A Casio, que até à data tem mantido em Portugal um modelo de negócio baseado em parcerias com distribuidores, anunciou este mês a abertura de uma sucursal em território nacional. O TeK falou com o novo General Manager da empresa em Portugal, Fernando Pontes, sobre as razões que motivaram a decisão e a estratégia de negócio da marca.

TeK: Que razões levaram a Casio a alterar o modelo de negócio em Portugal e instalar-se directamente no país?
Fernando Pontes:
Por dois motivos principais. Primeiro porque a Casio já estava a trabalhar cá directamente com câmaras fotográficas e quando a área de negócio das calculadoras - que é muito importante para nós - foi abandonada pelo distribuidor, em Agosto do ano passado, vimo-nos confrontados com a necessidade de tomar conta desse mercado e juntá-lo ao mercado das câmaras e dos projectores. Com três linhas de produto já é necessário ter mais pessoas envolvidas no negócio e optámos por vir para Portugal directamente.
Por outro lado, a Casio a nível europeu também se está a estender para outros países, neste "passo" quase só faltava Portugal.
É também um facto que queremos estreitar a relação entre o fabricante e o consumidor final, porque havendo sempre distribuidores pelo meio, as margens envolvidas acabam por encarecer o produto. Acabando com um dos intervenientes no processo chegamos mais competitivos ao mercado. Estando aqui directamente conseguiremos também promover melhor a marca..

[caption]Fernando Pontes[/caption]

TeK: Que principais alterações podemos esperar resultantes da abertura da sucursal?

F.P.:
O apoio de marketing será certamente muito superior, temos apoio a nível de promoção no ponto de venda, etc - coisas que não eram feitas no passado e vamos começar a fazer para que os produtos sejam mais visíveis ao público. Teremos também uma política de controlo do preço de venda ao público (que falhava no passado), para que uma máquina que deve ser vendida a 199 euros o seja de facto, e não chegue a alguns clientes a 300 euros e a outros a 199 euros. Queremos ainda garantir que toda a gente [retalhistas] tem a sua margem.

TeK: …e ao nível do apoio técnico?

F.P.:
Para o apoio técnico temos uma empresa nacional subcontratada, a Ename. Essa empresa trata de toda a parte técnica, seja de garantias, seja de assistência técnica e vai manter-se.

TeK: Quais as vossas expectativas de crescimento em Portugal?

F.P.:
A nossa expectativa neste momento é muito boa. Temos um objectivo de cerca de 12 milhões de euros (nas três áreas de negócio) que significa, mais ou menos, duplicar a facturação do ano passado. Duplicar o valor do ano passado não será assim tão difícil porque vamos acrescentar cerca de 2,5 milhões a 3 milhões de euros da área das calculadoras, até ao ano passado entregue a um distribuidor.

TeK: …tem previsões para as outras áreas?

F.P.:
Eventualmente 7 milhões nas câmaras digitais e 2 milhões nos projectores.

TeK: Qual a área com maior potencial de crescimento?

F.P.:
A área com maior potencial de crescimento pensamos que seja a dos projectores, porque antes deste produto [referindo-se à nova linha de videoprojectores lançada hoje] o nosso posicionamento no mercado era muito débil. Esperamos com este produto atingir uma quota de mercado muito maior do que a que temos neste momento, que deve ser ínfima - não temos dados concretos, mas deve ser muito pequena.
Os outros produtos estão mais maduros, portanto é difícil haver um grande crescimento. No entanto como operamos directamente esperamos conseguir um crescimento razoável - apesar do país estar com uma economia não muito favorável.

TeK: É espectável que a Casio venha a explorar directamente em Portugal novas áreas de negócio, em 2010, ou a breve prazo?

F.P.:
Eu gostaria de ter todos os produtos da Casio mas não é fácil porque temos distribuidores que trabalham connosco há muitos anos e a Casio é uma empresa japonesa muito tradicional, que não gosta de cortar relações com os distribuidores, a não ser que aconteça algo inesperado. Assim, não está previsto em 2010 acrescentar nada, a não ser que aconteça algo de extraordinário. Só na Alemanha e Reino Unido a Casio tem o portefólio completo.