A Comissão Europeia apresentou hoje a sua visão para a transformação digital da Europa até 2030. Para traduzir as ambições da próxima década, Bruxelas apresenta uma “bússola” com quatro pontos cardeais, que serão fundamentais para garantir uma transformação bem-sucedida, assim como uma “transição para uma economia neutra, circular e resistente”.
A visão apresentada dá seguimento à proposta apresentada por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, em setembro de 2020 que visa tornar os próximos anos na "Década Digital" da Europa, responde ao apelo do Conselho Europeu para a elaboração de orientações para a digitalização e tem por base a estratégia digital que a Comissão apresentou em fevereiro de 2020.
Em comunicado, a presidente da Comissão Europeia, afirma que “a pandemia expôs o quão cruciais são as tecnologias digitais para o trabalho, estudo e interações”, reforçando a mobilização de recursos para o investimento na transformação digital através do novo orçamento plurianual e do Mecanismo de Recuperação e Resiliência.
Para atingir os objetivos propostos, a Comissão avança que "promoverá o rápido lançamento de projetos plurinacionais", que "combinem investimentos do orçamento da UE, dos Estados-Membros e da indústria, tirando partido do Mecanismo de Recuperação e Resiliência e de outras fontes de financiamentos", de modo a "colmatar melhor as lacunas em termos de capacidades críticas".
Quais são as metas da "bússola" digital da Comissão Europeia?
- "Cidadãos dotados de competências digitais e profissionais do setor digital altamente qualificados"
De acordo com o plano delineado pela Comissão, o primeiro ponto cardeal relaciona-se com a digitalização da população. Até 2030, pelo menos 80% de todos os adultos europeus devem ter competências digitais básicas, com o número de profissionais a trabalhar na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) a ascender aos 20 milhões, sem esquecer a presença feminina no sector.
- "Infraestruturas digitais seguras, eficazes e sustentáveis"
Os objetivos do segundo ponto envolvem a cobertura de todas as áreas povoadas da União Europeia por redes 5G. O objetivo surge depois de Bruxelas ter falhado a meta comunitária de ter esta tecnologia em pelo menos uma cidade por Estado-membro até final de 2020.
Recorde-se que o mais recente relatório do Observatório Europeu para o 5G deu a conhecer que 23 dos 27 membros da União Europeia tinham lançado serviços comerciais de redes móveis de quinta geração, com exceção de Portugal, Chipre, Lituânia e Malta.
Ainda neste ponto, a Comissão prevê que a produção europeia de semicondutores passe a representar 20% do total mundial, de modo a reduzir a dependência de outros países, e que a Europa tenha o seu primeiro computador quântico.
- "Transformação digital das empresas"
No que respeita às empresas, o terceiro ponto da “bússola” indica que, até 2030, três em quatro organizações deverão recorrer a serviços de computação na Cloud, assim como a Big Data e Inteligência Artificial. Até a mesma data, mais de 90% das PME deverão ter, pelo menos, um nível de digitalização base e o número de startups “unicórnio” europeias deverá duplicar.
- "Digitalização dos serviços públicos"
Por fim, o quarto ponto refere-se à digitalização dos serviços públicos. Bruxelas pretende que todos os Estados-Membros tenham serviços públicos online, que todos os cidadãos tenham acesso aos seus registos médicos eletrónicos e que 80% da população passe a usar soluções de identificação digital.
A Comissão Europeia explica que a adoção da "bússola" será seguida de "uma consulta estruturada sobre as metas e as orientações e de uma consulta aberta sobre os princípios digitais". Através das consultas, Bruxelas ambiciona fazer progressos com outras instituições tendo em vista uma Declaração de Princípios Digitais até ao final de 2021, assim como propor um Programa de Política Digital que operacionalize as Orientações para a Digitalização no terceiro trimestre de 2021.
Em janeiro deste ano foi assinada uma declaração conjunta para a Década Digital, a “Leading the Way to Europe’s Digital Decade” pelos Estados-Membros que fazem parte do grupo informal D9+, os quais contam comm melhor classificação no Índice Anual de Economia e Sociedade Digital (DESI) da Comissão Europeia e do qual Portugal faz parte.
Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação. (Última atualização 19h26)
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