A sustentabilidade é um dos pilares chave da conferência Digital with Purpose Global Summit que esta semana decorre em Lisboa, juntando mais de 300 oradores nacionais e internacionais com o propósito de discutir e apresentar soluções e contributos do digital para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030.

Em entrevista ao SAPO TEK. Luís Neves, CEO do Global Enabling Sustainability Initiative (GeSi), que organiza a conferência, diz que este é um momento de ação e de mobilização da sociedade para que dê o seu contributo, no ambiente, na economia e na dimensão social. As preocupações com a alterações climáticas, a redução da biodiversidade e as desigualdades de rendimento e oportunidades estão no centro dos debates para se atingir o potencial máximo do digital na construção de soluções.

Luís Neves admite que o que está a ser feito não é suficiente, num mundo que caminha a passos largos para os 10 mil milhões de habitantes e onde a tecnologia está concentrada nas mãos de algumas empresas, e não disponível como um bem comum para contribuir para um mundo melhor. A referência é feita à Inteligência Artificial, aos problemas relacionados com a privacidade, os direitos humanos e a democracia, mas não só.

“Temos, como seres humanos, de perceber que temos de estar à frente das evoluções. Não podem continuar a desenvolver-se de forma descontrolada”, defende Luís Neves

E lembra que isso é essencial para garantir que daqui a 20 anos vamos ter uma sociedade onde podemos desenvolver-nos, ter uma vida melhor e em harmonia. “Para isso é fundamental o contributo das novas gerações porque são as que cá vão estar daqui a 20 anos”, afirma.

Para o CEO do GeSI, “temos a responsabilidade de assegurar um planeta para as gerações vindouras” , e cabe-nos ajudar os mais jovens a fazer esse caminho. Lamenta que o tema das alterações climáticas e da sustentabilidade parecer continuar a não ter interesse para os mais velhos. “Parece que há gerações que não estão interessadas em falar no clima”, explica.

Pelo contrário, os jovens estão mais sensíveis para estas questões. “É muito importante trazê-los para esta agenda e com eles ajudar a formatar, se é permitido dizer, um planeta onde seja possível viver de forma sustentável, onde se possa respirar, onde possamos viver com saúde e comodamente e sem conflitos”, afirma.

Mas é preciso pormos o humano à frente dos desenvolvimentos tecnológicos, e “assegurar que não são controlados só por meia dúzia e que são um legado para todos, do qual usufruímos e para o qual contribuímos”, justifica.