A missão ainda está a alguns anos de distância, mas para garantir que tudo vai correr pelo melhor há que ir preparando o terreno e afinar pormenores. É isso que a ESA e a NASA pretendem assegurar na sua missão conjunta a Vénus.
Denominada EnVision, a missão liderada pela Agência Espacial Europeia envolve o lançamento de uma espaçonave do tamanho de uma carrinha no início de 2030 com o objetivo de investigar os mistérios do “planeta irmão”, desde o núcleo interno até à atmosfera e obter mais informações sobre a sua evolução.
Vénus é apontado como o planeta o mais parecido com a Terra em termos de tamanho, composição e distância do Sol e já teve um clima semelhante, há milhares de milhões de anos. No entanto, as teorias existentes sugerem que a sua evolução tomou um rumo diferente deixando-o inabitável de tão incrivelmente quente.
A grande pressão atmosférica faz de Vénus uma verdadeira fornalha capaz de derreter a coisa mais resistente que seja possível imaginar. Só chegar perto da atmosfera do planeta será uma missão bastante arriscada e é por isso que para se posicionar, a espaçonave terá de fazer uma “aerotravagem”.
A manobra consiste na redução da órbita ao nível da parte superior da atmosfera, usada noutras circunstâncias, seja em Marte ou em qualquer outro planeta próximo à Terra. No caso de Vénus, a EnVision seguirá uma órbita altamente elíptica, que a colocará a 130 km acima da superfície do planeta no ponto mais próximo e a 250 mil km no ponto mais distante.
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Para reduzir a altitude orbital a ideia é desacelerar gradualmente a espaçonave através de uma série de passagens na atmosfera venusiana, que deverão prolongar-se por dois anos. “Da forma como está a ser planeada atualmente, a missão não se realiza sem a fase de travagem ter essa duração”, explica Thomas Voirin, diretor de operações da missão, citado pela ESA.
Há, no entanto, outras condições no planeta da deusa do amor que tornam tudo ainda mais difícil: a gravidade é tão forte que a EnVision pode ser puxada e destruída, já para não falar do oxigénio atómico e da pressão atmosférica. Recapitulando, a atmosfera de Vénus é extremamente pesada e tóxica com nuvens de ácido sulfúrico e a intensa temperatura da superfície, que chega a 477°C, não permite a existência de água em estado líquido. Além disso, a pressão atmosférica é mais de 90 vezes a da Terra ao nível do mar.
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