Mais ou menos inúteis, as redes sociais são uma realidade incontornável. Multiplicam-se e existem para todos os gostos. Os criadores procuram encontrar pontos diferenciadores, capazes de fazer nascer nos internautas uma vontade incontrolável de criar mais um perfil - que muito provavelmente será votado ao abandono uns meses depois (mas isso são só pormenores).
Assim, há redes que são de "engate" à descarada, outras que privilegiam a exposição de artistas ou a captação de talentos, aquelas que colocam maior ênfase na partilha de conteúdos ou divulgação de notícias. Podem até vender-nos alguns serviços como uma coisa muito séria e destinada a estabelecer contactos profissionais em rede, mas em última análise, todas elas têm em comum um enorme potencial… para nos dar cabo da vida.
Desde que se deu o "boom" das redes sociais, temos assistido ao nascimento e morte de diversos serviços, uns mais exóticos, outros mais tradicionais, mas quase todos capazes de gerar a sua dose de polémica e estragos na vida social dos utilizadores.
De larápios localizados pela polícia por actualizarem o estado no Facebook, a mulheres a quem as fotografias de animadas saídas nocturnas publicadas online valeram o fim da baixa médica. Colaboradores que divulgaram mais detalhes do que podiam a respeito da empresa onde trabalhavam (o uso do pretérito imperfeito não é acidental) ou foram apanhados a dizer mal do patrão no Twitter. Os exemplos multiplicam-se, mas a verdade é que a experiência, ou algumas características, mostram que há serviços em que a probabilidade das coisas correrem mal se torna maior. Senão vejamos.
O primeiro exemplo teria de ser "a rede social do momento": o Facebook. Aquele que é considerado o grande fenómeno de crescimento dos últimos tempos conta com mais de 400 milhões de utilizadores no mundo, que todos os dias se arriscam um bocadinho ao exporem as suas vidas na rede social.
Depois de toda a polémica em redor de questões como as ferramentas de privacidade do serviço, ou a forma como este estaria a aceder a cada vez mais informação sobre os membros da rede social e a partilhá-la com outros sites, uma nova bomba explodiu, esta semana, nas mãos dos responsáveis pelo serviço (e na vida "social" de quem o usa?).
A informação começou por ser veiculada por alguns blogs especializados e depois por vários meios de comunicação internacionais: um erro no Facebook estava a permitir que os utilizadores acedessem em tempo real às conversas mantidas por outras pessoas através do chat do serviço. Ver os pedidos de amizade pendentes dos nossos contactos também passou a ser uma opção.
No mesmo dia, a empresa suspendeu o serviço de troca de mensagens instantâneas para proceder à correcção da falha e divulgou uma mensagem pedindo desculpa aos utilizadores pelos inconvenientes causados. Ainda não são conhecidos dados a respeito de quantos terão sido afectados - e de que maneira - por este pequeno problema técnico.
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No que respeita a divulgar online informação susceptível de deixar à beira de um ataque de nervos qualquer potencial visado, há um serviço que consegue "bater" aos pontos o Facebook. Estamos a falar do Blippy e da sua dificuldade em guardar só para si… os números de cartões multibanco dos seus utilizadores!
O propósito desta rede social, cujo conceito não se encontra ainda muito divulgado entre nós, consiste em publicar online - através de um site cujo layout se assemelha bastante ao de um microblog como o Twitter, por exemplo - as compras feitas por cada membro do serviço.
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Desde filmes alugados online, música e aplicações descarregados de sites, a compras efectuadas em lojas físicas, viagens, refeições pagas em restaurantes. O objectivo é mostrar a todos os nossos seguidores, a todo o momento, tudo o que se está a comprar.
E então? A apoteose do consumismo está online, isso não constitui qualquer problema. Pois não, até ao mês passado, quando os dados relativos aos cartões de débito e crédito de quatro utilizadores do serviço foram parar ao Google. Dá vontade de perguntar: para quê elaborar esquemas de phishing quando pode simplesmente fazer uma pesquisa online?
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Aparentemente, os números estiveram acessíveis cerca de dois meses, mas só no final de Abril a história começou a ser divulgada, levando os responsáveis pelo Blippy a tomar medidas e publicar um pedido de desculpas no blog do serviço.
"Não sei do que é que estás à procura mas arriscas-te a encontrar". Podia ser este o lema do Foursquare, uma rede social baseada na localização geográfica dos seus membros e outro dos serviços com grande potencial no que respeita a encontrar problemas. E não somos só nós que o dizemos.
O Foursquare funciona como um "jogo da vida real", onde os utilizadores marcam virtualmente os lugares físicos por onde passam para obter pontos e distinções. As actualizações são feitas a todo o tempo através do telemóvel e reproduzidas no site do serviço.
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A falta de privacidade e segurança decorrente de estarmos constantemente a publicar online onde nos encontramos a cada momento é a principal questão apontada ao serviço.
O assunto é explorado pelo site Please Rob Me, de que o TeK já falou e que alerta para os perigos de fornecer dados sobre a residência de alguém e a localização actual do seu proprietário, mostrando como é fácil descobrir casas vazias e prontas a serem assaltadas, cruzando apenas informação publicada online, em serviços como o Foursquare ou o Twitter.
A última actualização introduzida pelo Foursquare, para "apertar" as regras do jogo e impedir que os utilizadores ganhem pontos por locais onde na realidade não estiveram, vem conferir uma nova dose de fiabilidade à informação sobre a localização em tempo real dos membros da rede social. Uma nova ferramenta tira partido do GPS dos telemóveis para verificar se os utilizadores se encontram, de facto, onde dizem estar.
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Este serviço não é o único baseado na localização e, embora em Portugal, o género ainda não se encontre tão popularizado, nos EUA têm surgido novas propostas nesta área, como é o caso do Booyah, que atingiu esta semana os 2 milhões de utilizadores, registando um impressionante crescimento de 100 por cento em cerca de 3 meses. O Foursquare conta actualmente com 1,1 milhões de membros.
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Para terminar, outro dos campeões deste ano no que respeita à polémica, o Google Buzz. Lançado em Fevereiro - e embora actualmente já se encontre muito mais "domesticado" nas suas intenções de partilhar tudo o que é informação dos utilizadores do Gmail com tudo quanto fosse contacto na sua caixa de correio de electrónico - causou muitas dores de cabeça a todos quantos se viram perdidos em busca do tão falado botão de "opt out" que haveria de impedir que X soubesse que trocávamos emails com Y.
Os últimos desenvolvimentos incluem queixas em tribunal pela violação do direito dos consumidores com a partilha não autorizada dos seus dados.
Não é por falta de aviso que os internautas continuam a arriscar a segurança em prol da diversão e, embora seja expectável que estes sites fossem capaz de acautelar um certo grau de fiabilidade dos seus serviços, é difícil não nos questionarmos: até que ponto é que os utilizadores que optam por partilhar online todos os seus movimentos (ou gastos!) estão preocupados com questões como a privacidade?
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