Na semana passada foram revelados os mais recentes números de acessos da aplicação de rastreio da COVID-19, Stayaway Covid, demonstrando que esta foi descarregada 3.166.109 de vezes desde a sua estreia. Rui Oliveira, administrador do INESC TEC, referiu que apenas um terço se encontrava atualmente ativo e em contacto com os seus servidores. Os números revelam assim que as pessoas estão cada vez menos a utilizar a ferramenta de combate à pandemia.
O que nas palavras de Rui Oliveira é um erro. Respondendo às questões do SAPO TEK, o líder do projeto sente que a app ainda pode ser uma ferramenta eficaz na pandemia. “Certamente que a vacinação da população nos dá a todos uma enorme esperança de menor vulnerabilidade ao contágio e sabemos que é a arma mais eficaz para combater a pandemia”, mas destaca que se aprendeu no último ano que o nosso desconhecimento e imprevisibilidade desta família de vírus e da doença é enorme.
“Por isso, está ainda longe o tempo de baixarmos a guarda; não confundamos vacinado com imunizado”, salienta Rui Oliveira. O coordenador do projeto já tinha mencionado que as pessoas estão a desinstalar ou a desativar a aplicação por sentirem que o sistema em si não está a funcionar. Para o seu funcionamento eficaz, os médicos têm de gerar códigos, que são passados aos respetivos utilizadores para colocarem na aplicação.
Desde o lançamento, apenas foram gerados 14.790 códigos, e desses, apenas 17,6% dos utilizadores introduziram no sistema, ou seja, 3.136 no total desde a sua estreia no dia 1 de setembro de 2020. Rui Oliveira explicou que se as pessoas infetadas não colocarem a informação no sistema, acaba por ser inútil terem a aplicação no telemóvel.
“Se conseguirmos colocar o sistema Stayaway Covid a funcionar em pleno (não é a aplicação porque essa nunca deixou de funcionar de acordo com as suas especificações e limitações) a sua utilização poderá ainda ser muito útil e evitar muitos contágios. Se o fizermos, estou certo que a população não encontrará justificação para ignorar o uso da aplicação”, disse o coordenador ao SAPO TEK.
Rui Oliveira diz ainda que não houve falhas na adoção da aplicação. “A adoção da aplicação por parte da população foi enorme com mais de 3 milhões de downloads em 6 milhões de telemóveis que, teoricamente, poderiam executar a aplicação. Se destes considerarmos que 15% são de uso profissional (segundos dispositivos) a adoção foi de quase 60%”. Apesar de não conseguir ter valores exatos, estima que as aplicações diariamente ativas chegaram a ser de 50%. E que os últimos números que tiveram acesso da eHealth Network colocavam Portugal, em termos de downloads, nos 5 países com maior adoção.
De recordar que o Governo quer mudanças na aplicação, de forma a agilizar a comunicação e inserção do código, aumentando a sua abrangência. O projeto de decreto-lei do Governo pretende agilizar o processo de obtenção e comunicação do código de legitimação de um teste positivo à COVID-19, permitindo que este seja gerado por outros profissionais de saúde, que não apenas médicos, e por meios totalmente automatizados. Desta forma pretende alargar-se a comunicação na aplicação dos testes positivos, que têm sido uma barreira à eficácia e que levaram muitos utilizadores a desinstalar a app.
Mas o que falta para a introdução da tal atualização que vai permitir agilizar a inserção dos códigos? “A informação que tenho é que o processo depende da alteração ao Decreto de Lei que regulamentou o sistema Stayaway Covid, nomeadamente na obrigatoriedade de os códigos de legitimação terem de ser gerados e transmitidos pelos médicos”.
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