Tal como a IDC tinha partilhado no início do ano, os smartphones de gama média são aqueles que registam maior dificuldade de crescimento no mercado. O seu posicionamento cria uma espécie de "limbo" na procura de smartphones, por um lado por serem muito caros para quem tem pouco dinheiro para investir; por outro, quem tem dinheiro junta um pouco mais e decide por um topo de gama, pois são aqueles que na altura de voltarem a ser trocados oferecem maior valor de retorno.
Ainda assim, marcas como a Samsung, Huawei, Xiaomi e claro, a Oppo, apresentam propostas interessantes de modelos de gama média/alta, procurando equilibrar o preço ao maior número de funcionalidades dos topos de gama. Estes são os modelos para tentar aliciar os mais jovens que não têm orçamento para os equipamentos mais caros, mas ainda assim aceder a algumas das suas características principais. Talvez a prioridade não seja o processador de topo, mas que dê para jogar. As câmaras são por norma a prioridade deste público-alvo, para criarem conteúdos em vídeo e partilharem nas redes sociais.
Design “premium” mas com magneto de impressões digitais
O novo Oppo Reno8 Pro é exatamente direcionado ao público jovem criador de conteúdos. Um smartphone que o SAPO TEK viu em primeira-mão na sua apresentação em Paris e tem vindo a testar nas últimas semanas. E se os olhos são os primeiros a terem contacto com o equipamento, o seu design é apelativo, ainda que possa dividir opiniões. O módulo traseiro é demasiado grande nesta versão Pro (menor na standard pela ausência de componentes-chave), maior ainda que o anterior Oppo FindX5, mesmo baseado na mesma filosofia de um corpo totalmente esculpido numa peça única. É um design com um toque de luxo observar os sensores das câmaras a salientarem-se do corpo de cerâmica, concedendo-lhe dessa forma o toque "premium" que o coloca no topo da cadeia de equipamentos.
Os seus cantos arredondados e arestas polidas tornam o smartphone agradável ao toque e ao mesmo tempo oferece uma navegação com apenas uma mão. O único problema no seu design é a cor preto piano que sendo belíssimo é um autêntico magneto de impressões digitais. Certamente que irá passar muito tempo a esfregar a traseira do equipamento na roupa para o limpar, até porque o smartphone não inclui na caixa qualquer tipo de capa protetora.
Veja na galeria imagens do smartphone:
Um aspeto a ter em conta é que o seu módulo fotográfico é o primeiro contacto com a superfície quando pousa o smartphone, por ser mais saliente. É preciso ter cuidado a riscos nas lentes. Curiosamente, o módulo cria também um desequilíbrio do smartphone numa mesa com superfície lisa, e foram diferentes vezes que assistimos ao equipamento a deslizar sem motivo aparente. Fica o alerta para este não cair ao chão.
Na disposição das suas entradas e botões, a Oppo decidiu isolar na sua direita o botão de energia, que tem um pequeno sinal verde de orientação. E do outro lado os botões do volume. Na minha utilização, utilizar o indicador da mão do lado contrário para alterar o volume não me pareceu a escolha mais acertada, preferindo os modelos que têm estes botões na direita para serem alterados com o polegar. Mas será uma questão de habituação e preferência pessoal. Na parte de baixo pode encontrar a bandeja para o cartão SIM e a ligação de USB-C.
Smartphone 5G e hardware de topo (mas não muito)
Nos últimos anos a Oppo apostou no 5G, estando preparada com uma oferta de equipamentos para quem decidir mergulhar na nova geração móvel. Este elemento já nem é um “selling point”, porque há modelos de smartphones 5G são cada vez mais baratos no mercado e não faltará muito para todos oferecem a tecnologia de base. Mas há um ponto onde a Oppo tem investido: a tecnologia de baterias mais pequenas, leves e duradouras, suportado pela sua tecnologia de carregamento rápido, o SuperVooc.
A fabricante prometeu uma carga de 50% de bateria em 11 minutos, considerando que este estava completamente descarregado. Durante os nossos testes, confirmamos exatamente isso, bastando 5 minutos (cronometrados) para obtermos cerca de 30% de energia, o que garante algumas horas de utilização. O sistema de carregamento rápido, neste caso de 80 W, retira muito a ansiedade da autonomia, que dada a utilização consistente dos utilizadores mais jovens é o melhor que poderiam pedir.
Ainda sobre a bateria, que neste modelo é de 4.500 mAh, a Oppo promete uma maior longevidade na sua esperança de vida. Nos cálculos de laboratório da fabricante, as suas novas baterias podem durar 1.600 ciclos de carregamento, ou seja, cerca de quatro anos, sensivelmente o dobro da maioria dos equipamentos no mercado. Pessoalmente, a possibilidade de poder carregar rapidamente durante alguns minutos, quando não se tem tempo para uma carga total, é o melhor que esta nova geração de equipamentos tem para oferecer. E o Reno8 Pro surpreendeu, confirmando-se a aposta da marca na investigação de novas tecnologias de bateria.
Obvio que para a Oppo reduzir o preço de um smartphone premium, teve de fazer alguns compromissos. O processador é claramente o elemento onde se nota esse corte, optando por um MediaTek Dimensity 8100-Max. De notar que esta nova geração de processadores da MediaTek tem demonstrado estarem a par do seu rival Snapdragon da Qualcomm, sendo listados com frequência nos tops do benchmark AnTuTu. Mas neste caso, não se trata do topo de gama da série 9000, mas sim uma versão um pouco inferior.
Mas o que interessa é que o desempenho foi sempre eficaz, fosse nos testes de multitasking, sendo rápido a mudar de apps; o uso da câmara fotográfica; e claro, jogar. Dos jogos testados, como os habituais Apex Legends, Call of Duty Mobile e Genshin Impact, todos eles correram sem problemas a registar. O smartphone tem ainda, nesta versão Pro, 8 GB de RAM e 256 GB de armazenamento interno que dá para executar a maioria das tarefas e ainda fazer multitasking.
De salientar ainda as duas colunas estéreo do smartphone, que ajudam a criar um bom som geral, seja a ouvir música no Spotify ou a assistir a uma série do Netflix. A versão standard do equipamento apenas tem um altifalante.
Ainda no que diz respeito ao ecrã, a Oppo salientou que este tem certificações oficiais da Netflix e Amazon Prime video, de forma a otimizar os conteúdos. Conte ainda com suporte a HDR-10+ na qualidade de imagem. De notar que, tal como outros smartphones, o Reno8 Pro suporta gestos especiais que são reconhecidos pelo sistema, podendo navegar pelas apps ou atender chamadas, mesmo sem tocar no equipamento.
O sistema de emparelhamento com o computador através do Multi-Screen Connect ajuda a trocar ficheiros entre os equipamentos de forma mais fácil. Além de poder clonar o smartphone para o PC. E inspirado nas tecnologias “anti-mirones” disponíveis nos computadores portáteis, a câmara frontal deteta quando outras pessoas estão a espreitar para o ecrã, escondendo as notificações.
Prioridade na câmara fotográfica, mas houve downgrade face ao modelo anterior
É preciso esclarecer que apesar do foco ser a câmara fotográfica deste modelo, não estamos perante o que o melhor se faz no mercado, mesmo que partilhe características com o seu topo de gama Oppo FindX5. O NPU MariSilicon X é o mesmo que a fabricante introduziu no seu modelo principal, mas no geral houve um downgrade dos sensores do módulo.
A câmara principal ganhou maior atenção da marca, que anteriormente disse ao SAPO TEK que foi das funcionalidades mais pedidas para melhoria. Assim, o sensor conta com um IMX766 de 50 MP da Sony. É possível gravar vídeo em Ultra 4K para criadores mais exigentes, mesmo em condições de iluminação menos favoráveis ou de noite.
Durante o teste considero que a câmara funciona bem na utilização geral, na qualidade e nitidez das imagens, apresentando cores vivas, mas de tons realísticos. A câmara é rápida a disparar e esteve sempre pronta para ser utilizada. O único problema que notei foram os zooms, que destorce os elementos, mesmo em distâncias menores. Ou seja, tem um excelente alcance, mas o sensor desfoca os elementos ao longe, sendo preferível evitar esta funcionalidade, sobretudo ao máximo.
Veja na galeria algumas fotografias captadas pelo Oppo Reno8 Pro:
Isso acontece porque é nas câmaras secundárias que se regista o downgrade do módulo, oferecendo uma ultra grande angular de 8 MP e 2 MP no sensor macro, quando o anterior Reno6 tinha sensores de 16 e 13 MP, respetivamente. A fabricante defende que concentrou os recursos na sua câmara principal, a mais utilizada pelo público-alvo do equipamento. E isso nota-se também nas fotografias macro que testámos, sendo mais difícil de se obter boas imagens e texturas detalhadas, para quem gosta de captar imagens de insetos ou plantas, por exemplo. E no que diz respeito a fotografias em movimento, como por exemplo, captar durante uma viagem de carro, as imagens acabaram também desfocadas.
Outra aposta foi a introdução do sensor Sony IMX709 de 32 MP na câmara frontal, com suporte a autofoco e ângulo adaptável. A marca referiu que este sistema permitia a entrada de mais 60% de luz no obturador e pelos testes cumpre as necessidades de fotografias e vídeos na primeira pessoa, prontos a partilhar nas redes sociais. É o tipo de câmara que pode ser utilizada em locais menos iluminados, um companheiro para andar no bolso durante as atividades noturnas, como idas às discotecas ou passeios, para registar os momentos com amigos. O sistema de autofoco consegue também adaptar-se ao número de pessoas frente ao sensor, ajudando o utilizador a enquadrar o grupo.
A câmara frontal cumpre sobretudo na gravação de vídeos em formato de vlog. Nos testes que fiz, além do bom enquadramento e qualidade da imagem, a fluidez da imagem, mesmo quando gravado a uma resolução de 1080p, com 30 FPS. E no exterior, notou-se uma diminuição do ruído do vento, registando uma boa captação de voz. É possível ativar as duas câmaras em simultâneo, ideal para fazer um streaming de vídeo, e dessa forma filmar-se a si e tudo o que o sensor traseiro capta. De referir ainda que a câmara em formato punch hole, utilizando um pequeno orifício no topo do ecrã, contribui para a estética geral do smartphone, que é bastante agradável.
De um modo geral, este Oppo Reno8 Pro é um telemóvel com um design muito agradável, mesmo que o seu módulo traseiro gigante possa não agradar a todos. Salienta-se pela qualidade de ecrã, em tamanho e performance, e por ser um smartphone leve e fino não terá dificuldade em manuseá-lo apenas com uma mão. O destaque vai para a sua câmara principal, mas todas as opções de fotografia com os sensores secundários deixam a desejar.
É um smartphone claramente direcionado a um público jovem (e com bom orçamento para gastar), ao aliar um design premium, com a espontaneidade de captura de fotos e vídeos com qualidade na maioria dos cenários. E mesmo para quem deseja jogar os títulos mais exigentes do mercado também não vai ficar desapontado. Mas para mim, a autonomia da bateria e o seu sistema de carregamento rápido foi o que me conquistou. É aquilo que mais preciso num equipamento.
Quanto ao preço, prepare 849,99 euros pela sua versão Pro, contra os 599,99 euros da sua versão standard. A tecnologia de fotografia MariSilicon X, um melhor ecrã, as suas colunas estéreo e maior rapidez de carregamento ditam as diferenças no preço. Ainda assim, há que considerar que embora seja catalogado como um equipamento de gama média alta, está quase no patamar dos topos de gama. Em comparação, a versão standard do iPhone 14 começa nos 1.039 euros. Há duas cores do smartphone à escolha, o preto esmalte (a versão testada) e o verde esmalte, ambos muito agradáveis.
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