Olhamos normalmente para a gama de portáteis de topo como os que trazem mais inovação, mas as melhores características estão quase sempre associadas a um custo elevado, que nem todas as pessoas podem pagar. A equação é simples: quando melhores os componentes, em termos de qualidade de fabrico e design, mas também de performance, mais alto é o custo.  O Huawei MateBook D 14, que testámos nas últimas semanas, vem, porém baralhar os fatores, combinando um design interessante, uma performance à altura das exigências do teletrabalho ou da telescola, e um preço que fica abaixo dos 700 euros.

Já tínhamos testado outros modelos anteriores da gama de portáteis da Huawei e a avaliação foi sempre positiva. A aposta que a marca que habitualmente associamos aos telemóveis está a fazer na gama de PCs começou por ser marginal mas está a ser reforçada com os problemas que a Huawei enfrenta de bloqueio à utilização de tecnologia norte americana, e em especial dos Google Mobile Services. E com bons resultados.

A nova linha de MateBooks foi apresentada em fevereiro e chegou às lojas em abril, mas nas ultimas semanas de confinamento foi uma companhia de teletrabalho, provando os argumentos que Huawei defende, de boa resposta em produtividade. O processador AMD Ryzen 5 garantiu a capacidade para suportar a larga maioria das tarefas de produção de textos, edição de documentos e imagens e (muitas) videoconferências sem problemas, e a bateria manteve a boa energia, com uma média de 7 horas de duração na maioria dos dias, apesar da situação não apelar muito à mobilidade.

O principal destaque vai também para os pormenores que a Huawei tem vindo a adicionar aos seus portáteis, com o reconhecimento de impressão digital muito rápido e integrado no botão de ligar o PC, e sobretudo a funcionalidade de Huawei Share, com a partilha muito rápida de imagens e ficheiros entre o smartphone e o PC, e vice versa, usando o NFC.

Design elegante e uma câmara escondida

O design do MateBook é um dos pontos positivos a somar na apreciação do portátil, e é impossível não fazer uma comparação com os MacBooks, mas há muito mais para registar. Para um portátil de 14 polegadas o MateBook D tem uma dimensão e peso que o tornam bastante transportável. São 1,38 Kg e uma espessura de 15,9 mm que é comparável aos portáteis mais finos com esta dimensão. O rácio de utilização do ecrã FullView fazem com que apresente um “corpo” mais compacto, e o chassi é leve mas não tem o aspecto barato e plástico que outros modelos desta gama apresentam. A liga de alumínio utilizada em cinzento escuro dá-lhe um ar premium e uma resistência acrescida, sobretudo para quem transporta o computador em malas e mochilas que por vezes sofrem alguns acidentes de percurso.

Mesmo em formato condensado a Huawei conseguiu manter um teclado confortável de utilizar, retroiluminado, e um track pad generoso, assim como as portas de ligação que fazem por vezes falta em modelos mais compactos, sobretudo nos ultra portáteis onde é necessário ter extensores para a maioria das situações.

O MateBook D 14 tem uma porta USB-A 3.0, e uma 2.0, uma USB-C e uma porta HDM, mas também um jack 3,5 mm para headphones, e o que poderia ser ainda mais simpático era juntar uma porta Thunderbolt 3 para transferência de dados, algo que a marca poderá considerar em futuras versões.

O botão de ligar e desligar está localizado no topo do teclado e funciona também como sensor de impressão digital, o que torna o processo de acordar o computador e autenticar o utilizador muito rápido e eficiente. Esta é uma escolha mais inteligente do que a que alguns fabricantes têm feito de colocar o leitor de impressão digital na parte lateral do portátil, o que obriga a “levantar” a base para conseguir fazer uma boa leitura. Para mim foi um dos elementos que mais me agradou e voltar a introduzir a palavra chave noutros portáteis foi quase como regressar à pré-história.

Huawei MateBook D 14
Huawei MateBook D 14

A câmara integrada no teclado é outra das “marcas” em que a Huawei tem insistido, e que não é uma das minhas preferências. É simpático poder abrir e esconder a câmara quando é necessário, não rouba espaço na moldura do ecrã, mas a perspetiva da imagem não é muito lisonjeira, sendo demasiado picada e impedindo que se faça uma videoconferência continuando a escrever no teclado sem que as mãos pareçam “gigantónicas”, interferindo demasiado na imagem.  Para mim, que faço muitas entrevistas por Zoom ou Teams, usar a câmara do portátil deixou de ser uma opção.

O ecrã IPS oferece também uma qualidade de imagem sólida, uma resolução de 1920x1080 com cores realistas, e o aproveitamento do espaço é muito bom, reduzindo a moldura aos mínimos de menos de 5 mm, num rácio de 16:9. Os filtros de luz azul mostraram-se também úteis, sobretudo em situações de baixa luminosidade, mas foi sobretudo em ambientes de luz intensa que o ecrã mostrou a sua fragilidade. É um painel IPSe não é muito brilhantes, com 290 nits, e isso faz a diferença na forma como responde numa esplanada. Melhor seria também se fosse sensível ao toque, dando-lhe maior versatilidade, mas isso iria também aumentar o preço.

Mesmo assim o MateBook acabou por ser companheiro na visualização de algumas séries, e o som que sai das colunas, colocadas uma de cada lado, é também agradável e consistente para um equipamento de gama média.

Uma performance com toque AMD

Já deixámos de olhar com desconfiança para os computadores com processadores AMD e a experiência com este MateBook D 14 prova também isso mesmo. O Rayzen 5 3500 U, combinado com 8GB de RAM e o GPU Radeon Vega 8, mostrou-se à altura da maioria das tarefas do dia a dia, mas não vale a pena esperar transformá-lo num computador de jogos ou de utilização para software de edição de imagem ou vídeo mais exigentes. Mas esse também não é o perfil para o qual o MateBook D 14 foi desenhado, nem a gama de preço onde se enquadra.

O disco SSD de 512 MB também ajuda a tornar todo o carregamento de aplicações mais fluído, e mesmo com muitas tabs de browser abertas nunca sentimos que o portátil se arrastava ou que estava nos últimos metros de uma maratona para a qual não se tinha preparado.

A bateria foi outra das boas surpresas neste portátil. Tal como nos telemóveis, a duração da bateria é um dos pormenores mais importantes dos portáteis, sobretudo para quem faz mesmo uma utilização em mobilidade. Só quem já andou meio desesperado em conferências e aeroportos à procura de uma ficha elétrica sabe o que é ter um computador de bateria “curta”.

O MateBook D14 tem nos registos uma referência a uma duração de 9,5 horas na bateria de 56 Wh, com uma carga única, e algumas vezes conseguimos estender a duração da bateria a um dia inteiro de trabalho, sem stress, mesmo com algum consumo de vídeo pelo meio. As vezes que cronometrámos ultrapassou as 7 horas, e a vantagem é que com o carregador de 65 Wh de carregamento rápido consegue repor quase metade da carga no espaço de 30 minutos. O carregador é semelhante aos carregadores rápidos de telemóvel, um pouco maior, mas pode ser usado também para o smartphone. O contrário não acontece, embora consiga manter o portátil ligado à corrente com o carregador do Mate 30 Pro.

Já tínhamos destacado também os “toques” adicionais da Huawei neste portátil. Para além do hardware a Huawei aposta também nos portáteis para alimentar um ecossistema e uma visão de integração de equipamentos de forma fácil, que vemos também noutras marcas. O Huawei Share, a funcionalidade que permite a partilha de imagens e ficheiros de forma fácil só com um toque, foi melhorada e é agora mais simples de utilizar com smartphones Huawei. A transferência de fotografias é muito rápida nos dois sentidos, e os vídeos demoram um pouco mais mas também podem ser facilmente transferidos.

Huawei MateBook D 14
Huawei MateBook D 14

Conclusão? Um portátil a considerar para teletrabalho e telescola

Entre os vários portáteis que temos testado, o MateBook D 14  é sem dúvida um dos que tem a melhor relação entre preço e qualidade.

Para quem anda à procura de um portátil que esteja acima do básico e que possa garantir um desempenho que “cresça” com as necessidades dos alunos na telescola, ou no ensino a distância com que têm de acabar este ano escolar, o MateBook D14 é sem dúvida uma escolha a considerar, sobretudo porque o preço de 699 euros está claramente abaixo do valor total do pacote.

Este modelo compacto e leve é uma boa opção para quando precisar de o transportar para as aulas e para o trabalho, e claramente a performance e a bateria estão também entre as boas propostas para esta gama de preços, sobretudo se o trabalho não for muito exigente em aplicações mais pesadas.