Através do Very Large Telescope (VLT) do ESO, uma equipa de investigadores conseguiu descobrir, pela primeira vez, as “impressões digitais” deixadas pela explosão das primeiras estrelas do Universo. As conclusões dos especialistas são agora apresentadas num estudo publicado na revista Astrophysical Journal.
Em comunicado, o ESO detalha que os investigadores acreditam que as primeiras estrelas que se formaram no Universo tinham uma composição diferente das que vemos atualmente. Há 13,5 mil milhões de anos, as estrelas primordiais, que podem ter sido dezenas ou centenas de vezes mais massivas do que o nosso Sol, eram compostas apenas por hidrogénio e hélio.
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Estas estrelas morreram rapidamente e, ao explodirem em supernovas, enriqueceram pela primeira vez o gás circundante com elementos mais pesados. As gerações de estrelas que se seguiram foram formadas a partir deste gás. Por sua vez, ao morrerem, também ejetaram elementos mais pesados no meio interestelar.
Como explica Stefania Salvadori, Professora Associada da Universidade de Florença e co-autora do estudo, “as estrelas primordiais podem ser estudadas de forma indireta através da detecção dos elementos químicos que dispersaram no seu meio após a sua morte".
Com os dados recolhidos através do VLT, no Chile, a equipa de especialistas foi capaz de detetar três nuvens de gás distantes, observadas quando o Universo tinha apenas 10-15% da sua idade atual, com uma “impressão digital” química que corresponde ao que se espera das explosões das primeiras estrelas.
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Tendo em conta as variações de massa das estrelas primordiais e da energia das explosões, as primeiras supernovas libertaram diferentes elementos químicos, como carbono, oxigénio e magnésio, presentes nas suas camadas exteriores.
Uma vez que a presença de ferro tornaria difícil ter a certeza de que o material corresponderia a explosões estrelas primordiais, os investigadores procuraram por nuvens de gás pobres neste elemento e mais ricas noutros. As nuvens de gás detetadas contam com pouco ferro, muito carbono e outros elementos, o que corresponde à “impressão digital” das explosões das primeiras estrelas.
Esta composição química é também observada em estrelas que são vistas como de "segunda geração" e que se formaram diretamente a partir dos elementos deixados pelas primeiras.
"A nossa descoberta abre novos caminhos no estudo indireto da natureza das primeiras estrelas, complementando plenamente os estudos de estrelas da nossa Galáxia", explica Stefania Salvadori.
Além de ajudar a compreender a natureza das primeiras estrelas que se formaram após o Big Bang, os investigadores indicam que o estudo abre novas perspetivas para a próxima geração de telescópios e instrumentos, como o Extremely Large Telescope (ELT) do ESO e o espectrógrafo de alta resolução ANDES (ArmazoNes high Dispersion Echelle Spectrograph).
Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação (Última atualização: 13h21)
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