Um estudo realizado pelo Center for Countering Digital Hate (CCDH) no Reino Unido demonstra que o TikTok está a promover conteúdos sobre automutilação e distúrbios alimentares junto dos utilizadores mais novos.
No estudo, os investigadores criaram novas contas no TikTok, registando-se como utilizadores com 13 anos localizados em quatro países de língua inglesa: Austrália, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido. Metade das contas criadas, descritas como mais vulneráveis, tinham nomes de utilizador com termos relacionados com receios em matéria de imagem corporal, como “perder peso”.
Com as contas configuradas, os especialistas do CCDH analisaram os primeiros 30 minutos de conteúdos recomendados automaticamente nos feeds “Para Você”. Durante a análise foi possível encontrar múltiplos vídeos sobre saúde mental, distúrbios alimentares e automutilação, muitos deles “altamente emotivos” e com “mensagens manipuladoras”, explica o estudo.
Para simular o comportamento de um utilizador mais jovem, de cada vez que um destes vídeos eram visualizados, os investigadores colocavam-nos em pausa e, depois, deixavam um “gosto”.
Em média, os jovens são “bombardeados” com vídeos recomendados sobre saúde mental ou imagem corporal a cada 39 segundos. Bastaram apenas 2,6 minutos para que fossem recomendados conteúdos sobre automutilação. Já no caso dos vídeos em torno de distúrbios alimentares, a rede social recomendou-os após 8 minutos de navegação no feed.
A situação torna-se ainda mais preocupante nas contas consideradas vulneráveis, que receberam mais recomendações relacionadas com distúrbios alimentares e automutilação: 3 e 12 vezes mais do que no caso das restantes contas do estudo, respetivamente.
De acordo com os dados, ao longo da análise, os investigadores encontraram 56 hashtags com ligação a vídeos sobre distúrbios alimentares, com mais de 13,2 mil milhões de visualizações.
“O TikTok não parece classificar ou moderar o conteúdo presente nestes hashtags, o que os torna num lugar onde vídeos sobre recuperação se misturam livremente com conteúdos que promovem distúrbios alimentares”, detalha o estudo. Segundo os investigadores, nenhum dos hashtags encontrados continham avisos ou ligações para páginas que ajudassem os utilizadores que estão a lidar com este tipo de distúrbio.
Em resposta ao estudo, fonte oficial do TikTok afirma à imprensa internacional que a empresa consulta regularmente especialistas da área da saúde, remove conteúdo que viola as suas políticas e disponibiliza recursos de apoio a utilizadores que necessitem. A tecnológica indica também que tem consciência da forma como estes conteúdos afetam diferentes tipos de utilizadores, acrescentando que está focada em fomentar um ambiente seguro para todos.
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