O rover Curiosity explora Cratera Gale, em Marte, desde 2012 e durante estes 12 anos, o veículo robótico enfrentou tempestades de poeira, terrenos montanhosos e, sobretudo, as agressivas rochas marcianas que têm causado danos visíveis de desgaste nas suas rodas de alumínio. Divulgadas recentemente, há imagens que mostram buracos consideráveis, mas a NASA garante que a situação está controlada.

Entre as seis rodas do Curiosity, algumas estão mais estragadas do que outras. A roda do meio do lado direito, por exemplo, exibe um grande buraco onde até se podem ver partes dos mecanismos internos do rover. Numa atualização da missão, o engenheiro Ashley Stroupe tranquilizou a todos, afirmando que as rodas continuam a funcionar bem, apesar dos danos.

A equipa tem estado atenta a esses problemas há anos, implementando soluções inteligentes para prolongar a vida útil do rover. Entre elas, está a estratégia de optar por terrenos mais suaves e, ocasionalmente, fazer o Curiosity andar de marcha-atrás para reduzir a pressão nas rodas mais danificadas.

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Além disso, o Curiosity verifica regularmente o estado das suas rodas através de imagens captadas pela Mars Hand Lens Imager, uma câmara especial montada no seu braço robótico. Recentemente, a equipa conduziu uma inspeção mais detalhada, com o rover a percorrer sete metros em três horas para garantir que todas as rodas fossem verificadas.

A NASA aplicou as lições aprendidas e o sucessor Perseverance, já tem rodas diferentes, com um design melhorado, concebido para evitar os problemas que o Curiosity tem enfrentado.

Buracos nas rodas do rover Curiosity
Buracos nas rodas do rover Curiosity Comparação das rodas dos dois rovers

Provando que são precisos mais do que buracos nas rodas para o abalar, o rover Curiosity continua a somar quilómetros aos mais de 32 que já fez na sua missão de estudar a história geológica de Marte e investigar se, em algum momento, o planeta teve formas de vida microbiana.

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Nesse desígnio, atingiu recentemente um marco histórico, ao obter um milhão de fotos com a ChemCam. Situada no mastro principal - ou na “cabeça” do rover -, a câmara usa uma técnica chamada espectroscopia de rutura induzida por laser, disparando pulsos de laser para vaporizar pequenas porções de rocha, criando plasma. A luz emitida pelo plasma é, então, analisada para identificar os elementos químicos presentes na superfície marciana.

milionésimo disparo teve como alvo a região de Royce Lake e foi cuidadosamente planeado pelo CNES, em França, que colabora com a missão.

Ao longo dos anos, a ChemCam foi fundamental para descobertas que sugerem que Marte pode ter sido habitável no passado. Entre elas, a deteção de óxidos de manganês em 2016, que indicam níveis elevados de oxigénio na atmosfera antiga de Marte, e a descoberta de boro em Cratera Gale, em 2017, importante para a química pré-biótica. Em 2019, o instrumento revelou que Marte já teve lagos salinos rasos que secaram e transbordaram repetidamente, sugerindo um clima instável.