Vai arrancar a construção daquele que é anunciado como o maior radiotelescópio do mundo, dividido em duas infraestruturas, localizadas na Austrália e na África do Sul. Vai custar 2 mil milhões de euros e estará em condições de funcionar em pleno antes do final da década.
O SKAO (abreviatura para Observatório SKA - Square Kilometre Array) vai gerir a mais avançada rede de telescópios alguma vez construída, gerida por um grupo de países onde se inclui Portugal, um dos membros-fundadores do Observatório.
O projeto começou a ser desenhado há três décadas, mas foi nos últimos sete anos que juntou mais de 500 especialistas de cerca de 20 países, para desenvolverem e testarem as tecnologias que vão ser usadas para operar os telescópios.
Onze consórcios internacionais que representam mais de 100 instituições, entre laboratórios de investigação, universidades e empresas, desenharam o sistema de antenas, redes software e infraestruturas necessárias ao funcionamento dos telescópios. O arranque dos trabalhos de construção da infraestrutura foi aprovado há dias na reunião do conselho do Observatório SKA, com sede no Reino Unido, e anunciada esta terça-feira.
“Hoje, a humanidade está a dar outro salto gigantesco ao comprometer-se a construir aquela que será a maior instalação científica do seu género no planeta; não apenas uma, mas a duas das maiores e mais complexas redes de radiotelescópios, concebidas para desbloquear algumas das segredos mais fascinantes do nosso Universo”, destaca Philip Diamond, diretor-geral do SKAO, na nota do anúncio.
Para Portugal e para as empresas portuguesas, o projeto é uma oportunidade, já que nos próximos meses vão ser lançados concursos nos vários Estados-membros para escolher fornecedores para o projeto.
Para saber mais sobre o SKAO, veja as perguntas e respostas abaixo e as imagens criadas pelo Observatório para mostrar o que vai ser implementado.
O que é o SKAO?
O SKA Observatory foi criado com o objetivo de construir e gerir uma rede de telescópios capaz de ajudar a descobrir os mistérios do universo, com uma capacidade de recolha de dados e observação que será a mais avançada do mundo. É uma colaboração entre sete Estados-membros. A sede do Observatório é em Londres
Quem integra este Observatório?
Há sete Estados-membros fundadores: Portugal, Austrália, China, Itália, Países Baixos, África do Sul e Reino Unido. Há também nove países observadores, que integram o conselho que agora decidiu avançar para a construção nessa condição. São eles: Suíça, Canadá, França, Espanha, Alemanha, Índia, Suécia, Japão ou Coreia do Sul.
Quanto vão custar os dois telescópios?
A construção dos dois telescópios e de todas as operações necessárias para os colocar em funcionamento vai custar 2 mil milhões de euros, até 2030. Para a construção vão 1,3 mil milhões de euros. Para os 10 primeiros anos de operações 700 milhões.
Próximos passos?
A partir de agosto vão ser lançados 70 concursos nos vários Estados-membros do SKAO, para selecionar os prestadores de serviços para o projeto. Os primeiros estudos de mercado foram já realizados, nas últimas semanas. No terreno, as primeiras atividades estão previstas para o início do próximo ano, altura em que arrancará a construção propriamente dita dos telescópios.
Como vai ser usado o SKAO?
A infraestrutura do Observatório SKA vai abrir novas oportunidades em áreas de investigação como a formação e desenvolvimento de galáxias ou as origens da vida. Os radiotelescópios conseguem revelar áreas do espaço pouco visíveis, detetar ondas de rádio emitidas pelos mais diversos objetos no universo e explorá-las. As capacidades do SKA podem ser um marco importante também, por exemplo, para endereçar desafios globais da sociedade na área da sustentabilidade e outros, em linha com os objetivos do milénio das Nações Unidas. Telescópios do mesmo género, como o Arecibo em Porto Rico, que no final do ano passado colapssou, foram peças chave para descobrir, por exemplo, os primeiros exoplanetas.
Que capacidade tem a infraestrutura que vai ser montada?
Os dois telescópios que o SKAO vai gerir designam-se por SKA-Low e SKA-Mid, que classificam os tipos de radiofrequências cobertas por cada um. Combinam 197 pratos na África do Sul e 131 mil antenas na Austrália. Em conjunto, estas infraestruturas vão ocupar uma área de um quilómetro quadrado, a maior do mundo para um radiotelescópio deste tipo. Quando estiverem totalmente operacionais, os dois telescópios vão fornecer aos cientistas, todos os anos, 710 Petabytes de dados científicos, qualquer coisa como 1.125.899.906.842.624 bytes de informação.
Quando vão estar operacionais os dois telescópios?
A montagem das matrizes dos dois telescópios vai decorrer por fases. A primeira deve estar concluída no primeiro trimestre de 2024 e a quinta no quarto trimestre de 2027. O ano seguinte será dedicado a testes e o final da construção está previsto para 2029.
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