O Surface, tablet da Microsoft e primeira aventura da empresa norte-americana na área do hardware ao estilo tablet-PC, vai chegar a Portugal no dia 14 de fevereiro. O modelo que vai ficar disponível na loja online da Microsoft e nos retalhistas nacionais vem equipado com Windows RT, um dos modelos do novo Windows 8 mas que tem limitações, sobretudo na instalação de aplicações destinadas a ambiente desktop.

Com a chegada de um modelo do tablet a Portugal o TeK quer dar a conhecer as diferenças que existem entre o Surface RT e o Surface Pro para que os leitores possam decidir se vale a pena esperar pelo tablet mais completo da Microsoft, caso este venha a ficar disponível no mercado português.

O Pro vai ficar à venda nos EUA e Canadá a 9 de fevereiro, cerca de três meses depois da disponibilização no mercado do RT. Em Portugal o esquema usado deve ser o mesmo, ou seja, lá para meados de maio é possível que o Surface Pro chegue ao território nacional.

As aparências iludem

Em termos físicos os dois modelos do tablet são em tudo semelhantes. Têm um form factor de 10 polegadas e são construídos em VaporMg num chassis de magnésio utilizado pela Microsoft para conferir um aspeto premium aos tablets.

As primeiras diferenças encontram-se desde logo nas especificações técnicas. Enquanto o Surface RT tem um ecrã de 10,6 polegadas com uma resolução de 1366x768 pixéis, o Surface Pro tem o mesmo tamanho mas com uma resolução de 1920x1080 pixéis (Full HD).

O processador do Surface RT é um chip ARM Tegra 3 da Nvidia, tal como se encontra em muitos outros tablets, enquanto o Surface Pro vem equipado com um processador Intel Ivy Bridge i5 de terceira geração. Para acompanhar o poder de processamento extra o Surface Pro traz uma bateria de 42Wh, enquanto a do RT é apenas de 31,5Wh - mas curiosamente a bateria do Pro tem uma duração estimada de quatro horas em comparação com as oito horas do RT.

O tablet com Windows RT está disponível em dois modelos, um de 32GB e outro de 64GB, enquanto o equipamento com Windows 8 Pro tem versões de 64GB e 128GB. O tablet RT tem 2GB de RAM e o Pro tem 4GB de RAM.

[caption]Microsoft Surface[/caption]

Em termos de entradas multimédia o Surface Pro fica a ganhar com uma entrada microSDXC para cartões de memória - com maiores velocidades de transferência de dados e maior capacidade de armazenamento -, enquanto o Surface RT fica-se pela tradicional microSD. Na versão do tablet que vai chegar a Portugal a entrada USB é 2.0 enquanto na outra versão é 3.0.

A nível multimédia falta referir os sensores fotográficos, frontais e traseiros, que são iguais nos dois tablets e conseguem captar vídeo em qualidade HD. Em termos de periféricos o Surface Pro é compatível tanto com a Touch Cover como a Type Cover. O extra vem na Pen com Palm Block, sistema que consegue distinguir entre o toque da mão e da caneta em simultâneo para que as diferentes interações não interfiram entre si.

No final as características melhoradas do Surface Pro tem um custo: pesa 903 gramas, cerca de 250 gramas a mais do que o irmão mais básico, e é quatro milímetros mais espesso que o Surface RT, ao apresentar 13,5 milímetros de corpo.

E o software quase que engana

A outra grande diferença está a nível de software. Como foi dito no início do texto, o Windows RT pode parecer uma versão completa do Windows 8, mas não apresenta as mesmas funcionalidades. Os tablets com processador ARM estão "barrados" à instalação de programas em desktop e só podem instalar apps a partir da Windows Store - pelo menos de forma legítima -, enquanto a versão Pro e o chip i5 da Intel suportam todo o tipo de software que é normalmente instalado nos computadores tradicionais.

No ambiente desktop do novo Windows os utilizadores do Surface RT apenas têm acesso ao Office, Internet Explorer e pouco mais, já que apenas a versão Pro permite a instalação de programas x86 que são instalados por exemplo no Windows 7.

[caption]Microsoft Surface[/caption]

Esta diferença condiciona de maneira significativa os níveis de produtividade e de utilização no Surface com Windows RT. Esta, que é a versão que vai ficar disponível em Portugal, aproxima-se mais do conceito de tablet de gama alta enquando o Surface Windows 8 Pro enquadra-se melhor na categoria dos ultrabooks.

Tal como o nome indica, se procura o dispositivo que permita fazer um uso mais "profissional" e praticamente sem limitações relativamente a um portátil ou desktop, então o Surface Pro é a escolha mais indicada.

Em caso de indecisão o preço ajuda a tomar uma posição

A Microsoft não tem apostado muito na publicidade em Portugal ao tablet que se avizinha, pelo que muitos utilizadores podem pensar que o Surface RT é um modelo único. Mas como também ainda não é certo que o Surface Pro chegue ao mercado luso, mesmo que não seja destacada a existência de um outro modelo e com outras funcionalidades, pelo menos os leitores já estão conscientes dessa situação.

Depois de apresentadas as diferenças "palpáveis" dos dois tablets, chega a diferença que acaba por ter um peso significativo na escolha dos consumidores: o Windows RT deve custar 489 euros em Portugal na sua versão mais básica, enquanto um modelo Surface Pro também na sua versão mais básica deverá ter um preço de 889 euros - uma diferença de 400 euros.

Aconselha-se os leitores a não se deixem assustar somente pelos números. Um Surface Pro é um dispositivo que tem um tempo de vida estimado sempre acima dos dois anos e com a performance garantida. E no dia em que a Microsoft anunciar um novo Windows, o Pro vai ser sem sombra de dúvidas aquele que terá melhores hipóteses de migrar para a atualização mais recente.

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Ao fim de dois anos, e dividido pelos 24 meses, o preço dá cerca de 16,60 euros "extra" por mês. Será que este pequeno valor, ainda que tenha que ser pago de forma psicológica durante um longo período, vale todas as características e funcionalidades extra do Surface Pro?

A melhor resposta é dada quando o utilizador olha para si e para o uso que dá aos dispositivos que tem atualmente. Se gosta de aproveitar e dá uso a todas as funcionalidades que estão disponíveis nos mais diversos equipamentos, e se precisa de uma máquina de guerra que dura no tempo, e que tanto vale para o entretenimento como para o trabalho, então vale a pena esperar pelo Surface.

Há mais vida além do Surface

Vale também a pena referir que a concorrência tem ofertas que pelos mesmos preços ou em alguns casos inferiores, disponibilizam equipamentos semelhantes. Apple, Samsung, Asus, Sony e HP são algumas das marcas que têm uma variada ofertas de produtos - tablets, portáteis, ultrabooks ou híbridos - que servem vários propósitos.

Mas se preferir pode esperar ainda mais e ficar à espera das novidades que a Microsoft tem para 2013. Mesmo sem haver informações em concreto, um responsável da empresa afirmou durante o encontro com os investidores, a propósito da apresentação dos resultados do resultados do segundo trimestre fiscal do ano, que a gama Surface vai ganhar novos membros nos próximos meses.

Mas lembre-se: em alguns casos esperar é desesperar. E possivelmente as novidades até podem dizer respeito a um smartphone Surface e não a outros modelos do tablet da Microsoft.

Os leitores podem colocar dúvidas ou acrescentar tópicos que considerem importantes para a decisão de compra do Surface RT ou de espera pelo Surface Pro na caixa de comentários. E ainda durante o dia de hoje os leitores têm a possibilidade de identificar os pontos fortes dos modelos Surface relativamente a outros tablets na votação TeK.

Nota de redação: foi feita uma alteração no primeiro parágrafo


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico