A NASA anunciou que prolongou a vida útil da Voyager 2 e vai manter os seus instrumentos científicos ligados por mais alguns anos, face ao que foi definido anteriormente. Lançada em 1977, com umas semanas de diferença da sua gémea Voyager 1, a nave espacial tem agora a “reforma” que devia acontecer este ano adiada para 2026.
Ambas as sondas são alimentadas por geradores termoelétricos de radioisótopos que convertem o calor do plutónio em decomposição em eletricidade. À medida que essa fonte de energia se tornou mais fraca, foram sendo desligados instrumentos não essenciais, como as câmaras e aquecedores, para economizar energia.
Mesmo com a nave a mais de 19 mil milhões de quilómetros da Terra, no espaço interestelar, a equipa da NASA acabou por conseguir com que a Voyager 2 usasse uma pequena reserva de energia, guardada como parte de um mecanismo de segurança projetado para atuar em caso de mau funcionamento devido a variações de tensão.
“As variações de tensão representam um risco, mas é um risco baixo, e esta alternativa oferece uma grande compensação por poder manter os instrumentos científicos a funcionarem por mais tempo”, refere Suzanne Dodd, diretora de projeto da Voyager no JPL, em comunicado de imprensa.
“Estamos a monitorizar a nave há algumas semanas e parece que a nova abordagem está a funcionar”.
Se continuar a correr bem, a técnica também pode vir a ser aplicada à Voyager 1, embora a sonda não esteja a consumir tanta energia como a Voyager 2, pois um dos seus cinco instrumentos científicos parou de funcionar logo após o lançamento. A decisão de poupança extra só vai ser tomada no próximo ano.
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O ambicioso programa espacial da NASA começou no verão de 1977, primeiro com o lançamento da sondac, a 20 de agosto, e, duas semanas depois, do da “gémea” Voyager 1, a 5 de setembro, aquele que é o objeto espacial criado pelo homem que mais distante ficou da Terra.
Veja o vídeo de lançamento da Voyager 2
As duas Voyager foram enviadas com a principal missão de estudar de perto os quatro gigantes gasosos que orbitam o Sol, além do Cinturão de Asteroides: Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno.
Originalmente, foram construídas para durarem cerca de apenas cinco anos e para recolherem só informação sobre Júpiter e Saturno, pois seria demasiado dispendioso prepará-las para visitarem também Urano e Neptuno. Surpreendentemente, as duas sondas acabaram por durar (muito) mais do que o esperado e conseguiram fazer “o pleno” dos gigantes gasosos.
Embora permaneçam na vanguarda da exploração espacial, as sondas gémeas são autênticas “cápsulas do tempo” da sua época: têm cerca de três milhões de vezes menos memória do que um telemóvel atual e transmitem dados cerca de 38.000 vezes mais devagar do que uma ligação de internet 5G.
São igualmente conhecidas por carregarem, cada uma, um disco de cobre coberto de ouro de 30 centímetros de diâmetro onde está registada informação sobre a vida na Terra. Entre os dados integrados estão fotografias, sons ambiente, músicas e saudações em 55 línguas diferentes - incluindo uma em português.
Outro feito que ninguém lhes tira é serem, até agora, as únicas sondas a operarem fora da heliosfera, a bolha protetora de partículas criada pelo campo magnético do Sol onde residem os planetas, explorando o oceano galáctico do espaço interestelar.
Os investigadores que integram a equipa, alguns deles mais jovens que as duas naves espaciais distantes, estão a combinar as observações das Voyager com dados de missões mais recentes para obterem uma imagem mais completa do nosso Sol e de como a heliosfera interage com o espaço interestelar.
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