É uma história de mais de 4,5 mil milhões de anos que chega agora às mãos dos cientistas, guardada numa capsula que foi transportada pela sonda OSIRIS-REx, numa viagem de mais 6,2 mil milhões de quilómetros numa viagem que começou há mais de 7 anos. A chegada ontem das amostras do asteroide milenar trazem novas expectativas sobre a descoberta da formação de planetas, a oridem de elementos orgânicos e da água que podem ter "semeado" a vida na Terra.

A estimativa é que as amostras contenham cerca de 250 gramas de poeira do asteroide Bennu, que depois da aterragem no deserto do Utah, onde foram guardadas numas instalações seguras provisórias, são transportadas hoje para o Johnson Space Center em Houston.

Veja as imagens da chegada as amostras ontem às 15h52 de Portugal continental

Foi assim que a equipa de missão recebeu a confirmação da aterragem, numa missão que foi considerada como "perfeita".

A NASA tem em curso várias missões para recolha de materiais de asteroides, entre as quais a DART que celebra agora um ano, e a aproximação da Luxy prevista para novembro, assim como o lançamento da Psyche nas próximas semanas. É um "outono asteroide" em força, como sublinhou Bill Nelson, administrador da NASA. 

Apesar de esta ser a primeira vez aque a agência espacial norte americana faz chegar à Terra amostras de um asteroide, esta não é uma missão inédita. A sonda Hayabusa 2 da agência japonesa JAXA visitou o asteróide Ryugu e em 2020 trouxe amostras recolhidas no espaço, mas em pequena quantidade.

Uma chegada planeada ao centímetro

A NASA transmitiu online ontem toda a série de manobras que permitiram a “entrega” das amostras do asteroide Bennu pela sonda OSIRIS-REx. A transmissão começou às 15h00 de Lisboa e estendeu-se até perto das 19 horas e o acompanhamento foi feito numa transmissão online.

A sonda ficou a 250 quilómetros da superfície terrestre para libertar a cápsula com as amostras, que caiu de paraquedas numa área militar no deserto do Utah, Estados Unidos.

"Bem-vinda a casa", foi a frase com que Noelia González, da equipa de comunicação da NASA, assinalou o momento da chegada. No Twitter a referência é para "a sua encomenda foi entregue".

O primeiro passo foi garantir que a OSIRIS-REx se aproximava da Terra como planeado. Se estivesse mal posicionada, podia escapar da atmosfera terrestre ou entrar com demasiada velocidade, e assim incendiar-se e ficar destruída.

A NASA diz ter usado modelos de computador para testar planos de navegação em vários cenários, envolvendo as condições meteorológicas, atividade solar e detritos espaciais para garantir que, quando a cápsula entrasse na atmosfera da Terra, tocasse o solo dentro da área alvo 13 minutos depois.

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Trajetória e velocidade controladas, depois de a cápsula das amostras pousar decorreu uma corrida contra o tempo para recuperá-las e colocá-las em segurança.

As equipas de recuperação são responsáveis por proteger o local de pouso da cápsula de retorno da amostra e transportá-la de helicóptero para uma sala limpa portátil, instalada no local. Além disso, são recolhidas amostras de solo e ar em redor da cápsula de pouso, que ajudarão a perceber se o material foi de alguma forma contaminado, mesmo que infimamente.

Veja o vídeo preparado pela NASA

Após a chegada da cápsula à sala limpa temporária, no novo laboratório construído de propósito no Johnson Space Center da NASA, foi removido o escudo térmico, o invólucro traseiro e outros componente para preparar o recipiente de amostra para transporte para Houston.

O retorno à Terra das amostras do asteroide Bennu é o culminar de um esforço de mais de 12 anos da missão, mas marca o início de uma nova fase de descoberta, já que a comunidade cientifica dedicará a sua atenção à análise deste material único e precioso que data do início da formação do nosso sistema solar.

Depois da entrega das amostras de Bennu, a OSIRIS-REx vai seguir viagem com outro destino como alvo: estudar o antes assustador asteroide Apophis - entretanto retirado da lista de rochas que ameaçavam “chocar” com a Terra este século.