Numa era em que há robots para tudo, estranho seria se não chegasse o dia em que estas máquinas nos pudessem livrar de multas ou ajudar a receber compensações por atrasos nos voos. Ok, não seria tão estranho assim, mas a verdade é que o dia chegou e o "primeiro advogado robot do mundo", como tem sido apelidado, já conseguiu contestar mais de 160.000 multas de estacionamento entre as cidades de Londres e Nova Iorque.

O DoNotPay foi criado pelo britânico de 19 anos, Joshua Browder, e consiste num chatbot que, através de questões de escolha múltipla, vai tentando reunir informações acerca da situação de que está a tentar recorrer. Caso as respostas a perguntas como "havia sinais de estacionamento claramente visíveis?" ou "qual destas opções melhor descreve a razão pela qual não deve receber uma multa?" forneçam um contexto favorável à reclamação do utilizador, o DoNotPay leva-o até a um formulário que depois pode ser submetido para contestar a decisão. 

O bot é produto do trauma e nasceu após o seu criador ter sido multado quase 30 vezes durante as suas voltas na capital inglesa, um número que Browder está a tentar impedir de atormentar outros condutores. 

E o DoNotPay já parece fazer mossa nos cofres municipais. Até à data, o bot já foi responsável pela defesa bem sucedida de 160.000 utilizadores (64% dos pedidos) que, em conjunto, teriam cerca de 4 milhões de dólares em multas. 

O projeto está em funcionamento há quase dois anos e os próximos passos apontam à expansão até Seattle e ao alargamento das suas funcionalidades que, de acordo com o rapaz, não irão de encontro às tarefas mais banais. 

"Sinto que há uma mina de oportunidades porque há muitos serviços e informação que pode ser automatizada utilizando inteligência artificial e os bots são a forma perfeita de o fazer, e é desapontante que, de momento, sejam maioritariamente utilizados para transações comerciais como a entrega de flores e pizzas," disse o britânico à publicação Venture Beat. 

Nota de redação: Foi corrigida uma gralha apontada por um dos nossos leitores.