUA havia uma cor que era limitada que era o vermelho e toda a gente da Microsoft queria uma capa vermelha.



A funcionalidade da caneta e a forma como a caneta dispara automaticamente o One Note é também uma espécie de “Ah ah! Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto”. Ou seja, um clique e o One Note abre, dois cliques e faz uma captura de ecrã. É uma forma rápida de entrar no nosso universo e fazer do Surface um bocadinho o nosso caderno. Em vez de teres umas notinhas como essas que estás aí a escrever, podias estar a escrever no Surface, ficavas com isso registado e podias usar a tua escrita para fazer pesquisa e para procurar no One Note onde é que estavam as tuas notas.



Eu diria que à volta deste universo acho que ainda há muitas áreas para onde o Surface pode evoluir. E antecipando uma pergunta que tipicamente acontece, que é “E a conectividade?”: o Surface está feito para Wi-Fi e neste momento há uma experiência nos EUA com conectividade 4G. Não há nenhuma razão técnica para que o novo Surface não possa também ter essa conectividade, mas neste momento a ligação Wi-Fi é aquela que entrega uma melhor experiência.


TeK: Porque é que só lançaram uma categoria do novo Surface, quando nas outras versões lançaram duas – a RT e a PRO?


Rita Santos: Nós continuamos a ter o Surface 2, que tem um processador ARM, e ao mesmo tempo vamos ter o Surface Pro 3, e este sim é que substitui o Surface Pro 2.



E só lançamos uma categoria porque o Surface Pro 3 é muito específico do ponto de vista das funcionalidades que tem, é um tablet construído para ser também um PC e nessa medida não faria sentido ter uma versão RT.



A seguir: será que a Microsoft tem espaço para o Surface na sua estratégia futura?

TeK: A opinião generalizada é de que o Surface não está a vender como era suposto. Contas feitas recentemente apontavam uma fatura negativa de 1,7 mil milhões de dólares para o Surface. E o Windows 8 também ainda não conseguiu convencer os utilizadores. O desempenho do sistema operativo pode estar a condicionar o desempenho do hardware?


Rita Santos: Adorava ver essas contas, essas contas que mostram os custos do Surface.



Ainda temos muito a evoluir na área dos dispositivos e também não esperava outra coisa, pois é uma área em que ainda estamos a aprender e onde necessariamente temos que investir para fechar o gap.



É completamente diferente para uma empresa que vendia software até há dois anos, passar a vender hardware. Nós aprendemos um vocabulário totalmente novo: desde o stock, às garantias, aos materiais e ao forecast de produção. Houve um universo totalmente novo que a Microsoft teve de aprender. É natural que o processo de aprendizagem seja ele próprio com custos e provavelmente esses nem sequer estão captados em todos os relatórios financeiros.



Mas tem tido muito boa receção do lado do mercado. E vejo isso publicado em vários meios de comunicação, que a receção ao Surface Pro 3 é muito boa. Publicações que não eram especialmente amigas da Microsoft – quase nenhumas são – são mais amigas da nossa concorrência que é mais sexy... Acho que isso são vagas também. A Wired por exemplo disse muito bem e outras publicações disseram muito bem do novo Surface.



Outra coisa que falaste foi do Windows. O Surface e o Windows não são duas coisas completamente diferentes, o Surface é o equipamento desenhado pela Microsoft para correr Windows 8.1. Isto não significa que a Microsoft não esteja a trabalhar com um conjunto mais alargado de fabricantes.



Mas o Windows 8 também aprendeu muito. O Windows 8 foi uma rutura brutal em relação àquilo que era o contínuo dos sistemas operativos. Porque de repente é um sistema operativo feito para o toque e desenhado para o toque, e portanto foi uma disrupção tremenda. Depois na forma como a Microsoft e os utilizadores viram o sistema operativo. Muito arrojada na minha opinião.



E desde então tem vindo a ser melhorado com uma tendência muito clara que é a da interseção dos universos desktop e das aplicações modernas. Poder minimizar e fechar uma aplicação Windows 8 é dramaticamente diferente da primeira versão do sistema operativo. Abrir a aplicação num ambiente e estar sempre relacionado no outro.. havia algumas barreiras na primeira opção do Windows 8 que foram ultrapassadas com o Windows 8.1.



Eu ainda não posso falar muito sobre a próxima versão do Windows, porque nessa altura vamos fazer qualquer coisa especial, mas posso já antecipar que vai nessa direção de uma maior integração entre aquilo que é o interface Windows com mosaicos e o interface do desktop. Está muito bem integrado, está muito bem conseguido e acho que vai melhorar a experiência. São pequenas mudanças que trazem uma grande mudança.


TeK: …Mas podemos estabelecer uma relação entre o desempenho do Windows e dos Surface?


Rita Santos: Eu diria que as duas não estão correlacionadas. O Windows 8 é muito maior do que o Surface. O Surface apesar de tudo é uma pequena percentagem daquilo que é o universo Windows e do Windows 8.1.



Eu acredito cada vez mais que isto é um processo e isto é um processo transformador que vai resultar em vários jogadores de mãos dadas: o jogador equipamento/hardware, o jogador sistema operativo e depois o jogador aplicações. À medida que estas três áreas forem avançando, cada vez mais vai haver uma convergência pela utilização do ecossistema Windows.



E quando eu falo em ecossistema estou a falar também do telefone, porque o facto do telefone e do facto de as aplicações estarem disponíveis em Windows Phone 8.1 e em tablet e PC - faz com que eu possa aceder a qualquer informação a partir do meu dispositivo, quer ele seja um tablet, um PC ou um telefone.



Porque é que isto é diferente da nossa concorrência? Porque as nossas aplicações de produtividade e especificamente o Office, são claramente um factor distintivo para a Microsoft.



Acho que as coisas vão evoluir lado a lado, com dimensões diferentes e acima de tudo o que nós gostaríamos era ver esta evolução a ser simultânea. O risco e aquilo para o qual temos de trabalhar é para que não haja nada que fique para trás. Se não temos o hardware que é preciso para viver a promessa do sistema operativo e se as aplicações não estão disponíveis, então nós não conseguimos entregar esta proposta de valor completa.


TeK: A Microsoft está a sofrer uma reestruturação e o novo CEO já disse que quer ver a empresa focada na cloud e nos serviços. Há espaço para o Surface nesta estratégia futura da Microsoft?


Rita Santos: O Satya Nadella não criou uma rutura com aquilo que era a estratégia da Microsoft anterior. A formulação dessa estratégia é que foi feita de uma forma um pouco diferente. O nosso CEO anterior, o Steve Ballmer, escreveu uma carta aos acionistas que se tornou famosa e onde utilizou a expressão devices e services – dispositivos e serviços, em tradução livre. A forma como ele expressou esta estratégia da Microsoft foi dizer que “nós temos dispositivos e temos serviços que correm nesses dispositivos, portanto isto em conjunto é a nossa proposta de valor”.



O Satya, quando chega, não vem dizer “esqueçam lá isso dos dispositivos; agora ainda por cima venho dos servidores e da cloud, acho que aquilo que deve pervalecer é a cloud”. Não foi esse o caso.



Ele fala “cloud first, mobile first”. E isto é a mesma coisa que o Steve dizia antes, está apenas com uma pequena alteração na escolha das palavras. Porque quando fala cloud first está de facto a falar nos serviços e nos serviços da cloud. A cloud é o futuro. Mobile first, que é a segunda parte desta afirmação é isto [aponta para o Surface]. Mobilidade é isto. É o tablet, é o PC e o telefone. Estamos a falar exatamente da mesma coisa.



E se pensarmos no espaço empresarial ainda temos uma quarta dimensão, que é a gestão disto tudo. E como é que se faz a gestão disto tudo? Como é que criamos cenários de ligação entre equipamentos de forma segura? Se queres passar informação de forma segura não faças isso com a Dropbox, é péssimo, é um risco de segurança. Aquilo é um link a que qualquer pessoa pode chegar. Portanto faz isso com um bom software, preparado para isso e faz de uma força eficiente.



No One Drive conseguimos depositar automaticamente conteúdos que são rapidamente editáveis por quem está no escritório. Isto são alterações brutais e para isso é preciso gestão.


TeK: Daqui a cinco anos podemos continuar à espera de novos Surface?


Rita Santos: Acho que sim. Vamos ver o que é que surge. A parte do entusiasmo desta indústria é nunca sabermos bem o que é que nos espera.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico