O James Webb continua a sua viagem pelo espaço, ajudando os cientistas a compreender melhor alguns dos fenómenos espaciais e captar algumas das mais belas paisagens do cosmos. Mas se o satélite é como um veículo, são os seus instrumentos que permitem obter dados e imagens, essenciais para espreitar o “infinito” e responder às grandes questões.
A ESA reforça o contributo do instrumento NIRSpec, essencial para abrir mais de 200 janelas para o passado do universo e ajudar na compreensão da sua origem e como as galáxias se formam. Essas respostas estão enterradas bem longe no universo e os telescópios já conseguem captar até 200 milhões de anos após o Big Bang, que agora o James Webb está a ajudar a descortinar, através dos seus instrumentos.
Veja na galeria algumas das descobertas possíveis pelo NIRSpec:
O europeu NIRSpec foi construído para ajudar a compreender a formação das primeiras estrelas e galáxias, segundo Pierre Ferruit, ex-cientista da ESA ligada ao projeto do satélite. O seu nome é a abreviatura de Near-InfraRed Spectrograph e tem como missão dividir a luz infravermelha recolhida pelo James Webb em ondas para formar um espectro. Este mede a variação da intensidade do brilho entre diferentes ondas para um objeto no espaço e dessa forma, os astrónomos podem extrair boa informação sobre as suas características físicas e a composição química.
A ESA diz que antes do James Webb e do instrumento NIRSpec era impossível fazer estas leituras às galáxias mais distantes e agora é como se uma grande avenida de informação tivesse sido aberta para os cientistas percorrem para estudar a origem dos objetos celestes. Os dados vão permitir aos astrónomos mapear a evolução das galáxias, desde os primeiros estágios do cosmos nos objetos que vemos atualmente à nossa volta.
O instrumento é considerado minimalista, o que permite manter o trabalho simples e fazer algo que ainda não se tinha conseguido: registar o espectro de vários objetos ao mesmo tempo. E em comparação ao Hubble que demorava dias a enviar as imagens para a Terra, o espelho de 6,5 metros do James Webb garante a obtenção de imagens em algumas horas.
E o NIRSpec pode gravar o respetivo espectro dos milhares de novas descobertas registadas, a maioria de galáxias jovens, a milhares de milhões de distância. O instrumento consegue captar até 200 objetos em simultâneo. Isso deve-se aos milhares de pequenos obturadores autónomos, que podem ser controlados individualmente para abrirem e fecharem quando necessário. Dessa forma consegue-se controlar o que se quer ver, sejam objetos mais perto ou afastados, deixando passar a luz dos que estão a ser analisados.
Veja a Tarântula cósmica captada pelo James Webb:
E ao analisar essa luz, os astrónomos conseguem identificar os químicos presentes na atmosfera de planetas e extrair outras informações das suas condições físicas. Algo que não era possível antes de existir o NIRSpec, refere a ESA.
E se dúvidas restassem da eficácia dos instrumentos do James Webb, a ESA partilha esporadicamente imagens fantásticas do universo, captadas pelo vigia espacial. A Tarântula cósmica é um dos exemplos, composta por milhares de jovens estrelas que habitam a região de formação estelar 30 Doradus agora vista pelo “olho clínico” do telescópio espacial James Webb, como nunca havia sido feito até à data. Também ajudou a identificar a atmosfera com dióxido de carbono do exoplaneta WASP-39 b, um planeta gigante que orbita uma estrela semelhante ao nosso Sol, a 700 anos-luz de distância.
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