A sonda viajou mais de 1,1 milhões de km para atingir a aproximação certa ao solo da Lua, numa missão que estava programada para aterrar no planalto Mar do Frio, onde a ispace pretendia colocar o primeiro rover lunar de fabrico europeu, o Tenacious. Ontem todos os olhos estavam colocados na missão mas pouco antes do momento da alunagem, quando faltavam cerca de dois minutos para a hora prevista, a equipa perdeu a comunicação com a sonda.

Algumas horas depois a empresa comunicava que a última fase da missão não tinha sido bem sucedida. A missão estava a ser acompanhada online e a ispace reuniu mais de 500 pessoas numa sala para aquele que era considerado o momento chave da chegada à Lua, mas a desilusão nos rostos era evidente.

Num post publicado na rede social X, a ispace escrevia: "Às 8h00 do dia 6 de junho de 2025, os controladores da missão determinaram que é improvável que a comunicação com o módulo de aterragem seja restaurada e, portanto, a conclusão do Sucesso 9 [a última fase da aproximação] não é possível. Foi decidido concluir a missão".

Aparentemente o insucesso não tem impacto nos planos futuros da empresa, que incluem novas missões à Lua, como garantiu o CEO da ispace.

“Como atualmente não há perspetiva de uma alunagem bem-sucedida, a nossa principal prioridade é analisar rapidamente os dados de telemetria que obtivemos até agora e trabalhar diligentemente para identificar a causa”, disse Takeshi Hakamada, fundador e CEO da ispace.

A indicação é que a sonda não terá conseguidos desacelerar e medir convenientemente a distância em relação ao solo na sua aproximação, para conseguir abrandar e colocar-se na posição correta para a alunagem. A perda de comunicação terá tido impacto na capacidade de fazer a aproximação e a sonda acabou por se despenhar na Lua.

Veja as imagens da missão

O módulo lunar Resilience, que transportava mais de 16 milhões de dólares de carga, incluindo um rover e equipamento experimental, descolou do Cabo Canaveral, na Florida, em janeiro, como parte de uma missão para alcançar o hemisfério norte da Lua. A empresa pretendia juntar-se à Firefly Aerospace na lista de missões comerciais que conseguiram "colocar mais uma pegada na Lua" depois das missões da NASA, da China e da Índia.

O módulo de aterragem entrou na órbita lunar no início de maio para preparar a aproximação à Lua e o objetivo era fazer experiências para os parceiros comerciais e institucionais da missão, pelo que a Resilience transportava várias cargas científicas e culturais, como um dispositivo de eletrólise de água lunar, um módulo de produção de alimentos lunar e uma sonda de radiação do espaço profundo.

Esta é a segunda tentativa da ispace de aterrar na Lua. Em abril de 2023 a primeira missão, a 1 HAKUTO-R, também perdeu as comunicações e não conseguiu fazer uma aterragem controlada. Foram feitas alterações de software para esta nova missão mas o design do Resilience manteve-se praticamente inalterado.

Veja as imagens da missão 1 HAKUTO-R da ispace

A ispace já está a preparar uma nova missão para 2027, com um rover de maior dimensão, e que faz parte do programa Artemis da NASA. A empresa tem um calendário de mais seis missões projetadas com os Estados Unidos e o Japão até 2029.