Retirar uma bateria de um iPhone não é uma tarefa fácil e isso tem sido uma crítica feita à marca, que estará a trabalhar num sistema mais simples. Segundo o site The Information, a Apple tem estado a explorar uma tecnologia que vai facilitar o processo de remoção da bateria para reparação ou substituição.

"A nova tecnologia - conhecida como descolagem adesiva induzida eletricamente - envolve o encapsulamento da bateria em metal, em vez de folha de alumínio, como acontece atualmente. Isso permitiria que os utilizadores soltassem a bateria do chassis com um pequeno choque elétrico”, adiantaram fontes consultadas pelo site.

Um artigo científico publicado na revista Material Today Communications explica a tecnologia e sublinha o interesse que tem despertado em vários sectores, por causa das vantagens que apresenta face às colas tradicionais.

“A utilização de colas condutoras que respondem à eletricidade para fixar componentes a placas de circuitos simplificaria significativamente o processo de remoção e substituição de elementos defeituosos”, refere o artigo citado pela Digital Trends.

Explica-se ainda que a solução recorre à adição de componentes iónicos na mistura adesiva, como sais dissolvidos ou líquidos iónicos, que tornam a cola sensível a estímulos eléctricos. Uma descolagem ativada por tensão terá ainda a vantagem de reduzir possíveis danos mecânicos, térmicos ou químicos nos componentes adjacentes. Uma vantagem adicional desse tipo de colas estará na sua capacidade de serem ativadas remotamente, sem contacto físico com as partes coladas.

Descolagem adesiva induzida eletricamente
créditos: Materials Today Communications

Atualmente, as colas utilizadas na montagem de smartphones, por exemplo, dependem de temperaturas elevadas para derreter ou remover. A técnica descrita acima faz o mesmo trabalho, mas utiliza estímulos elétricos em vez de calor, explica o artigo científico, que tem por base uma tese apresentada à Escola de Ciências Químicas e Engenharia Kungliga Tekniska Högskolan na Suécia.

Este tipo de solução estará a interessar sobretudo áreas como o segmento aeroespacial e eletrónico, bem como outras áreas onde a desmontagem frequente de componentes exigem soluções que permitam uma separação rápida e conveniente.

Hoje, para retirar uma bateria de um iPhone é preciso remover bandas adesivas difíceis de puxar e fáceis de partir durante o processo, tornando-o potencialmente longo. O iFixit, especialista em análises de equipamentos, foi um dos meios que já escreveu sobre isto, criticando a Apple pelo sistema pouco prático.

“Num iPhone de 2020 este processo pode demorar até duas horas, uma hora para remover os resíduos e mais uma hora para colocar novos adesivos”, referia o artigo.

A alteração que a Apple se preparará para fazer será uma forma de se adaptar às exigências da regulação europeia nesta matéria, desenhada para promover uma utilização mais sustentável dos equipamentos eletrónicos, o que pressupõe facilitar a reparação de equipamentos e a substituição de peças.

Uma das medidas previstas na legislação é que a partir de 2027 os consumidores possam remover ou substituir baterias portáteis dos seus equipamentos eletrónicos em qualquer fase do seu ciclo de vida. Isto pressupõe não apenas que as baterias possam ser substituídas, mas também que o processo seja fácil e acessível a quem não tem conhecimentos técnicos.

O iPhone está no mercado há 17 anos, chegando às lojas a 29 de junho de 2007, depois de ter sido anunciado por Steve Jobs a 9 de janeiro desse ano, na MacWorld. Veja nas imagens abaixo a evolução desde o modelo original.