
Por Agostinho Neves (*)
A indústria automóvel atravessa um período de profunda transformação influenciada por macrotendências como as alterações climáticas, a reconfiguração da cadeia de abastecimento e os rápidos avanços tecnológicos. À medida que as empresas repensam as suas estratégias para se adaptarem a estas mudanças, é fundamental que inovem e otimizem toda a sua cadeia de valor. Esta transformação é caracterizada por várias tendências que estão a moldar o futuro da mobilidade.
Olhemos para a questão dos carros elétricos, ainda com consenso inexistente sobre serem a solução a longo prazo. O preço de construção e a capacitação das infraestruturas necessárias aos veículos elétricos, são alguns dos fatores que contribuem para as diferentes opiniões. Por conseguinte, é compreensível que os principais intervenientes do mercado tenham estratégias de investimento diversificado, tanto na eletrificação, como no desenvolvimento de combustíveis ecológicos que, no futuro, sirvam os atuais motores de combustão.
Seja qual for a opção que venha a vingar (veículos elétricos vs veículos a combustão), ou até se as duas opções vingarem, não há dúvidas de que, à data, a eletrificação é uma resposta crítica à necessidade urgente de reduzir as emissões de carbono e combater as alterações climáticas. Esta transição implica não só a substituição dos motores de combustão interna por motores elétricos, mas também o desenvolvimento de infraestruturas para carregar os veículos elétricos e a integração de fontes de energia renováveis. Os automóveis estão a transformar-se em plataformas digitais sofisticadas, graças à integração de tecnologia, que lhes confere conectividade e funcionalidades digitais avançadas, melhorando a experiência de condução. Já o desenvolvimento de veículos autónomos promete revolucionar a mobilidade. Estes veículos estão equipados com sensores avançados e inteligência artificial (IA) que lhes permite funcionar de forma independente, visando a melhoria da segurança rodoviária, a fluidez do tráfego ferroviário e aumentando a acessibilidade. No entanto, a generalização da sua utilização só será possível após a superação de desafios ao nível regulatório e ético.
Outro ponto importante é a sustentabilidade da indústria, que já começou a utilizar materiais mais leves, a melhorar a eficiência dos combustíveis e a adotar modelos de economia circular para minimizar o impacto ambiental. Os fabricantes de equipamento original (OEM) do setor automóvel estão a definir objetivos climáticos ambiciosos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e melhorar a eficiência dos combustíveis. Isto implica a gestão de dados ESG e o desenvolvimento de modelos de negócio circulares.
O aumento dos serviços de transporte com condutor e de partilha de automóveis é outro fator que está a transformar o modelo tradicional de “propriedade”. Atualmente, os consumidores preferem a flexibilidade e a conveniência de utilizar automóveis como um serviço, optando por alugar ou subscrever veículos em vez de os adquirir. Os fabricantes, encorajados pelo crescimento das plataformas de comércio eletrónico estão a optar por vendas diretas, contornando os concessionários tradicionais. Desta forma, os fabricantes de automóveis obtêm um maior controlo sobre as suas vendas e obtêm ainda os respetivos dados de marketing.
Os dados são extremamente valiosos, pois estão no cerne do futuro da mobilidade. Os fabricantes de automóveis estão a aproveitar os dados em toda a cadeia de valor para otimizar a produção, melhorar a qualidade e proporcionar experiências mais satisfatórias aos clientes. Por outro lado, e à medida que a indústria se torna mais conectada, torna-se evidente a importância de proteger os ambientes industriais contra as ameaças cibernéticas. São necessárias medidas de segurança abrangentes, que incluam a segmentação da rede, a gestão de atualizações e a encriptação de dados, de forma a garantir a proteção dos dados sensíveis e a segurança das linhas de produção e dos clientes.
No mercado da indústria automóvel, a diferenciação depende, assim, cada vez mais da forma como as empresas conseguem oferecer, apresentar e rentabilizar serviços de valor acrescentado. Melhorar a experiência do cliente através de um comércio eletrónico simplificado, aplicações de valor acrescentado e tecnologias avançadas, como a realidade aumentada e a realidade virtual, serão essenciais para se manterem competitivas.
Não restam dúvidas que a indústria automóvel está na vanguarda de uma era de transformação. Ao adotar a eletrificação, combustíveis ecológicos, conectividade, sustentabilidade e modelos de negócio inovadores, a indústria terá a possibilidade de explorar novas oportunidades de negócio ao mesmo tempo que proporcionará um valor superior aos clientes.
(*) Vice President Consulting Services, CGI
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