Cientistas do Jet Propulsion Laboratory, da NASA, estão a testar uma nova tecnologia para detetar, de forma rápida, catástrofes naturais e mais precisamente tsunamis : as ondas mais mortais dos oceanos.

Chamado GUARDIAN - GNSS Upper Atmospheric Real-time Disaster Information and Alert Network, o sistema de monitorização em experiência explora dados de clusters de GPS e outros satélites de orientação que orbitam a Terra.

Conjuntamente, tais aglomerados são conhecidos como sistemas globais de navegação por satélite, ou GNSS. Os sinais de rádio viajam para centenas de estações científicas terrestres espalhadas pelo mundo e os dados são analisados pela rede Global Differential GPS (GDGPS) do JPL, que melhora a precisão posicional em tempo real em cerca de 10 centímetros.

Assista à animação que mostra as ondas de energia do terramoto e tsunami Tohoku-Oki, de 11 de março de 2011, "vistas" pela NASA

O novo sistema analisa os sinais em busca de pistas da existência de um tsunami num qualquer lugar da Terra. Mas como funciona? A NASA explica que durante um tsunami, muitos quilómetros quadrados da superfície do oceano podem subir e cair quase em uníssono, deslocando uma quantidade significativa de ar acima dela.

O ar deslocado ondula em todas as direções na forma de som de baixa frequência e ondas de gravidade. Em alguns minutos, essas vibrações atingem a camada superior da atmosfera: a eletricamente carregada ionosfera.

O choque resultante de ondas de pressão com partículas carregadas pode distorcer os sinais dos satélites de navegação próximos, mesmo que ligeiramente e, embora as ferramentas de navegação consigam geralmente corrigir tais distúrbios ionosféricos, os cientistas pretendem agora usá-las como um alarme salva-vidas, nota Léo Martire, investigador do JPL que desenvolve o GUARDIAN.

“Em vez de encararmos a situação como um erro, corrigindo-a, usamo-la como informação para assinalar situações de catástrofes naturais”, refere Léo Martire.

A tecnologia ainda está numa fase de amadurecimento e os dados lançados quase em tempo real devem ser interpretados por especialistas treinados para identificarem sinais de tsunamis, mas tal não impede que já seja uma das ferramentas de monitorização mais rápidas do seu tipo. Neste momento, pode produzir uma espécie de instantâneo do estrondo de um tsunami a atingir a ionosfera em 10 minutos.

O objetivo é que o GUARDIAN um dia possa ser complementar aos instrumentos terrestres e oceânicos de alerta existentes, como sismómetros, boias e medidores de maré, que indicam a a magnitude e as características do terramoto para entenderem a probabilidade de existência de um tsunami.

O sistema em teste está atualmente focado no Círculo de Fogo geologicamente ativo do Oceano Pacífico, uma região onde ocorreram 78% dos mais de 750 tsunamis confirmados entre 1900 e 2015.

A equipa do GUARDIAN está a desenvolver uma plataforma para permitir que os especialistas explorem o estado da ionosfera quase em tempo real, analisando as ligações de estações de satélite individuais na rede GNSS. Será possível aceder aos dados de cerca de 90 estações em redor do Círculo de Fogo do Pacífico e descobrir sinais de interesse poucos minutos após a ocorrência de um evento.

A intenção é alargar a cobertura do sistema a um ponto em que possa sinalizar automaticamente tsunamis e outras catástrofes naturais, incluindo erupções vulcânicas e terramotos.

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