Esta semana Portugal dá continuidade ao processo de migração para a TDT iniciado no ano passado, com três experiências piloto. Se bem que um inquérito ontem divulgado pela Anacom revele que a maioria dos portugueses estão prontos para o apagão analógico, o tempo é para esclarecer dúvidas e o TeK deixa o seu contributo, voltando a um tema que temos abordado já por diversas vezes.



Hoje deixamos-lhe 10 respostas a algumas das questões que mais têm inquietado os portugueses, como pudemos confirmar em informação disponibilizada pela DECO e mesmo no espaço de comentários do TeK.




O que é a TDT, para que serve e o que introduz a mais, face ao que temos hoje?

A Televisão Digital Terrestre representa uma mudança que acontecerá em toda a União Europeia e que, na prática, permite a quem usa os serviços gratuitos de televisão continuar a receber os quatro canais de que já dispõe, com melhor qualidade de som e imagem e um guia eletrónico de programação. Noutros países a TDT foi uma oportunidade para introduzir mais canais na TV em sinal aberto. Em Portugal também poderia ter sido, mas a hipótese acabou por não passar disso mesmo. Foi lançado um concurso para a criação de um quinto canal mas o projeto não vingou. Continua em aberto a possibilidade desse espaço ser ocupado com programação da RTP, SIC e TVI em alta definição, mas até agora as empresas não chegaram a acordo relativamente ao tema.

A transição para a TDT acontece em nome de uma gestão mais eficaz do espectro radioelétrico, um bem escasso e que a TV analógica usa mal, ocupando muito espaço para funcionar e assegurar emissões. Com a transição, a TDT arruma-se em faixas de frequência mais adequadas e deixa espaço livre para fazer correr novos serviços, como a quarta geração móvel que os operadores se preparam para lançar nos próximos meses.
Em Portugal, estima-se que a mudança para a TDT afete 30% das famílias (cerca de 1,3 milhões), já que as restantes usam serviços pagos de televisão. Para estes, nada muda.

Sublinhe-se ainda que os serviços digitais de televisão estão disponíveis em todo o país há mais de um ano pelo que, mesmo sem chegar a data do apagão, qualquer família pode já hoje fazer a mudança, desde que tenha a necessária cobertura.



O que devo fazer para mudar?

Se estiver numa zona de alcance da TDT, o que acontece a mais de 90% da população, deve em primeiro lugar verificar as características do televisor. Se o modelo for recente, verifique se tem suporte para estas tecnologias DVB-T e MPEG4/H.264. A primeira referência é da norma adotada para a TDT na UE, a segunda diz respeito à tecnologia de descompressão de vídeo. Se encontrar ambas terá apenas de definir o televisor para emissão digital e sintonizar os canais.


Se não encontrar esta combinação de siglas - ou se a televisão é antiga - tem de comprar um descodificador compatível com a mesma dupla de tecnologias (DVB-T e MPEG4/H.264) e ligá-lo à entrada HDMI ou Scart da TV. Se o televisor não tiver nenhuma destas entradas deve optar por um descodificador com modulação integrada, ou um modulador de sinal RF e um descodificador TDT, à venda em lojas de eletrónica. A seleção terá de obedecer aos mesmos critérios de conformidade com as tecnologias para a TDT em Portugal. Vale a pena sublinhar que embora o DVB-T seja uma opção tecnológica generalizada a toda a Europa, há variações entre países ao nível da norma de descompressão de vídeo escolhida.

Portugal escolheu o MPEG4, Espanha escolheu o MPEG2… quando for às compras acautele-se por isso que está a comprar o descodificador certo para o país onde vai ver televisão. Para entrar na era digital poderá ainda ter de reorientar a antena ou mesmo mudá-la, se bem que na esmagadora maioria dos casos a antena atual servirá. Os descodificadores estão à venda em todo o país e terão um preço médio de 30 euros, de acordo com os resultados de uma análise publicada no início de dezembro.

Mas no que se refere à cobertura de TDT há ainda a hipótese de nenhuma das situações que descrevemos acima lhe servir. Se o sinal de TDT não chegar com força suficiente à sua zona de residência terá de receber o serviço através de satélite, a resposta para as chamadas zonas sombra.

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Se estiver numa zona sombra (onde a alternativa é o satélite) o que devo fazer e quanto custa?

A primeira coisa que deve fazer para perceber se está ou não numa zona TDT é ligar para a linha de apoio criada para resolver dúvidas relativamente à migração para os serviços digitais de televisão. O número é este: 800 200 838 e é gratuito, ou consultar o site.

A resposta a todas as questões é assegurada por um call center gerido pela Portugal Telecom, que é quem tem a seu cargo a instalação e gestão da rede, um direito ganho por via de um concurso público. Online também pode o próprio utilizador introduzir a morada e confirmar se está ou não numa zona de cobertura TDT.
Se confirmar que para continuar a receber televisão em sinal aberto precisa de uma ligação satélite, por não estar numa zona de cobertura TDT, pode ter de fazer mais algumas compras, comparativamente a um português residente numa zona TDT. O preço dos descodificadores baixou recentemente dos 55 para os 40 euros (o valor real dos descodificadores para DTH é de 77 euros mas a PT comparticipa a compra em 37 euros, no site oficial há informação que explica como).

Contudo, o investimento pode aumentar para um valor total perto do 100 euros se precisar também de adquirir um prato de satélite e contratar a respetiva instalação, um serviço que a PT também assegura por um preço fixo de 61 euros. Note-se que enquanto os descodificadores para um acesso normal à TDT podem ser adquirido em qualquer loja de eletrodomésticos ou eletrónica, os equipamentos necessários para a cobertura satélite (DTH) só podem ser vendidos pela Portugal Telecom. A opção visa prevenir situações de fraude, já que o serviço satélite permite receber um leque de conteúdos muito mais abrangente, que a operadora bloqueia na altura da instalação para limitar as emissões aos canais em sinal aberto que a TDT se propõe oferecer.

Se for necessário alguém deslocar-se à minha residência para confirmar se o sinal de TDT chega em condições ao local ou é mais adequada a utilização do satélite devo ser eu a suportar esses custos?
O site oficial da TDT e a linha telefónica de apoio devem ser os primeiros meios usados para confirmar a disponibilidade de sinal TDT na sua área de residência. Contudo, em alguns casos pode não ser possível fazer essa confirmação à distância e ser necessário fazer deslocar um técnico ao local. Nesse caso o custo não deve ser suportado pelo consumidor.




Quem pode beneficiar de apoios à compra de descodficadores para a TDT e de quanto é esse apoio?
Podem solicitar apoio na compra de descodificadores famílias carenciadas beneficiárias do Rendimento Social de Inserção (RSI), reformados e pensionistas com reformas até 500 euros ou deficientes com um nível de deficiência igual ou superior a 60%. O apoio concedido a famílias inseridas nestes grupos é de 50% até um máximo de 22 euros. Este apoio é independente daquele que também é concedido às famílias residentes em zonas sem cobertura TDT e por isso pode ser cumulativo.

Tenho vários TVs em casa. Vou precisar de comprar um descodificador para cada uma delas?


Terá sempre de adquirir um descodificador para cada televisor, independentemente do número de televisores que precisar de migrar para a TDT.




Porque é que existem preços tão distintos entre descodificadores, o que os diferencia?
As diferenças de preço nos descodificadores explicam-se essencialmente pelas características que estes integram. Os equipamentos mais baratos permitem apenas a receção de sinal, os modelos avançados acrescentam ao básico um conjunto de funcionalidades como a possibilidade de parar um programa ou gravar os conteúdos emitidos. Estes são modelos com disco rígido incluído e que trazem para o universo dos 4 canais funcionalidades que já estão disponíveis para muitos clientes dos serviços pagos de TV, utilizadores de boxes com estas mesmas características de gravação.



O calendário para o apagão analógico foi alterado. Na faixa litoral do país, onde inicialmente se previa o switch-off para 12 de janeiro, quais são as novas datas?
Mantêm-se os três grandes momentos previstos para o apagão mas o primeiro, aquele que inclui toda a faixa litoral do país, vai acontecer de forma faseada, entre 12 de janeiro e 23 de fevereiro. Nos cinco momentos previstos o calendário é este:


  • 12 de Janeiro - Emissor: Palmela;
    Retransmissores: Alcácer do Sal, Melides e Sesimbra.

  • 23 de Janeiro - Emissor: Foia - Monchique;
    Retransmissores: Santiago do Cacém, Cercal do Alentejo, Odemira, Odeceixe, Monchique, Aljezur e Silves.

  • 1 de Fevereiro - Emissor: Lisboa-Monsanto;
    Retransmissores: Areeiro, Barcarena, Caparica, Carvalhal, Cheleiros, Estoril, Graça, Montemor-o-Novo, Odivelas, Sintra, Malveira, Sobral de Monte Agraço, Coruche e Cabeção.

  • 13 de Fevereiro - Emissor: Reguengo do Fetal;
    Retransmissores: Vale de Santarém, Sobral da Lagoa, Mira de Aire, Candeeiros, Alcaria, Tomar, Ourém, Caranguejeira, Leiria, Alvaiázere, Avelar, Pombal, Castanheira de Pera, Espinhal, Senhora do Circo, Padrão, Ceira dos Vales, Vale de Açôr, Vila Nova de Ceira, Ceira, Coimbra, Caneiro, Cidreira, Lorvão, Penacova, Mortágua, Avô e Benfeita.

  • 23 de Fevereiro - Emissor: São Macário;
    Retransmissores: Préstimo, Viseu, Cedrim, Vouzela, Vale de Cambra, Covas do Monte, Santa Maria da Feira, Arouca, Rio Arda, Lalim, Vila Nova de Gaia, Foz, Valongo, Santo Tirso, Caldas de Vizela, Caldas de Vizela II, Amarante, Gondar, São Domingos, Ancede, Caldas de Aregos, Resende, Lamego e Santa Marta de Penaguião.

No resto do país as datas mantêm-se?
Sim, a segunda fase do switch-off avança a 22 de março e desliga o sinal digital nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores onde, segundo o regulador, pouco mais de 10% da população será afetada pela mudança. O processo termina a 26 de abril com o desligamento dos emissores e retransmissores que ainda permanecerem ligados. Vale ainda a pena sublinhar que, já no ano passado, migraram para a TDT três zonas piloto, que foram as primeiras do país a avançar com o switch-off.



Ainda tenho dúvidas. Onde posso obter mais informação?
Na Internet há uma página dedicada à Televisão Digital Terrestre onde pode encontrar resposta à generalidade das dúvidas sobre o processo. Se não quiser ou não ficar satisfeito com a utilização destes conteúdos online pode sempre usar o telefone: 800 200 838. O número é gratuito.
A Anacom, regulador das comunicações eletrónicas e entidade que tem gerido o processo tem também informação disponível no site que pode consultar o uma área com mais de 50 perguntas e respostas (tal como a DECO. A Associação de Defesa do Consumidor tem feito várias análises em torno do tema e publicado vários artigos. Entre eles, análises comparativas sobre descodificadores


No TeK, como já referimos, o tema também já foi abordado por diversas vezes. Um dos artigos que pode consultar no nosso arquivo é o
guia completo para a TDT, publicado em março do ano passado.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira