São 28 os alunos que hoje começam um novo desafio na 42 Porto,  o SEA:ME, um curso de especialização pioneiro na área de engenharia de software para automóveis e mobilidade que segue uma metodologia inovadora na formação. Pedro Santa Clara, fundador da 42 em Portugal e da Shaken Not Stirred, partilhou com o SAPO TEK a sua expectativa em relação ao novo curso e ao “super grupo” de alunos que hoje começam a formação que vai durar 6 a 12 meses e que é de frequência gratuita, oferecendo ainda uma bolsa de 8.200 euros para cada aluno.

“Quando terminar a graduação do primeiro grupo ficarei muito orgulhoso de ter alunos nas melhores empresas do mundo”, sublinha Pedro Santa Clara.

O curso SEA:ME (Software Engineering in Automotive and Mobility Ecosystems) resulta de uma parceria entre a Universidade de Seul, a 42 de Wolfsburg e a 42 Porto, pela mão da Shaken Not Stirred, para desenvolver um currículo numa área onde foi identificada uma necessidade do mercado. “Desde que a Tesla lançou os seus automóveis o carro passou a ser uma plataforma de software e isso contribui para reinventar a indústria que precisa de talento que conheça temas de condução autónoma, cibersegurança e sistemas embebidos”, afirma, lembrando que “há uma grande vantagem em formar especialistas que conhecem o contexto da indústria”.

Este é o primeiro curso especializado trazido pela Shaken Not Stirred para Portugal, numa nova linha de desenvolvimento que a empresa quer aprofundar com outras áreas nos próximos meses. “Estamos a avaliar, de forma cautelosa, as áreas para outros cursos de especialização”, adiantou ao SAPO TEK, referindo como potenciais áreas a biotecnologia, healthcare, financeira, banca e seguros e a Web3.

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Ainda não há uma decisão mas há interesse de parceiros e alunos e estamos a reunir o know how para desenvolver os programas”, explica o fundador da 42, sublinhando que “dá muito trabalho e é preciso reunir as boas vontades de muita gente”, até porque os cursos são totalmente gratuitos para os alunos que os frequentam.

No caso do SEA:ME Pedro Santa Clara diz que teve a sorte de “encontrar um grande especialista português que traz esse conhecimento e especialidade” e conseguir a parceria da Critical TechWorks e a Brisa, duas empresas inovadoras com muita experiência nestas áreas de mobilidade e desenvolvimento de software para a indústria automóvel. Para desenvolver o curso foi criado um espaço na 42 Porto, com grupos de trabalho onde os alunos vão desenvolvendo os projectos e respondendo aos desafios dos tutores, com acompanhamento diário, numa lógica Agile.

De olhos no futuro da mobilidade

Para já o programa arranca com 28 alunos “cuidadosamente selecionados”, já com background nas áreas de engenharia. A maior parte dos inscritos são graduados da escola 42 e os restantes terminam até final do ano, juntando-se ao grupo também três colaboradores da Critical TechWorks. A média de idades é de 32 anos, sendo que o mais novo tem 20 anos e o mais velho 58, e Pedro Santa Clara destaca que são pessoas “com muita garra e experiência de vida”, alguns em processo de mudança de carreira.

Ao contrário do que acontece no curso de programação base da 42, no SEA:ME os alunos recebem uma bolsa, um elemento que foi considerado fundamental para reter o talento já que são pessoas que “muito conhecimento e experiência” que podiam estar já a trabalhar em empresas.

Pedro Santa Clara não quer ainda falar sobre os próximos passos do programa, que vai começar a recrutar os alunos para a próxima edição provavelmente nas próximas piscinas que estão calendarizadas. Ainda assim lembra que esta formação é apelativa, mas “não é um caminho para toda a gente”.  “Temos mais de 60 mil candidatos e cerca de 1000 alunos na 42 […] é mais difícil de entrar do que em Medicina”, adianta, dizendo que exige muita iniciativa e responsabilidade dos alunos porque o programa não segue um modelo de formação tradicional, em que há professores a dirigir e a comandar”.

“Na 42 os alunos aprendem a apender e saem capazes de pegar em qualquer desafio”, sublinha Pedro Santa Clara.

Para já a Critical TechWorks e a Brisa são os únicos parceiros do SEE:ME mas o fundador da escola não esconde que gostava de ter mais empresas a juntar-se ao programa, até para garantir a sua sustentabilidade. “Não temos apoios públicos e a formação é totalmente gratuita para os alunos”, explica para sustentar a necessidade de parcerias privadas.

Para as duas empresas este é um modelo que traz valor e que acrescenta valor. Eduardo Ramos, chief development officer do Grupo Brisa, destaca a componente prática, articulada com necessidades e problemas reais. “Com esta parceria, esperamos ter acesso a insights, soluções e tendências sustentadas em know how empírico e totalmente virado para a aplicação prática”, afirma, acrescentado que “no caso do Grupo Brisa, soluções para veículos autónomos, sistemas controlados por software ou cibersegurança fazem parte do nosso dia-a-dia e vão estar cada vez mais presentes no nosso âmbito de trabalho e atuação”.

Do lado da Critical TechWorks, Mariana Longa Correia, Social Responsibility & Sustainability da empresa, sublinha também que “dada a constante evolução tecnológica que afeta este setor, e iniciativas que procurem dotar jovens profissionais das mais recentes qualificações técnicas, esta iniciativa beneficia o setor, a indústria e a economia”, e diz que a empresa “irá alocar alguns profissionais enquanto mentores ao longo do programa, promovendo a partilha de conhecimento técnico de domínio e experiência profissional”. A parceria poderá estender-se mesmo para além do programa SEE:ME.

Hoje é ainda o primeiro dia do programa especializado mas as expectativas são elevadas, como explica Pedro Santa Clara que desafia outras empresas a juntar-se às iniciativas da escola e aos seus projetos.

Nota da Redação: A notícia foi alterada para clarificar a relação com a 42 Porto. Última alteração 21h42