A Google alargou a vários países a possibilidade de usar sistemas de pagamento alternativos ao seu nas transações realizadas em aplicações listadas no Google Play. Os programadores de aplicações para Android em Portugal, bem como em qualquer outro país do espaço económico europeu, da Índia, Japão, Indonésia e Austrália passam a poder integrar o piloto, que permite testar sistemas de faturação das compras in-app, alternativos ao do Google Play.

Este é um tema controverso, que há anos alimenta polémicas entre programadores e principais plataformas móveis (Android e iOS), que cobram taxas entre os 15 e os 30% por cada transação realizada em aplicações móveis alojadas nas respetivas lojas. A taxa, justificam, suporta os custos do sistema de faturação que permite a transação.

A Apple, mais visada até que a Google em processos judiciais relacionados com o tema, com o caso com a Epic Games, tem usado também outro argumento para manter a restrição, sublinhando que manter os pagamentos numa solução que a loja oficial controla é uma garantia de segurança para os utilizadores.

Apple e Google acusadas de práticas anticoncorrenciais e levadas a tribunal por associação portuguesa
Apple e Google acusadas de práticas anticoncorrenciais e levadas a tribunal por associação portuguesa
Ver artigo

Ainda assim, entre os processos judiciais que têm tentando alterar estas restrições, os países que avançaram eles próprios com a proibição da limitação, como fez a Coreia do Sul, e a pressão de reguladores, o facto é que algumas mudanças tem mesmo acontecido. Tanto no valor da taxa aplicada aos programadores, que as plataformas já cortam a metade (15%) em muitas situações, como na própria aplicação deste encargo.

No caso da Google, o piloto do programa User Choice Billing já tinha avançado em março com o Spotify e outros parceiros selecionados, com a empresa a explicar que permitir mais opções de pagamento, seria uma forma de compreender melhor as preferências dos utilizadores. Segue agora a mesma lógica, no alargamento a vários países, mantendo a possibilidade de disponibilizar meios alternativos de pagamento restrita a aplicações que não sejam jogos.

Há outros critérios para poder integrar o piloto, que a empresa detalha online: estar registado, informar previamente da intenção, garantir serviço de suporte ao cliente ou escolher uma opção que cumpra com os standards internacionais de sistemas eletrónicos de pagamento.

Um dos aspetos mais importantes no acesso a estes meios alternativos de pagamento para os programadores é o impacto nas receitas de cada transação in-app. A Google também esclarece. Será algum, mas não será significativo. A empresa concede um desconto de 4% na taxa que já aplica por cada transação, se o pagamento da compra não usar o sistema de faturação “oficial”.