Um dos principais objetivos da missão BepiColombo é estudar a dinâmica e as propriedades das partículas dentro da magnetosfera de Mercúrio. Tal como a Terra, o planeta mais interno do Sistema Solar também tem um campo magnético, embora 100 vezes mais fraco à superfície. Esta “bolha” no espaço age como barreira contra o vento solar, o fluxo contínuo de partículas expelidas pelo Sol, mas dada a proximidade de Mercúrio ao Astro Rei, a interação entre o vento solar e a magnetosfera é muito mais intensa do que na Terra.
Composta por duas sondas, a Mercury Planetary Orbiter (MPO), da ESA, e a Mercury Magnetospheric Orbiter (MMO, ou Mio), da JAXA, a BepiColombo chegará a Mercúrio em 2026 e para ajustar a sua velocidade e trajetória, tem realizado uma série de manobras assistidas pela gravidade de vários planetas, incluindo a Terra, Vénus e o próprio Mercúrio. Nestas passagens, os instrumentos científicos a bordo recolhem dados preliminares, antecipando futuras descobertas.
Durante a passagem de 19 de junho de 2023, por Mercúrio, Lina Hadid, investigadora no Laboratoire de Physique des Plasmas, usou o Mercury Plasma Particle Experiment (MPPE), instalado na sonda MMO, para estudar o campo magnético do planeta. A uma distância de apenas 235 km da superfície, o sobrevoo permitiu a recolha de dados importantes por cerca de 30 minutos.
A equipa de Hadid conseguiu identificar vários tipos de partículas, medindo a sua temperatura e movimento, mapeando assim a "paisagem" magnética do planeta. Através da combinação das medições da BepiColombo com simulações por computador, foi possível identificar as características principais da magnetosfera mercuriana, nomeadamente estruturas já esperadas, como a "frente de choque", onde o vento solar colide com a magnetosfera, e as "cornetas", áreas densas de plasma quente que se estendem como uma cauda em direção oposta ao Sol. Contudo, também foram registadas algumas surpresas, incluindo a observação de uma camada turbulenta de plasma perto do equador do planeta.
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Outra descoberta importante foi a presença de iões energéticos aprisionados perto do equador e a baixa altitude. Estes dados sugerem a existência de uma corrente em anel, uma estrutura bem conhecida na Terra, mas que em Mercúrio é motivo de debate, dada a proximidade do campo magnético à superfície do planeta.
A BepiColombo também conseguiu detetar iões frios, como oxigénio, sódio e potássio, possivelmente libertados da superfície de Mercúrio por impactos de micrometeoritos ou pelo vento solar.
As descobertas conseguidas até agora sublinham a importância da complementaridade entre as duas sondas da missão para recolher dados mais detalhados e fornecer uma imagem completa do ambiente magnético de Mercúrio, nota a ESA .
Enquanto a missão avança, os cientistas estão agora a analisar os dados recolhidos no quarto sobrevoo de Mercúrio e a preparar-se para os dois últimos sobrevoos, agendados para 1 de dezembro de 2024 e 8 de janeiro de 2025.
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