As notícias sobre ataques informáticos são cada vez mais frequentes e as ameaças de ciberguerra pairam sobre as alegações de vários países, entre os quais se contam o Irão e a Coreia do Sul, que recentemente se queixaram destas práticas.

Tornar-se um hacker, ou pirata informático, parece ser hoje uma tarefa fácil para qualquer curioso e há ferramentas à venda na Internet que permitem criar vírus, explorar falhas nos sistemas ou adquirir acesso a contas bancárias e computadores alheios.

Mas a história da informática está inevitavelmente ligada a um outro tipo de hackers, que procuraram ultrapassar barreiras e descobrir novas formas de aceder à informação numa época onde a informática era uma descoberta e a Internet uma promessa.

A visão mais romântica do conceito está assente na partilha de conhecimento e na defesa de uma causa, muitas vezes ligada à liberdade de expressão ou à livre circulação de ideias. Neste grupo constam nomes famosos como Steve Jobs, Steve Wozniak e Linus Torvalds.

Do lado oposto ficam os crackers, ou black hat hackers, que têm como mote o enriquecimento rápido ou a destruição de sistemas e que são muitas vezes renegados pela própria comunidade hacker.

Na lista de "piratas" famosos que hoje reunimos muitos utilizaram o seu conhecimento de programação para obter benefícios financeiros, ou pelo menos reconhecimento pessoal, tonando-se também notados pelo tempo durante o qual conseguiram escapar à justiça.

Embora nem sempre seja clara a diferença entre os black hat e white hat o lugar na história está garantido.

É o caso de Kevin Mitnick que já contou em Portugal a história de como ainda adolescente invadiu sistemas de várias empresas telefónicas e de Internet. Depois de uma longa perseguição do FBI, de que foi conseguindo escapar, esteve preso entre 1995 e em 2000 e ficou três anos em liberdade condicional, sem poder ligar-se à internet.

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Hoje trabalha como consultor de segurança na Web e é autor do livro "A Arte de Enganar", que mostra a arte da Engenharia Social, contando histórias reais.

Em parte foi o seu confronto com Tsutomu Shimomura que tornou este especialista do Centro Nacional de Supercomputação em San Diego mais famoso. O hacker descobriu que Mitnick tinha conseguido entrar em grandes operadores como a Netcom, WELL e algumas universidades e denunciou a sua actividade, colaborando depois com as autoridades na "caça" ao fugitivo.

A história deu origem ao livro de Takedown escrito pelo Tsutomu Shimomura e John Markoff, que foi transposto para o cinema com o mesmo nome.

Menos conhecido, Jonathan James foi o primeiro "pirata" a ser preso, ainda com 16 anos por invasão de sistemas informáticos. confessando que o seu mote era superar desafios, Jonathan James entrou nos sistemas do Pentágon e da NASA e era conhecido como “cOmrade”.

[caption]Nome imagem[/caption]Também Adrian Lamo é um dos nomes que fica para a história, mas que acabou igualmente por ser detido depois de entrar em sites do Yahoo! e do New York Times. 65 mil euros de multa e 6 meses de prisão foram o resultado da brincadeira que apesar de tudo teve sempre "boas intenções", procurando identificar as falhas informáticas dos sistemas e reportá-las aos responsáveis da informática.

Por ter espalhado de forma "acidental" um worm que infectou seis mil computadores em 1988, e fazendo boa parte da Internet parar,
Robert Morris ganha também espaço nesta lista. Percursor de muitos outros ataques semelhantes, o exemplo de Morris é mais curioso por ser filho de um cientista chefe do National Computer Security Center, parte da Agência Nacional de Segurança.

Mais recentemente outros hackers acabaram por ser detidos por motivos mais ou menos sérios de invasão de sistemas, como o jovem francês de 25 anos que estava a tentar controlar a rede social Twitter. O jovem, conhecido como "Hacker-croll", conseguiu obter os códigos de administrador da rede de microbloging e podia navegar no serviço como quisesse, criando ou anulando contas.

Muitos outros nomes podiam - e deviam - ser citados, mas a ditadura do tempo e do espaço acaba por limitar esta "montra" de referências.

Fica porém uma nota para os hackers portugueses. Celso Martinho, um dos criadores do SAPO, Mário Valente, professor universitário, Paulo Laureano Santos, fundador da Mr.Net e Filipe Melo, que se dedicou à música e ao cinema, fazem parte de uma história que se conta também em português.

Podem não estar no top dos mais famosos a nível mundial, mas as suas crónicas foram narradas numa reportagem da SIC que ainda pode ser vista online e que reproduzimos abaixo.

Convidamos todos os leitores a deixarem outros exemplos e sugestões na caixa de comentários abaixo, porque a história do hacking ainda se faz todos os dias…

Nota de Redacção: Esta Montra foi revista e actualizada, já que foi originalmente publicada a 28 de Setembro de 2010.