As zonas húmidas estão entre os ecossistemas mais produtivos e biologicamente diversos, alojando 40% das espécies vegetais e animais de todo o mundo, que aí se reproduzem.

Além de serem responsáveis pela manutenção da biodiversidade em todo planeta, pântanos, várzeas, rios, pantanais, charcos, estuários, entre outros, oferecem uma multiplicidade de benefícios que passam pela purificação e regulação de ciclos biogeoquímicos.

Agindo como esponjas naturais, protegem contra inundações e secas, mantendo intacta a linha costeira e ainda funcionam como um meio vital de armazenamento de carbono, mitigando os efeitos das alterações climáticas. Por todas as vantagens que lhes estão associadas, preocupa que estejam a desaparecer a um ritmo alarmante.

Dados recentes indicam que o planeta tenha perdido muito perto de 35% de todas as zonas húmidas entre 1970 e 2015, principalmente a partir de 2000. Estas áreas estarão a desaparecer três vezes mais rápido do que as florestas.

Para contrariar a tendência foi criado o projeto GlobWetland Africa, da ESA, em colaboração com a equipa africana da Convenção de Ramsar, que mostra como as observações de satélite podem ser utilizadas para ajudar na conservação, uso inteligente e gestão eficaz das zonas húmidas em África.

Os mapas combinam observações óticas e de radar usando conjuntos de dados de longa data das missões Copernicus Sentinel-1 e Sentinel-2, juntamente com a missão Landsat, da NASA.

O conjunto de ferramentas associado a este projeto pode dar apoio na resposta a perguntas como “qual é a extensão da zona húmida e como mudou ao longo do tempo? A área está ameaçada pela urbanização, agricultura ou aquicultura? Existem sinais de deterioração da qualidade da água, como eutrofização ou grandes cargas de sedimentos?

Os novos mapas gerados através do projeto GlobWetland Africa têm, por exemplo, mostrado a dinâmica da água e das áreas húmidas no Uganda, especificamente quanto ao Lago George.

Já o rio Ogooué no Gabão, o quarto maior rio da África em volume de descarga e captação, abriga importantes zonas húmidas. No entanto, não é monitorizado em grande parte e a falta de observações representa um desafio significativo para os esforços da sua conservação e gestão eficaz.