Lembra-se de Palmer Luckey? Com 20 anos já era considerado um prodígio da tecnologia. Fundou a Oculus, que criou os primeiros headsets de realidade virtual a darem nas vistas e mesmo com a tecnologia menos madura do que está hoje conseguiu chamar a atenção da Meta (que na altura ainda era só o Facebook). Vendeu-lhe a empresa com 22 anos por 2,2 mil milhões de dólares.
Depois disso envolveu-se em vários outros projetos, mas o mais bem sucedido é a Anduril (de que é cofundador), uma empresa de tecnologia militar que fabrica várias coisas, com destaque para drones. A Anduril existe desde 2017 e está hoje avaliada em 14 mil milhões de dólares. Esta semana apresentou dois novos drones, que usam inteligência artificial para seguir alvos em movimento, em missões de reconhecimento, busca e salvamento, ou ataque.
Um vídeo publicado pela companhia mostra os drones em ação. A Reuters acrescenta que vão começar a ser vendidos porque testes realizados na Ucrânia validaram que estão prontos para chegar ao mercado.
Veja o vídeo publicado pela Anduril para mostrar os novos drones
Os modelos são tão pequenos que desmontados cabem numa mochila. Na configuração mais pesada não chegam a ter 7 kg. Para serem montados bastam apenas 5 minutos, garante a empresa, e o mesmo operador pode fazer todos os passos necessários para trabalhar com estes drones de vigilância e ataque.
A versão M do Bolt pode mesmo descer da altura em que faz operações de vigilância para se aproximar do alvo e autodestruir-se, ativando a carga explosiva de 1,3 kg que pode carregar. O vídeo mostra isso mesmo. A Anduril acrescenta que, uma vez dada a ordem de ataque, o drone consegue executá-la sozinho, mesmo que perca o contacto com o operador. Os equipamentos podem voar por 40 minutos e percorrer até 20km.
Na apresentação dos novos modelos, citada por vários meios, a Anduril revelou que já tem um contrato para os novos equipamentos, com a Marinha americana, que vai testar um número não revelado de unidades nos próximos seis meses.
Em abril, a empresa tinha também anunciado um contrato com a Força Aérea para desenhar e testar jatos de combate autónomos e no mesmo mês soube-se que o departamento de defesa fechou um contrato de 249 milhões de dólares com várias empresas, entre elas a Anduril, para fabricarem “drones kamikaze”, segundo a DefenseScoop.
Já este mês a companhia deu conhecimento de um contrato de 250 milhões de dólares para fabricar 500 Roadrunner, outro modelo de drones da empresa, também apoiado por tecnologias de IA, que foi desenhado para “interceptar e neutralizar rapidamente” aeronaves maiores, explica uma nota.
Palmer Luckey tem sido uma figura polémica em Silicon Valley. Para além de ter escolhido a área militar para aplicar todo o seu talento para desenvolver tecnologia, tem ideias políticas pouco consensuais no sector e pouco pudor em dizer o que pensa. Uma das ideias que tem defendido é que não há muitas empresas de tecnologia americanas a desenvolverem ou colaborarem para os esforços de defesa dos Estados Unidos porque têm interesses nos países que estão do “outro lado da barricada”.
Diz-se que o empreendedor saiu da Meta em 2017 - tinha integrado a empresa quando lhe vendeu a Oculus - por causa de se ter tornado pública uma avultada doação que fez a um grupo apoiante de Donald Trump, um ano antes.
A informação nunca foi confirmada pelas partes, mas não seria estranho, porque o Palmer Luckey fez várias declarações públicas de apoio a Trump e chegou mesmo a dizer que estava disponível para desenvolver tecnologia que tornasse eficaz o polémico muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México.
Em agosto, a Anduril anunciou uma ronda de financiamento de 1,5 mil milhões de dólares, a maior de sempre conhecida para uma empresa de tecnologia para a indústria militar. Boa ou má escolha para aplicar o seu talento, não restam dúvidas de que o negócio do já multimilionário é promissor.
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