A análise exaustiva foi feita pela primeira vez no estudo Percursos no Ensino Superior – Situação após quatro anos dos alunos inscritos em licenciaturas de três anos que foi publicado na semana passada pela DGEEC e que é hoje detalhado no Jornal Público. O estudo faz a avaliação do percurso dos alunos que entraram no ensino superior em 2011 e acompanha o trajeto nos quatro anos seguintes, até ao ano letivo de 2014/15.

Ao todo o relatório abarca peto de 52 mil estudantes e as conclusões permitem compreender tendências que antes eram afloradas no portal Infocursos, que partilha métricas de retenção e taxa de emprego.

De acordo com os dados, todos os anos há 15 mil alunos inscritos no ensino superior que abandonam o curso, o que corresponde a uma taxa de 29%, mas menos de metade dos alunos consegue acabar o ciclo da licenciatura nos três anos de duração regular.

O valor da taxa de abandono é significativo e é três vezes mais elevado do que o apontado no site Infocursos, apontando uma situação preocupante de falta de adaptação do sistema. Ao mesmo jornal, os investigadores do Centro de Estudos Sociais, que desenvolveram o estudo Sucesso e Abandono no Ensino Superior em Portugal lembram que os alunos com notas mais baixas entram em cursos que não são as suas primeiras opções e que “um aluno que não entra numa das suas primeiras opções, vai estar menos motivado, mas também mais propenso a abandonar os estudos”, e por isso se aparecer uma oportunidade de emprego, mais facilmente vai aceitá-la.

De acordo com os dados analisados pela DGEEC, é também considerado o impacto que o percurso escolar anterior do aluno tem no seu comportamento no ensino superior. Há uma proporcionalidade entre o valor de média de acesso e a taxa de abandono dos alunos: só 8% dos alunos que entram com uma média de 20 valores deixam o curso superior, ao passo que, entre os que entram com média de 10 valores, esse valor sobe para 54%.

Da mesma forma, os alunos que entram nas duas primeiras opções do concurso nacional de acesso têm taxas de conclusão muito superiores, de 53% na primeira opção e  50% na segunda, do que quem entra na quinta e sextas opções, que se fixam nos 42% e 38%, respetivamente.

Cursos de engenharia estão entre os que demoram mais a concluir

Apesar de ser uma das áreas com maior taxa de empregabilidade, as engenharias estão entre os cursos que demoram mais tempo a concluir, e a informática tem a taxa de abandono mais elevada.

O estudo revela que quatro anos depois de entrarem no ensino superior, 28% dos estudantes dos cursos de Engenharia ainda estão inscritos na mesma formação, sem a terem conseguido completar dentro dos três anos previstos. Esta é a taxa mais elevada de todas as áreas de estudos que foram analisadas no relatório da DGEEC.

O jornal destaca ainda que as outras duas áreas que apresentam um valor elevado de alunos que se mantinham ainda inscritos na licenciatura sem a terem conseguido concluir também estão ligadas à Engenharia. São os cursos de Serviços de Transportes, com um abandono de 26%,  habitualmente nos departamentos de Engenharia Civil das universidades, e Informática, com 24%.

Os cursos de Informática são também os que apresentam um nível de abandono do ensino superior mais elevado, com 36% dos estudantes a deixarem o ensino superior sem terem conseguido concluir a formação. Uma das razões apontadas é a dificuldade dos alunos nas áreas da Física e Matemática, que são essenciais a estes cursos.

O estudo revela ainda as áreas do ensino superior com melhor taxa de conclusão dos cursos, que são a dos Serviços Sociais, com 75% dos alunos a concluir nos três anos, seguindo-se a Saúde com 70% e Informação e jornalismo, com 69%. Curiosamente estas áreas são aquelas em que há um menor número de alunos ainda inscritos nos mesmos cursos quatro anos depois de neles entrarem: apenas 3% no caso de Serviços Sociais, 8% na Saúde e 4% em Informação e Jornalismo.