A missão BepiColombo da ESA e da JAXA realizou o seu sexto e último sobrevoo a Mercúrio a 8 de janeiro último, concluindo com sucesso a manobra de assistência gravitacional necessária para se posicionar na órbita do planeta em 2026. Durante este momento crucial, a sonda passou a apenas 295 quilómetros da superfície de Mercúrio, sobrevoando o polo norte do planeta e captando imagens impressionantes de crateras e vastas planícies vulcânicas.
A sonda sobrevoou o lado escuro e gelado do pequeno planeta, alcançando o polo norte. Uma das câmaras de monitorização a bordo, a M-CAM 1, conseguiu registar vistas únicas das crateras Prokofiev, Kandinsky, Tolkien e Gordimer.
Estas crateras estão em sombra permanente, o que faz com que sejam algumas das áreas mais frias do Sistema Solar, apesar da proximidade de Mercúrio ao Sol.
São de particular interesse científico, pois há indícios de que podem conter gelo. A possibilidade de água congelada nestas crateras permanentes é um dos mistérios que a BepiColombo investigará em detalhe quando entrar na órbita do planeta.
Além disso, a M-CAM 1 registou imagens detalhadas das planícies vulcânicas de Borealis Planitia, situadas à esquerda do polo norte. Estas vastas áreas planas foram formadas por erupções de lava há cerca de 3,7 mil milhões de anos, cobrindo crateras mais antigas como as crateras Henri e Lismer. O movimento da lava e o consequente arrefecimento contribuíram para as rugas observadas na superfície.
Outro destaque das imagens captadas foi a impressionante Nathair Facula, uma área brilhante que marca o local de uma das maiores explosões vulcânicas de Mercúrio. Esta região é caracterizada por um depósito vulcânico com mais de 300 quilómetros de diâmetro e um ventilador vulcânico de 40 quilómetros.
Por outro lado, a cratera Fonteyn, com apenas 300 milhões de anos, exibe um brilho característico das suas marcas de impacto, testemunho da sua relativa juventude geológica.
Veja na galeria as imagens registadas
Um passo final antes da órbita
Esta foi a última oportunidade para as câmaras M-CAM captarem imagens de perto de Mercúrio, já que o módulo de transferência que as transporta será separado antes da entrada dos orbitadores - o Mercury Planetary Orbiter (MPO) da ESA e o Mercury Magnetospheric Orbiter (Mio) da JAXA - em órbita polar, em 2026.
Josef Aschbacher, Diretor-Geral da ESA, apresentou a primeira imagem do sobrevoo durante a conferência de imprensa anual da agência, realizada a 9 de janeiro. As imagens não só revelam novos detalhes sobre Mercúrio, como também destacam a complexidade técnica da missão.
Lançada em 20 de outubro de 2018, a BepiColombo é a primeira missão europeia dedicada a Mercúrio. Após a separação dos módulos em 2026, os dois orbitadores iniciarão operações científicas em 2027, com uma duração inicial de um ano, possivelmente prolongada por mais um.
Os dados recolhidos pela missão prometem desvendar os segredos do pequeno planeta, desde a sua composição até à evolução geológica. "Os seis sobrevoos de Mercúrio forneceram informações valiosas, e este último não foi exceção. O trabalho intenso das próximas semanas será crucial para extrair o máximo de dados deste encontro", destacou Geraint Jones, Cientista do Projeto BepiColombo, citado pela ESA.
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