
Uma equipa de antropólogos da University College London (UCL) analisou o uso de smartphones em nove países ao longo de 16 meses e descobriu que os utilizadores estão cada vez mais a tornarem-se numa espécie de “caracóis humanos” que carregam a sua “casa” no bolso, com uma maior tendência para ignorar a sua família e amigos.
Em entrevista ao The Guardian, Daniel Miller, investigador que liderou o estudo, indica que os smartphones deixaram de ser apenas dispositivos que usamos para passarem a ser “o local onde vivemos”.
“A qualquer altura, seja durante uma refeição, uma reunião ou qualquer outra atividade partilhada, uma pessoa com quem estejamos pode simplesmente desaparecer, «indo para casa» para o seu smartphone”, afirma o especialista.
No estudo, cuja vasta maioria da pesquisa se centrou em utilizadores que não se consideram como jovens nem como idosos, os investigadores descrevem os smartphones como uma "casa", com cada ícone a representar uma porta de entrada para uma divisão específica.
No coração desta "casa" estão as aplicações de mensagens instantâneas, que se afirmam como aquelas que mais captam a atenção dos utilizadores, permitindo manter a comunicação e reforçar os laços familiares mesmo à distância.
Porém, o novo paradigma apresenta um impacto significativo para as relações humanas, traduzindo-se naquilo que os investigadores chamam a “morte da proximidade” durante as interações pessoais, referindo-se ao facto de que, “mesmo quando estamos fisicamente juntos, podemos estar sozinhos a nível social, emocional ou profissional”.
Os especialistas indicam que, embora os smartphones sejam vistos como “casas” portáteis, os equipamentos não são propriamente refúgios tranquilos para os utilizadores. Por exemplo, um funcionário de uma empresa pode continuar a ser contactado mesmo depois de sair do trabalho ou uma criança que é vítima de bullying na escola pode continuar a ser um “alvo” quando regressa a casa.
De acordo com Daniel Miller, é necessário encontrar um equilíbrio, longe de tentar observar o uso de smartphones através de uma “lente” totalmente negativa. “Os smartphones estão a ajudar-nos a criar e recriar um vasto conjunto de comportamentos benéficos, do restabelecimento de laços entre famílias afastadas à criação de novos espaços de debate”, defende. Assim, para percebermos o impacto que os equipamentos têm na vida das pessoas é necessário olharmos para os diferentes contextos de utilização.
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