Mesmo com a atual conjuntura económica a taxa de substituição de computadores, televisores, impressoras, telemóveis, frigoríficos e outros equipamentos eletrónicos é cada vez mais acelerada, e a preocupação com políticas mais racionais de redução, reutilização e reciclagem tem vindo a aumentar. Mas as práticas estão longe de se aproximarem dos níveis ideais.

Na União Europeia várias iniciativas têm procurado colocar do lado das empresas a responsabilidade de recolher e reencaminhar para reciclagem, equipamentos obsoletos, enquanto se sensibilizam os cidadãos para a necessidade de entregarem os equipamentos nos sítios certos.

Em janeiro o Parlamento Europeu aprovou a diretiva que define novas regras para a recolha e reciclagem de resíduos, aumentando as obrigações dos países.

A partir de 2016 cada país terá de assegurar a recolha de 45 toneladas de resíduos por cada 100 toneladas de equipamentos elétricos e eletrónicos postos à venda pelas fabricantes nos três anos anteriores, quando antes a meta se situava na recolha de quatro quilos de resíduos por habitante.

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Neste enquadramento Portugal estava até acima da média europeia. Segundo dados da ANREE - Associação Nacional para o Registo de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos, em 2010 foram recolhidos 4,6 quilos de resíduos por habitante, sendo que as cerca de 46,6 mil toneladas de resíduos recolhidos correspondem a 27,6% do número de novos equipamentos colocados no mercado (165 mil toneladas) no mesmo ano.

Os dispositivos de informática e telecomunicações são os que mais "pesam" nas contas, sendo responsáveis por 31% do valor total.

Estes números correspondem a equipamentos em fim de vida que são encaminhados de forma correta, mas continua a haver muita acumulação de "monos" em gavetas, sótãos e arrecadações. Os especialistas estimam que 75% deste lixo esteja arrumado algures nas casas das pessoas, muitas vezes porque não sabem o que devem fazer com eles.

O TeK já deu algumas pistas sobre os destinos ecológicos possíveis para os computadores, tablets e telefones de que não precisa, pelo que há poucas desculpas para os manter arrumados.

Mesmo com o número impressionante de lixo eletrónico produzido, a maior preocupação não se centra naquele que é entregue a unidades de reutilização ou reciclagem que lhes dão um destino adequado. Os ambientalistas têm alertado para a acumulação de lixo eletrónico em países do terceiro mundo, avisando que este se está a tornar uma verdadeira bomba relógio.

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E não faltam relatórios a apontar para a acumulação de pilhas deste lixo em países como a China e India, que estão a ser alvo de um processo de "digitalização" e "eletronização" muito acelerado, a par de vários países em África e na América Latina.

A China já produz cerca de 2,3 milhões de lixo eletrónico, ficando apenas atrás dos Estados Unidos, o maior produtor com 3 milhões de toneladas. E as Nações Unidas estimam que até 2020 o volume de computadores velhos abandonados como lixo possa aumentar 200 a 400% na China e na África do Sul e 500% na Índia, face a números de 2007. Nos telemóveis o volume de equipamentos não utilizados deverá aumentar quase 20 vezes só na Índia.

Hoje mesmo tem início em Nairobi, no Quénia, uma conferência que pretende alertar para a necessidade de melhorar a gestão do lixo eletrónico.

Até porque, ao contrário do que acontecia anteriormente, muito do lixo que se acumula nestes países provém do próprio continente africano, e já não dos países mais desenvolvidos que os utilizavam como "despejo".

Países como o Benim, Costa do Marfim, Gana, Libéria e Nigéria foram apontados numa análise onde se mostra que os países mais pobres estão também a tornar-se produtores acelerados deste lixo, sobretudo devido à utilização de equipamentos e componentes de má qualidade que fazem com que os computadores, frigoríficos e televisões se estraguem mais rapidamente. Além disso muitos dos países pobres tornaram-se "vítimas" de outros vizinhos mais avançados no recurso às tecnologias.

Organizações como as Nações Unidas e a União Internacional das Telecomunicações procuram agora promover políticas e práticas mais sustentáveis nesta região, numa tentativa de minorar, a prazo, o impacto do volume crescente de lixo eletrónico.

E você, o que tem feito para reduzir este problema a nivel local?

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador