O diretor geral da Agência Espacial Europeia (ESA), Josef Aschbacher, defendeu que se separe "a cooperação espacial da situação política", quando questionado numa conferência de imprensa virtual sobre o impacto que poderia ter no programa de exploração marciana uma eventual invasão da Ucrânia pela Rússia.
Os programas espaciais demoram décadas e a cooperação com a Rússia na Estação Espacial Internacional não foi afetada pelos acontecimentos na Terra, nomeadamente a tensão na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia.
No leste da Ucrânia, desenrola-se há vários anos um conflito armado entre forças militares ucranianas e separatistas russos. Do outro lado, há cerca de 100 mil tropas russas alinhadas para o que Moscovo insiste serem exercícios militares, criticando o que considera ser a agressividade ocidental.
"O veículo-robot está pronto, e em função do teste bem-sucedido dos paraquedas, temos certeza de que estará pronto para a data de lançamento em setembro", afirmou o chefe de equipa do projeto ExoMars, Pietro Baglioni.
Durante 2021, o veículo Rosalind Franklin, assim chamado em homenagem à química britânica que investigou a estrutura do ADN, foi sujeito a manutenção e testes, aprontando os instrumentos para o voo e simulando a saída da plataforma de lançamento.
O lançamento está programado para um período de dez dias em que os movimentos dos planetas permitem a viagem a Marte mais curta possível - cerca de nove meses -, algo que só acontece a cada dois anos e que em 2022 estará disponível entre 20 de setembro e 01 de outubro.
Todo o material está por enquanto numa sala à prova de pó na sede de uma das fabricantes, a franco-italiana Thales Alenia Space, incluindo o veículo, módulo de descida e a plataforma de aterragem. Falta carregar todo o programa informático que o fará funcionar e após um exame final nos últimos dias de março, deverá ser levado para o local do lançamento, em Baikonur, Cazaquistão, para ser preparado para a descolagem.
Josef Aschbacher notou que a ESA procura uma solução o mais rápida possível para a lacuna de 750 milhões de euros no orçamento do sistema de observação por satélite Copernicus, deixada pela saída do Reino Unido da União Europeia, mas que não cancela para já nenhuma das suas missões programadas.
O responsável queixou-se ainda da diferença de orçamento espacial entre a Europa, que em 2019 teve 735 milhões de euros, e os Estados Unidos, que tiveram 12,2 milhões, lamentando que assim a Europa nem possa pensar em levar seres humanos a Marte.
Um dos projetos para este ano é a estreia de dois novos foguetões, o Vega C, programado para abril, e o Ariane 6, cujo lançamento inaugural foi adiado para o terceiro trimestre. Ainda em 2022, estão previstos mais dois lançamentos para o sistema de navegação por satélite Galileu. O objetivo da missão ExoMars é investigar potenciais vestígios de vida antiga no planeta.
Para os testes de simulação no terreno, a equipa da agência usa um aparelho igual ao que será lançado para Marte, experimentando manobras como as que terão de ser feitas no solo marciano e perfuração, com capacidade chegar 1,7 metros abaixo da superfície.
A chegada à superfície de Marte está prevista para 10 de junho de 2023 numa zona chamada Oxia Planum, escolhida por ser relativamente plana e conter minerais que se crê terem estado debaixo de água.
Na órbita de Marte está já um veículo operado em conjunto pela agência europeia e pela russa Roscosmos, que aguarda a chegada do veículo-robot e que transmite para a Terra os dados recolhidos pelo robot de exploração da NASA, o Perseverance, na superfície do planeta. Já em Marte está também o veículo de exploração chinês, Zhurong.
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