Um grupo de jovens investigadores portugueses está envolvido no desenvolvimento de um projeto para o programa Mars One, que quer levar terrestres para Marte. Mas o contributo que o grupo Seed quer dar é ao nível da vida vegetal: germinar a primeira planta terrestre em Marte.



Um dos elementos do grupo de investigação, Daniel Carvalho, explicou em conversa com o TeK que o objetivo é fazer chegar até Marte uma mini-estufa que vai ajudar a perceber as dificuldades que podem existir no cultivo de vida vegetal no planeta vermelho.



O projeto Seed consiste em duas estruturas: uma que vai tratar do suporte básico de vida e crescimento da planta e outro que vai assegurar a sua proteção. Arabidopsis thaliana, da família da couve e da mostarda, é a semente escolhida para a investigação, mas no futuro podem ser usadas sementes de qualquer leguminosa.



Só a partir do momento em que o rover da Mars One chegar a Marte é que será dada a ordem de início de crescimento da planta. Depois a evolução da mesma será acompanhada através da captação de fotografias que serão depois enviadas para a Terra para posterior análise.



O Seed terá que conseguir ultrapassar algumas dificuldades como os sistemas de controlo de temperatura, de pressão e de radiação, bem como a atmosfera muito rica em dióxido de carbono.



“Não há informação de como os seres vivos se comportam em Marte. E este trabalho tem potencial para perceber como as plantas se comportam e como crescem. É uma experiência simples, mas importante”, detalhou o estudante de bioengenharia dizendo que o Seed pode ajudar a perceber os fundamentos daquelas que será a agricultura interplanetária.



Daniel Carvalho mostra-se já satisfeito por o projeto da equipa constar entre os dez finalistas, tendo ultrapassado duas fases de concurso: “a seleção dá credibilidade às equipas e todas têm potencial”.



Mas destes dez projetos universitários apenas um será escolhido, aquele que terá lugar na primeira missão da Mars One. A escolha está a cargo do público e os jovens portugueses também apelam ao voto, sobretudo ao que pode ser feito através da plataforma oficial da missão:





Mas assumindo o cenário negativo: caso o Seed não seja o projeto escolhido, há hipótese de o desenvolvimento avançar, talvez em parceria com a Agência Espacial Europeia? Daniel Carvalho considera difícil devido ao valor do financiamento necessário.



O projeto Seed precisará sempre de um valor superior a cem mil euros, isto sem contar com toda a logística espacial que será fornecida pela Mars One. Mas como um desenvolvimento de um conceito semelhante pode também chegar aos 500 mil ou ao milhão de euros, então será pouco provável ver o projeto avançar a não ser nesta oportunidade.



Mas o grupo de investigadores portugueses conta com o apoio de alguns nomes internacionais, como o professor Jacobus van Loon que já tem experiência no estudo do comportamento da vida vegetal fora da Terra, neste caso na Estação Espacial Internacional (ISS), para tentar convencer os internautas.



Devido às exigências de participação a equipa Seed já tem todo o projeto estruturado, faltando apenas a “luz verde” da iniciativa Mars One para que comece a ser desenvolvido.



Feijões em Marte? Sim, é possível.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico