A questão coloca-se cada vez com mais prioridade, mesmo para quem já sabia que dos dados que facilmente partilhamos por email, nas redes sociais e em serviços de cloud poderiam ser espiados com alguma facilidade, e que não há sistemas 100% seguros.

As revelações de Edward Snowden sobre o sistema PRISM e a extensão da vigilância montada pela NSA continuam a encher as páginas de jornais e ninguém parece estar a salvo. Ou pelo menos ninguém que use comunicações eletrónicas.

As recomendações para a utilização de encriptação dos dados e de sistemas seguros avolumam-se e ainda ontem a agência de segurança europeia (ENISA) divulgou um relatório que aborda as formas de proteção de dados através da criptografia, mesmo reconhecendo que este é apenas um elemento de um puzzle mais vasto para a preservação de informação sensível e confidencial.

O relatório, bastante técnico, pretende apresentar um mapa sobre as medidas a implementar, mas dirige-se mais a responsáveis técnicos e organização governamentais do que aos utilizadores individuais, que são habitualmente o elo mais fraco nesta cadeia de segurança.

Tudo o que fazemos através de equipamentos eletrónicos deixa um rasto digital, e é preciso estar bem ciente desta realidade para perceber melhor que informação queremos proteger e como fazê-lo.

Não se trata apenas dos conselhos básicos de usar passwords mais robustas, recorrer a sistemas antivírus e firewalls, ou da recomendação para não publicar nas redes sociais a informação de que vai estar de férias - e ausente de casa - porque isso se pode tornar um convite aos assaltantes.

Há formas fáceis de ir mais longe e proteger os dados para pelo menos dificultar a vida a quem quiser ler os emails ou aceder aos seus ficheiros. E nem sequer é preciso ter grandes conhecimentos técnicos para o fazer.

O TeK tem vindo a escrever sobre algumas das ferramentas de proteção da informação, mas hoje voltamos ao tema com conselhos específicos para diferentes áreas da sua vida online.

Email
Não vale a pena pensar no correio eletrónico como um sistema totalmente seguro e inviolável, sobretudo se confia em sistemas de email gratuito e webmail.

Muitas empresas já optam por sistemas de cifra de emails e esse é um procedimento que tenderá a ser reforçado, mas se quer usar serviços como o Gmail e Outlook, ou outros fornecedores de webmail, tenha atenção ao que partilha e cifre os seus documentos antes de os enviar como anexos.

O próprio Edward Snowden garantiu que a encriptação funciona como forma de proteção, e há algumas ferramentas bem conhecidas, como o Pretty Good Privacy - PGP, que não exigem grandes conhecimentos técnicos.

Navegação Web

A nova geração de browsers integra já sistemas de proteção mais avançados e de navegação anónima, que escondem informação sobre o seu endereço IP e os sites por onde navegou. Vale a pena considerar a sua utilização e mudar também o sistema de segurança do browser para um nível mais forte.

Serviços de Cloud

A acreditar nos documentos divulgados, todos os grandes serviços de cloud baseados nos Estados Unidos e em países parceiros podem estar sujeitos à vigilância da NSA. Dropbox, iCloud, Skydrive e Amazon Cloud estão nesse lote.

A facilidade de carregar documentos para estes serviços tornou-os um recurso rápido para muitos utilizadores que querem ter documentos acessíveis em qualquer plataforma, partilhando indiscriminadamente informação pública e dados confidenciais.

Mais uma vez vale a pena recordar que se não quer que leiam os seus documentos é melhor não os colocar nestes serviços, ou então trate de os cifrar antes de os colocar na cloud.

Sistemas de envio de grandes ficheiros e arquivos de dados

A lógica descrita para os serviços da cloud aplica-se a estes sistemas de envio de ficheiros, como o SendIt ou o WeShare. Se tem algo importante a partilhar não se esqueça também de cifrar os ficheiros.

Mesmo se a sua opção passar por usar drives de memória portáteis, vale a pena cifrar a informação. Há várias ferramentas grátis e o TrueCrypt é uma das mais fáceis de usar, e também pode fazê-lo numa partição do seu disco rígido. Considere ainda a utilização do Windows Bitlocker.

Redes Sociais
A ideia de privacidade está em completa oposição ao princípio das redes sociais. O objetivo aqui é partilhar informação, divulgar ideias e acontecimentos da vida pessoal, mas há um número crescente de utilizadores que sabe que o melhor é fazer essa partilha com grupos restritos de amigos e conhecidos, e não com "o mundo".
Recentemente o Facebook avisou que vai deixar de proteger os perfis nas pesquisas, o que dificulta alguma "ocultação", mas pode continuar a proteger a informação mais sensível e as fotos, assim como limitar os posts para serem vistos apenas por quem lhe interessa...

Há ainda toda uma franja de serviços que usam a localização geográfica do telemóvel para fornecer "informação contextualizada". É verdade que o seu operador de comunicações sabe sempre por onde anda, mas se calhar não tem de ter sempre esta informação disponível para todos os fornecedores de aplicações, uma configuração que pode fazer de forma fácil nos telemóveis.

Se quiser começar já a reforçar a segurança da sua vida digital, comece por recorrer às ferramentas de que falámos num artigo recente. Mesmo não assegurando a proteção total, vai certamente aumentar o nível de segurança dos seus dados.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico