Desde o início da crise dos refugiados que o mar mediterrâneo tem roubado a vida a milhares de pessoas que arriscam a travessia para alcançar território europeu. Dada a discrepância entre o número de migrantes e as equipas de apoio que se fixaram na costa da ilha grega de Lesbos, onde chegam cerca de 2.000 refugiados todos os dias, os resgates e outros tipos de assistência, nem sempre conseguem ser eficientes.

O facto de "não haver mãos para tanta gente" criou uma necessidade à qual a tecnologia se tem proposto a fazer frente. A convite da Guarda Costeira grega, o Centro de Buscas e Salvamentos Roboticamente Assistidos da Universidade A&M do Texas desenvolveu, em colaboração com a marinha norte-americana, um drone marítimo que reforçou várias equipas de salvamento em janeiro deste ano.

O drone, cujo nome foi abreviado para Emily (Emergency Integrated Lifesaving Lanyard) tem uma forma cilíndrica, insuflada, mede cerca de 1,20 m, pesa cerca de 11kg e conta com um motor que lhe permite movimentar-se dentro de água, tal qual um barco.

O Emily tem sido utilizado para prestar apoio aos migrantes naufragados e tem feito valer os seus 30 km/h de velocidade e a capacidade para salvar oito pessoas em simultâneo. No total já foi responsável por mais de 300 resgates em águas mediterrânicas.

Emily é uma invenção de Tom Mulligan, CEO da Hydronalix, uma empresa de engenharia robótica, e membro do Centro de Buscas e Salvamentos Roboticamente Assistidos da Universidade A&M do Texas. O primeiro protótipo surgiu em 2010 e o seu primeiro trabalho foi com equipas de nadadores-salvadores em praias norte-americanas onde, durante vários meses, foi testado na assistência a surfistas. Atualmente, para além da Grécia, já existem mais de 260 Emilys a reforçar outras equipas de salvamento em países como o Cazaquistão, Mongólia ou Indonésia.

Tendo em conta os ambientes em que estes drones foram feitos para operar, Mulligan quis construir uma peça quase indestrutível. "São feitos de Kevlar e materiais utilizados na construção de aeronaves," disse a uma estação de rádio norte-americana, "conseguem aguentar ondas de 9 metros. Podem ser atirados de helicópteros ou pontes", esclareceu.

A versão mais recente vem equipada com luzes para auxiliar os resgates noturnos, uma câmara que transmite imagens em direto e rádio, um componente que vai permitir aos resgatados comunicar direta e instantaneamente com as equipas de salvamento. Para além disso, o motor também foi reforçado. Para que o drone resista facilmente a correntes fortes, a sua velocidade máxima passou dos 30 km/h para os 55 km/h.

O próximo passo vai ser tornar o drone autónomo. Recorrendo a coordenadas geográficas, Mulligan e a restante equipa da Universidade A&M, querem fazer com que o sistema do Emily deixe de precisar de um controlo remoto para se mover pelo mar.

A concretizar-se este objetivo, o aparelho passaria a poder realizar salvamentos em zonas mais longínquas das costas ou em locais rochosos onde embarcações não chegam.

A nova versão do robot custa cerca de 14.000 dólares e pode ser exportada para qualquer parte do mundo.