Devem os alunos abraçar as ferramentas de inteligência artificial generativa sempre que se justifique? Segundo o relatório do Instituto Superior Técnico (IST), sim, nas unidades curriculares onde seja possível o recurso a ferramentas de IA, estas devem ser promovidas entre os alunos, “e exercida explicitamente, a capacidade crítica acerca das próprias ferramentas de IA”, segundo as recomendações citadas num relatório publicado pela Comissão REFLet, coordenado pelo professor do Técnico, Arlindo Oliveira.
O IST defende que não deve ser adotada nenhuma medida geral de proibição relativamente ao uso de ferramentas baseadas em IA nos processos de ensino ou nos metidos de avaliação. A documento da Comissão salienta que no âmbito da formação universitária, os sistemas de diálogo baseados em IA poderão ser usados para dar informação aos estudantes sobre os seus trabalhos, criar uma experiência de aprendizagem mais personalizada, melhorar a gestão do tempo e monitorizar a satisfação académica. E quando necessário, possibilita intervenção rápida.
O documento do instituto refere outras vantagens da IA para os alunos, tais como na ajuda à estimulação da imaginação em sessões de brainstorming, gerar questões, criar propostas de estruturas de documentos, a análise de dados, assim como a possibilidade de reconhecer padrões. Por outro lado, sempre que for adequado, os professores devem usar ferramentas baseadas em IA para enriquecer, simplificar e atualizar o processo de ensino e criação de respetivos conteúdos.
No entanto, os professores têm de assegurar que existe equidade no acesso às ferramentas de IA pelos alunos, assim como o incentivo à sua utilização. Os elementos de avaliação através de ferramentas de IA podem ser mais personalizados e adaptativos, mas devem ser combinados com os métodos tradicionais, tais como exames e testes, assim como componentes orais, para verificar se os alunos adquiriram as respetivas competências e conhecimentos.
Para as avaliações, devem ser explicitados quais os recursos e ferramentas de IA que os alunos podem utilizar de forma legítima durante os exames. Por outro lado, devem ser exigidas a entrega de uma declaração de honra para os casos em que são proibidos. Considerando que não existe um fundamento nos modelos de linguagem para a autoria ou se fazer citações dos mesmos, pode ser exigida uma declaração de utilização dos mesmos e o seu objetivo.
O Conselho Pedagógico do Técnico afirma ainda que a evolução das ferramentas de IA é demasiadamente rápida para se poderem definir regras definitivas e mais normativas no uso das mesmas. O incentivo no uso académico é também uma forma de preparar os alunos para o mundo do trabalho, em que as ferramentas de IA estão a ser utilizadas nas diversas áreas. Mas deixa também o alerta para a limitada fiabilidade das informações e resultados obtidos pela IA, sendo que os estudantes são os responsáveis pela validação e robustez dos resultados.
O Técnico vai organizar programas de esclarecimento e metodologias para o uso deste tipo de modelos de linguagem baseados em IA.
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