A Realidade Aumentada está longe de fazer parte das “novas” tecnologias, mas a capacidade de processamento dos telemóveis e tablets, a qualidade da câmara fotográfica e a velocidade das redes de comunicações está a fazer com que se torne uma realidade mais próxima de entrar na vida dos utilizadores e nas várias dimensões de comunicação das empresas.

Prova disso foi a mostra que a IT People organizou na semana passada, o RALI - Realidade Aumentada em Lisboa, que contou com a presença de vários parceiros da tecnológica e ao qual o TeK se associou como Media Partner. O evento coincidiu com o open day no LX Lisbon e a coincidência ajudou a levar mais pessoas à sala onde um ecrã com um dinossauro interativo animava a “festa” mas onde a impressão 3D e as tecnologias de realidade aumentada também despertavam a curiosidade dos visitantes.

Embora as primeiras experiências com Realidade Aumentada tenham já mais de uma década, Nuno Silva, diretor de inovação da IT People, admite que entre as organizações e empresas há ainda muito desconhecimento sobre o tema e a forma como a tecnologia pode ser usada no âmbito do modelo de negócio.

A empresa tem vindo a trabalhar em vários projetos nos últimos seis anos, utilizado a sua plataforma Next Reality em áreas como a arquitetura, turismo, editoras de livros e na educação, e o resultado tem sido positivo. “Não queremos substituir a realidade, mas complementá-la”, explica.

A empresa tem vários exemplos na arquitetura, com uma planta que pode ser explorada e manipulada tridimensionalmente, ou com livros que integram jogos 3D, ou catálogos que seguem o mesmo conceito, como se pode ver nos vídeos que reproduzimos abaixo.

Nuno Silva acredita que está na altura da realidade aumentada sair da área de “fun” e criar utilidade para as empresas. E há muito terreno por onde explorar, garante, destacando as vantagens da interatividade e do envolvimento dos utilizadores com os conteúdos, mas também a exposição da marca que em jogos interativos está sempre presente.

Um dos projetos desenvolvidos pela IT People está já pelas ruas de Lisboa e vai ser alargado a outras áreas, o Rewind Cities, que ajuda os turistas a “ver” os monumentos e ruas com outros olhos.

O grande salto para a utilização da realidade aumentada vai dar-se à medida que as empresas e organizações se apropriarem da tecnologia e a ajustarem aos seus modelos de negócio. Com a proliferação dos telemóveis e tablets cada vez mais pessoas trazem no bolso as ferramentas para aumentar a realidade, e os óculos como os Google Glass ou os HoloLens da Microsoft só vêm trazer novo potencial ao mercado.

Próxima página: E a impressão 3D? Haverá uma impressora em cada casa?

E a impressão 3D? Haverá uma impressora em cada casa?

A impressão 3D tem conquistado cada vez mais a atenção pelos projetos que se tem proposto realizar mas também pela redução do preço das impressoras que as torna cada vez mais acessíveis para o utilizador final.

A proposta de trazer a dimensão digital para o mundo real fez com que a IT People também juntasse no RAIL alguns parceiros nesta área, com a Blocks Technology e a 3D Everybody a mostrarem os modelos que já estão a comercializar.

A Blocks tem apostado nas impressoras 3D e tem já à venda um modelo, fabricado em Portugal, que alia a qualidade de impressão a um preço acessível. Duarte Freire e Vasconcelos, um dos fundadores da empresa, explica que o projeto começou em janeiro e que o modelo atual custa 650 euros para quem fizer uma pré-encomenda até agosto mas que depois passa a ter preço de mercado de 750 euros.

[caption]blocks[/caption]

"Queremos chegar a toda a gente. Acredito que no futuro todas as pessoas possam ter uma impressora 3D em casa", afirma. Para isso será preciso criar a necessidade e Duarte Vasconcelos não acha que só os "makers" e os Geeks é que vão entrar neste mundo da impressão 3D, até porque há cada vez mais modelos à disposição de quem os quiser imprimir.

A Blocks é uma das várias empresas que têm surgido em Portugal a apostar nas impressoras 3D e tem já planos de desenvolvimento para a marca, entre as quais uma versão Pro da impressora, climatizada, e um modelo à medida das necessidades dos utilizadores, que pode produzir impressoras de maior área para arquitetos e designers, por exemplo.

Ainda em 3D, mas num modelo de negócio diferente, a 3D Everybody propõe-se fazer modelos tridimensionais de qualquer pessoa que queira uma representação sua para guardar. Os bonecos podem ser produzidos em dimensões de 10, 15 ou 20 centímetros e em representação real ou imitando uma figura, como o Darth Vader, por exemplo.

O primeiro passo é fazer uma digitalização de corpo inteiro e depois de duas semanas fica pronto o modelo que pode ser enviado para casa do cliente.

[caption]3d[/caption]

A empresa tem feito ações nos centros comerciais, onde vende os "avatares" que custam entre 60 e 99 euros, e Jorge Bastos adianta ao TeK que, em volume, as iniciativas têm sido um sucesso.

"O interesse é transversal e não de um target definido", explica Jorge Bastos que já produziu modelos diversos, desde famílias (que são produzidas à escala) a atletas. "O utilizador final é que cria a necessidade", justifica

Certo é que ninguém fica indiferente a nenhuma das propostas do RALI, mas que entre miúdos ou graúdos, o brincalhão dinossauro da Mediascreen se tornou naturalmente o centro da festa. Era só apontar o cartaz Party ou Dance para haver animação garantida.

Fátima Caçador